Das Mädchen in Rot - Chpt 7 [Portuguese - BR]
Das Mädchen in Rot [Portuguese - BR]
Descrição:
Das Mädchen in Rot (Alemão: A Garota de Vermelho) é uma adaptação sombria da história original escrita por Charles Perrault e os Irmãos Grimm. A adaptação conta a história de Nella, uma jovem que vivia com sua família em uma tribo e cujo pai foi morto por um Ser-Lobo negro (é como as tribos chamam os lobisomens) enquanto ele e um amigo salvavam a jovem Nella. Após atingir a maioridade, Nella foi convocada para fazer parte de um culto onde as mulheres adultas vestem um manto vermelho e partem da tribo para a casa da Grande Mãe para receber a bênção dos ancestrais, a fim de manter os Seres-Lobo longe da tribo. De acordo com a Anciã, a casa da Grande Mãe fica nas profundezas da floresta — o mesmo lugar onde os Seres-Lobo e outras criaturas terríveis espreitam, atacando os visitantes que se aventuram sem um pingo de cautela.
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Introdução:
Há cerca de quinze Luas Cheias, uma antiga tribo vivia numa região onde viria ser uma floresta. Essa tribo era conhecida por venerar uma entidade mística cuja forma lembra um lobo.
Quando a primeira Lua Vermelha surgiu no céu, o povo daquela tribo começou a se transformar na imagem da entidade. Ninguém sabia o que aconteceu para eles se tornarem a imagem da entidade, mas diziam que o vento carregava vários uivos pelo mundo inteiro.
Uma noite, um pequeno grupo de caçadores adentraram na floresta à procura de comida. E quando avistaram o primeiro cervo para levá-lo à tribo, um enorme vulto apareceu e devorou três dos caçadores que entraram naquele lugar, restando apenas um deles para contar o que aconteceu. Ele disse que a criatura que matou os outros que foram com ele tinha a forma de um homem, mas a cabeça e pelos de um lobo.
E foi naquele dia que a tribo passou a temer a criatura lobo que atacou o nosso povo na floresta.
Capítulo 7
O sol estava se pondo no horizonte. A floresta cada vez ficava mais fria. Os esquilos saltavam de um galho ao outro a caminho de suas tocas nas árvores. Pássaros voavam por cima do tronco caído no chão. O som que eles faziam ecoavam no interior daquele lugar apertado.
No interior daquele objeto, Nella estava desacordada com os braços cruzados, as mãos cobrindo os ombros e as pernas recolhidas. Ela estava emocionalmente abalada com a revelação da natureza de William e da impossibilidade dela voltar pra casa. Com quase tudo perdido, não restava mais nada a não ser o Matador de Lobos, a espada capaz de matar os monstros que atormentavam a tribo. Porém, como o garoto avisou que os outros lobisomens estavam cientes dela, a viagem até a espada se mostrou difícil.
Em seguida, ela ouviu algo que se aproximava do local em que ela estava. Era sons de alguma criatura que farejava pelo cheiro da garota. E por meio daquele buraco no tronco, surge um focinho branco farejando pela Nella. Era Hvit, enviada a mando de William para protegê-la, já que ele não podia mais após a discussão que tiveram com relação aquela revelação toda.
Hvit farejava o rosto da garota, lambendo o nariz e o rosto dela, acordando-a aos poucos. Nella abriu os olhos para ver. Teve o focinho levemente gelado tocando a pele da garota, e o rosto da loba na visão dela.
“Hvit…” disse Nella, surpresa porém ainda triste.
A loba emitiu um som sereno.
“Você não está aqui pra me levar pro William?”
Hvit emitiu uma resposta um pouco compreensível. Balançou levemente a cabeça pros lados.
Isso aliviou o coração de Nella, sabendo que a loba veio para fazer companhia pra ela. A garota foi aos poucos saindo do tronco, mesmo com dificuldade pelo espaço estreito. Em seguida, abraçou Hvit, sentindo os pelos e o calor emanando dela. Nella e Hvit compartilharam aquele momento de carinho e ternura.
“Hvit, eu tô tão assustada. Eu… eu nem mais pra onde ir.” Disse a garota, chorando mas mantendo a loba perto dela.
Hvit não respondeu. Manteve os olhos fixos no rosto da Garota de Vermelho. Farejava e lambia as lágrimas que escorriam de Nella.
No meio daquele cenário frio e quase escuro, algo chamou a atenção das duas personagens. Algo brilhante em tom azul-claro com predominância o branco.
“Olhe.” Chamou Nella. “Será que são os Espíritos da floresta?”
Hvit latiu, afirmando a fala de Nella. A garota se levantou, aproximando de uma delas. A maioria deles tinha a forma de uma pessoa, precisamente de crianças. Eles vagavam pela floresta durante momentos específicos, com este sendo o primeiro deles que a Nella testemunharia.
A grande pergunta que passou na mente da garota é: São esses mesmos Espíritos que a Anciã comentou que viriam se manifestar e que ajudariam ela na Grande Viagem, caso a Grande Mãe estivesse viva pra prepará-la nessa comunhão?
Em ambos os casos, Nella se aproximou de um Espírito-criança. Estando quase perto, o rosto dela virou, olhando para a Garota de Vermelho. Para a surpresa dela, tinha o rosto da Nella de quando era pequena.
“Espera. Você é…” perguntou ela surpresa. “… eu?”
A criatura espiritual olhava para a moça sem demonstrar reação ou falar. Os outros Espíritos se juntaram ao redor de Nella e Hvit, formando uma espécie de roda. Nella ficou nervosa, olhando para todos eles. Todos emitem a mesma expressão que o outro, brilhando no local que as duas viajantes estavam.
“Hvit, será que isso fazia parte da Grande Viagem?” Perguntou Nella, olhando para aquela roda luminosa formada pelos Espíritos-crianças.
Hvit, em questão, não respondeu. Estava um pouco acuada com aquilo tudo. E quando todos estavam reunidos, o Espírito na forma de Nella como criança se dirigiu à moça.
“Você. Viajou de muito longe para ser a primeira de muitas a nos encontrar.” Disse o Espírito, com um olhar e expressão neutra diante da garota.
Nella ficou surpresa ao ouvir a fala do Espírito. Não eram muitas pessoas que tinham a capacidade de conversar ou de vê-los. “Você… consegue me entender?”
O Espírito-criança balançou a cabeça pra frente. “Sim. Da mesma forma que nós entendemos você.”
“Por favor. Me ajude a encontrar a espada Matador de Lobos. Eu preciso dela pra salvar a minha tribo.” Pediu a jovem garota, trajando a capa vermelha e estendendo a mão esquerda dela até a linha do peito.
Os Espíritos permaneceram quietos, sem se mexerem, sem reagirem diante do pedido de Nella.
“Aquilo que você está procurando é perigoso. Muitas como você arriscaram suas vidas para vir pra cá à procura do Matador de Lobos, mas se perderam no caminho. Muitas não retornaram.”
“Eu sei que a Grande Viagem se mostrou perigosa demais. Enfrentei desafios e obstáculos que nenhum outro teve coragem de fazer. Eu tive ajuda no caminho até chegar aqui. Devo a minha vida por eles.” respondeu Nella, estendendo a mão na cabeça de Hvit, acariciando-a.
“E onde está o outro viajante?”
“O garoto de cabelo castanho.” Disse um dos Espíritos que compunham o círculo.
“Ele…” dizia Nella, ainda sentida pelo acontecido. Imagens da cena que viu William conversando com o Lobisomem de pelagem negra na clareira, da transformação do garoto da fuga dela na qual ele tentou convencê-la a desistir da Grande Viagem. “ … nos separamos. Eu descobri que ele é um lobisomem.”
A entidade espiritual na frente da garota balançou a cabeça pra frente, compreendendo a última fala de Nella.
“Sabemos que você tem sofrido nas mãos dos Seres-Lobos, assim como a sua família e o seu povo.”
“Mas isto não é razão pra você nutrir um temor ou rancor por causa da natureza dele.” completou o outro Espírito no círculo.
“Não?”
“Não. Porque o garoto faz parte da sua vida. Ele precisa da sua ajuda, da mesma forma que você precisa dele.” respondeu o Espírito na forma de Nella.
Nella virou o rosto para trás. Ouvindo a fala de que ela precisaria da ajuda dele como William precisaria da ajuda dela. “Receio que eu já não possa voltar atrás.” respondeu ela, tornando a olhar novamente pro Espírito-criança na forma dela. “Eu sei que a jornada até a espada pode custar a minha vida, mas por favor… me ajude a encontrá-la. Me ajude a salvar a minha família e a minha tribo.”
Os Espíritos olhavam fixamente para o epicentro da roda, na Nella e Hvit. A garota expressava preocupação, enquanto que a súplica dela era transmitida. Posteriormente, tornou a respondê-la.
“Muito bem, Nella. Mostraremos o caminho até a espada. Mas lembre-se: os Seres-Lobos farão de tudo pra impedi-la de recuperar a espada.”
“Eu entendo.” Concluiu a garota, prestando atenção no Espírito, com a Hvit estando do lado dela.
A roda se desfez, com os demais se dirigindo para formar uma espécie de trilha, circulando por entre as árvores. Nella olhou para a loba, com a cabeça dela balançando pra frente como sinal de prosseguir com a Grande Viagem. Sem mais nada a falar, as duas viajantes prosseguem com o caminho iluminado pelos Espíritos.
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Com o anoitecer beirando o horizonte na tribo de Nella, várias pessoas organizavam-se para encerrar as atividades para o toque de recolher. As crianças corriam no pátio para suas casas, com uma delas tropeçando na neve. A mãe dela se aproximou para colocá-la em pé, limpando o casaco de neve e sujeira.
E no meio daquilo, a criança apontou para a entrada da tribo a silhueta de várias pessoas armadas crescendo no horizonte azulado. Algumas delas portavam tochas acesas para iluminar o caminho até a tribo.
As demais pessoas da tribo vinham com surpresa diante da chegada dos caçadores de uma outra tribo. As mães seguravam as crianças para perto delas com receio de que fossem demonstrar alguma reação negativa. O Chefe, descendo do morro com sua capa verde e casaco de lobo cobrindo os ombros dele, teve uma expressão um pouco conturbada, mas disfarçou-a com um leve sorriso.
“Bem-vindo, nobres viajantes de muito longe.” Saudou o homem de idade, de barba e cabelo prateado. Os braços dele estavam abertos enquanto se dirigia ao líder dos caçadores.
Os homens armados com machados, lanças e tochas pararam para receberem o líder da tribo. O loiro se dirigiu ao Chefe, removendo o capacete de madeira com ponta de metal para revelar o rosto repleto de cicatrizes.
“O que os traz para esta humilde tribo?”
“Sou Ulfric, líder dos caçadores.” Introduziu o homem loiro. “Viemos aqui para falar com a Anciã desta tribo.”
“A Anciã está organizando os preparativos para se comunicar com os Espíritos. Receio que ela não possa falar com vocês.” Respondeu o homem da barba e cabelo prateado.
“Soubemos que a sua tribo estava com problemas. E nós viemos ajudá-la.”
O Chefe da tribo sorriu. “Aprecio pela disposição, mas receio que não temos muita coisa para oferecer ou que tenhamos algum problema que necessite de sua ajuda.”
“Ouvimos falar que estão sendo atormentados por criaturas desprezíveis que atacam a noite. Os Seres-Lobos.” disse um dos caçadores, causando uma certa reação súbita nos aldeões.
“Soubemos que eles vieram da floresta e vem causando temor por entre os viajantes, impedindo as rotas comerciais. Por esta razão, nós vamos caçá-los na floresta.” disse Ulfric.
A última fala causou um tumulto entre os aldeões. Todos estavam atônitos, surpresos e assustados, falando quase simultaneamente. Vendo aquilo tudo, o Chefe soltou um grito.
“Silêncio!” A voz dele calou os aldeões. “Ulfric, aprecio que vocês estejam dispostos a acabar com a ameaça dos Seres-Lobos, mas não fazem ideia o quão poderosos eles são. Nem mesmo a coragem de vocês possam ajudá-los a enfrentá-los. Receio que não posso permiti-los de entrarem na floresta.”
A mãe de Nella viu o grupo de caçadores reunidos no pátio. Passava por entre os conhecidos e vizinhos dela para ir na frente.
“Ouvimos falar que vocês realizam peregrinações até o interior da floresta. Jovens garotas que usam capa vermelha à procura da Grande Mãe.” Disse um outro caçador, portando uma lança e um escudo de madeira.
“Vocês o chamam de a Grande Viagem. Estamos certos?” Perguntou Ulfric.
Ouvindo aquilo, o Chefe lançou uma pergunta, cerrando as sobrancelhas com uma curiosidade misturada de descontentamento.
“E como foi que vocês souberam da Grande Viagem?”
Dois caçadores que estavam do lado esquerdo de Ulfric se afastaram, permitindo a passagem do homem encapuzado. Se colocou ao lado do líder dos caçadores, desfazendo do capuz. Muitos aldeões ficaram surpresos em ver aquele rosto. O Chefe, no entanto, não estava feliz. Era o Johann, já em sua idade avançada. Rugas que marcavam o rosto, cabelo grisalho e um pouco magro.
“Johann.” Disse ele descontente. “O que está fazendo aqui?!”
“Aposto que ele fez parte desta tribo. Nos falou tudo sobre vocês e o que está acontecendo aqui.” Disse Ulfric, mantendo o olhar no Chefe.
“O que esse homem fez foi imperdoável. Envergonhou a família dele e o nome dele.”
“Eu fiz o que era certo. Eu não arriscaria a vida da minha filha para a Grande Viagem!” disse Johann.
“Mas você condenou a todos nesta tribo!”
Em seguida, vários aldeões soltaram vaias e xingamentos perante o homem que fugiu.
“Traidor!” gritou uma mulher com sobrepeso.
“Você nos condenou!” gritou o vendedor de potes e vasos.
“Deveria ter ido no lugar de sua filha!” gritou o criador de cabras.
Toda a aldeia xingava Johann. Vários caçadores da outra tribo se reuniam com seus escudos para proteger as laterais de possíveis agressões. Ulfric e o homem ao lado dele permaneceram olhando para o Chefe. Novamente, um outro grito de silêncio veio dele, calando os aldeões.
“Não interessa quais intenções vocês têm para cá. Este homem é a principal fonte de nosso tormento. Por causa dele, perdemos muitas pessoas queridas desta aldeia!” Respondeu ele, apontando o dedo indicador para Johann.
Tudo parecia ficar cruel pro lado do homem que fez parte daquela aldeia. Ser recebido de forma negativa e ser incriminado como o responsável por tirar a Juliet da Grande Viagem e de ter arrastado o pai de Nella para o fim dele ao ir atrás da menina na floresta.
E no meio daquele tumulto, uma voz chamou-o.
“Johann!” Era a mãe de Nella, chamando-o enquanto atravessava o aglomerado de pessoas.
Ouvindo aquilo, o homem virou o rosto para vê-la.
“Dora!” chamou ele, dirigindo-se a ela.
“Johann. O que está fazendo aqui?” perguntou a mãe de Nella, estendendo as mãos dela pro homem.
“Viemos aqui para ajudá-la. Ajudar a todos da aldeia.” Respondeu ele, segurando as mãos dela.
Vendo que ela estava só, Johann perguntou da garota.
“Onde está a Nella?”
“Ela está na Grande Viagem.” Respondeu o Chefe da tribo, chamando a atenção de Johann. O homem em questão ficou espantado.
“Chefe, como… como pode?!”
“Ela escolheu por vontade própria fazer parte deste ritual sagrado. Ela está cumprindo o dever que lhe foi concebido.”
Ouvindo aquela fala de que a garota que uma vez foi resgatada por ele no dia em que o pai dela foi morto pelo lobisomem de pelos negros, agora partiu para a fazer o papel dela na Grande Viagem, Johann se levantando, confrontando o Chefe da tribo.
“Chefe, por favor, nos deixe falar com a Anciã. Peça a ela para parar com isto!”
“Eu não vou permitir que vocês violem aquilo que é sagrado. Além do mais, vocês não têm o direito de…” dizia o homem de cabelo prateado, sendo interrompido por uma voz feminina que veio de trás.
“Eu concebo esta permissão!” respondeu a autoridade maior na tribo.
Todos ficaram espantados ao ouvir o pronunciamento da Anciã. Ela descia o morro, trajando um vestido branco com um manto vermelho, da mesma cor que a capa vermelha de Nella. Quatro sacerdotisas acompanhavam ela, segurando as extremidades do manto para não se arrastar no chão gelado e sujo.
O Chefe estava atônito com a fala dela. Johann, Ulfric e todos os caçadores observavam ela se dirigindo a eles.
“Anciã.” disse Johann, surpreso e quase aflito.
“Anciã. Deveria estar em sua cabana, organizando os preparativos para se comunicar com os Espíritos.” Disse o Chefe, indicando-a de se dedicar com o que era mais importante do que receber os caçadores.
“Sua preocupação é notável, Chefe. Porém desnecessária. Os Espíritos se pronunciaram.”
“E o que eles pronunciaram, Anciã?” Perguntou Ulfric.
“Receio que a Grande Viagem esteja comprometida. A Grande Mãe está morta e Nella se dirige a um caminho perigoso.”
Ouvindo aquilo, todos os aldeões ficaram espantados. O medo emanava deles agora que a figura importante de auxiliar a jovem Nella em prosseguir com a próxima etapa caiu. A mãe da garota estava assustada. Pressentiu desde o início de que a Grande Viagem seria perigosa demais para a única filha.
“No entanto, uma fagulha de esperança permanece.”
“Como?” perguntou Johann.
“Eu concebo a permissão de vocês entrarem na floresta à procura de Nella e ajudá-la. Ela precisa da ajuda de você, Johann. Assim como ela precisa da ajuda de vocês.” disse a mulher mais velha da tribo, dirigindo-se ao homem que fugiu da aldeia com a filha dele.
Johann balançou a cabeça pra frente, respondendo afirmativamente para ela. Ulfric e os outros concordaram. Porém, uma voz veio, pronunciando oposição.
“Anciã, eu protesto. Vai permitir que esses caçadores e a esse traidor entrem na floresta e interferirem na Grande Viagem?” protestou o Chefes contra a Anciã.
“Eu compreendo a sua posição, Chefe. Mas receio de que não há muito que possa fazer para manter com o curso original. Não temos meios ou pessoas suficientes para entrar na floresta.”
“Mas, Anciã…” dizia o Chefe, sendo interrompido pela fala final da líder espiritual da tribo.
“Está decidido.” Encerrou a Anciã. Virou a atenção dela para Ulfric. “Nobres caçadores. Podem se estabelecer aqui na tribo. A viagem de vocês foi longa e exaustiva. Por favor, aceitem a nossa hospitalidade. É tudo que podemos oferecer a vocês.”
Ulfric agradeceu pela gentileza. “Obrigado Anciã.”
Sem mais nada a declarar, a Anciã dirigiu-se à cabana dela com as sacerdotisas atrás dela. O Chefe olhava com descontentamento para Johann e depois para a líder espiritual, na qual se dirigiu até a cabana no alto do morro. Johann foi até Dora, mãe de Nella.
“Dora, não tem problema de eu passar um tempo na sua casa?”
“De modo algum, Johann. A sua casa pode ter sido desfeita depois que você partiu. Mas eu aceito em ter a sua companhia.” aceitou a mãe da garota.
Ulfric e os outros caçadores montaram suas próprias tendas de couro, pelegos de animais e madeira para dormir. Os aldeões tiveram um certo alívio agora que vários homens armados se estabeleceram para proteger a tribo.
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Na cabana da Anciã, o Chefe se dirigia furioso até a entrada. Uma das sacerdotisas entrou na frente, impedindo a passagem dele.
“Senhor, a Anciã precisa descansar. Deveria esperar aí fora.”
“Saía do meu caminho!’ Gritou o líder da tribo, empurrando a moça no chão enquanto se dirigia até a mulher.
“Deveria ser mais paciente e humilde com as pessoas, Chefe.” Respondeu ela, estando de costas para ele enquanto as moças se desfazem do manto e do vestido para se banhar.
“Não deveria ter concebido a permissão para o Johann e os caçadores entrarem na floresta e interferirem na Grande Viagem.” respondeu o Chefe. A moça derrubada por ele se levantou com a ajuda das colegas, limpando a boca de um trecho de sangue.
“Sabe muito bem que forasteiros não devem fazer parte das nossas antigas tradições.”
Com aquilo dito, a Anciã pede para as sacerdotisas deixá-los a sós. O manto vermelho foi removido, ficando apenas o vestido branco quase transparente, permitindo a passagem de luz para revelar o corpo dela.
Estando apenas os dois líderes da tribo, o Chefe a confrontou.
“Por que você fez aquilo? Por que deu a eles a permissão de entrarem na floresta? Eles não têm chance de enfrentar os Seres-Lobos.”
“Chefe, você sempre seguiu os nossos ensinamentos e orientações conforme a vontade dos Espíritos. Mantivemos-nos unidos há muitos anos.”
“Mas ainda sim, tem certas coisas que devemos manter vivo. As nossas tradições! E você sabe disso!”
“Devo lembrá-lo que você segue a vontade dos Espíritos através de mim. Todos nós. Eu sou a voz deles.” respondeu a mulher com seriedade em seu tom de voz.
O Chefe permanecia quieto, encarando a Anciã.
“Quando uma coisa sai do curso natural, devemos seguir com as mudanças, independente do que queremos. Não é eu como pessoa que lhe estou dizendo que devemos deixar Johann e os caçadores irem na floresta. É eu como porta-voz dos Espíritos.”
O homem ficou quieto por um momento. Suspirou por aceitar aquela realidade dita por ela. Olhou para o lado, em seguida para a Anciã.
“Como deve ser feito, Anciã.” Respondeu ele, em tom menos agressivo.
O Chefe da tribo virou-se para a porta da cabana, preparando-se para sair. Num instante, ele ouviu uma última fala da líder espiritual.
“Tem uma coisa que me deixou intrigada.”
Ouvindo aquilo, ele se virou.
“O que seria, Anciã?”
“Há muitos anos, quando iniciamos a Grande Viagem, uma das sacerdotisas avistou o senhor se dirigindo à floresta.”
O Chefe permanecia quieto quando a Anciã fez aquela pergunta, como se ele tivesse um segredo. Um segredo na qual tem guardado de todos há muitos anos. Imagens surgiram na qual ele entrou sozinho naquele lugar repleto de lobisomens. E depois disso voltou a realidade.
“E depois disso, você foi visto entrando na floresta no dia em que o pai de Nella foi morto, enquanto ele e Johann entraram para resgatar a jovem daquele lugar.”
Aquela pergunta o deixou nervoso. As imagens voltaram com força, com o Chefe colocando a mão direita no rosto dele.
“O que você fazia lá, quando deveria estar conosco, garantindo que a tribo esteja unida?”
A tempestade de imagens o assombram. As duas mãos dele se colocaram nas têmporas da cabeça dele.
“Chefe, tá tudo bem com você?”
“Eu… eu preciso ir, Anciã. O dia foi agitado, repleto de coisas pra fazer. Preciso descansar.” disse o homem atormentado pelas imagens.
“Eu o entendo. Melhor que você descanse para amanhã.”
O Chefe da tribo deixou a cabana da Anciã, dirigindo-se à tenda dele. O estresse e a conversa com a mulher o deixou instável psicologicamente a ponto de não conseguir continuar com a conversa. No entanto, havia alguma coisa que deixava a Anciã preocupada. De alguma forma o líder da tribo guardava um segredo sombrio, mas não queria revelá-lo a todos.
////
A noite caiu e de volta na floresta, Nella e Hvit seguiam o caminho traçado pelos Espíritos, com a entidade na forma da garota de quando era criança guiando as duas até onde a espada estava. O cenário era repleto de neve, com poucas árvores ao redor delas. Nevava com fraca intensidade, permitindo elas de andar por entre o local descoberto.
Em meio a viagem delas, os dois lobisomens que foram enviados pelo outro estavam no alto de uma colina, vendo as duas viajantes atravessando o terreno esbranquiçado. O cinzento e o marrom-escuro observavam elas pacientemente.
“A garota está se dirigindo até o Matador de Lobos.” disse o lobisomem de pelos marrom-escuro. “Isso quer dizer que o Castanho falhou em cumprir com as ordens do irmão.”
“Nossa principal missão ainda procede.” disse o lobisomem de pelos cinzentos.
“De acordo. Mas precisamos apanhá-la e levá-la para o Alfa, sem instigar medo nela.”
“Sim. Mas como faremos isso?”
O lobisomem de pelos marrom-escuro jogou uma porção de roupas no chão. A maioria consistia em casacos de pele, calças de lã, botas e cinta de couro.
“Podemos nos transformar em humanos. Dessa forma, podemos acompanhá-la até uma extensão da entrada para a caverna e fazê-la ir até a alcateia no lugar da espada.”
“Você sabe que as nossas transformações podem ser revertidas durante a Lua Cheia. Assumindo a forma de lobisomem, não poderemos assumir a forma humana.” disse o lobisomem cinzento, separando algumas peças de roupa pra vestir ao assumir a forma humana.
“Eu sei disso. Mas este é o único jeito.”
Sem mais nada a dizer, os dois lobisomens se transformam em humanos, com as formas lupinas se regredindo para assumir uma feição menos monstruosa. As garras se encolheram, virando dedos e unhas. Focinhos se transformaram em boca e nariz. Os pelos espessos se transformaram em pelos finos, deixando o resto do corpo exposto ao ambiente gelado.
Com os dois estando nus, pegaram as roupas para vestir. O lobisomem cinzento tinha a feição de um homem de 64 anos, e o marrom-escuro com 49 anos. As características deles como lobisomem permaneceram, com o Marrom-escuro retendo o corpo musculoso, altura elevada, cego pelo olho direito e uma cicatriz no local, além de ter um cabelo ralo nas laterais. O cinzento mantinha o tamanho quase médio, de barba cinzenta que cobria ao redor da boca, dentes afiados e um pedaço da orelha esquerda faltando. Estes vestiam casacos de pele branca e creme, calças amarelo-ocre e botas escuras.
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Nella e Hvit seguiram rumo à caverna onde a espada Matador de Lobos estava guardada. O Espírito guiava as duas em meio aquele horizonte branco.
Para a surpresa da garota, escutou uma voz chamando ela.
“Oi! Com licença!” Chamou uma voz chamando de trás. Nella e Hvit pararam para ouvir.
Eram duas figuras humanas masculinas que se aproximavam da Garota de Vermelho e da loba. O que a Nella não fazia a menor ideia era que estes homens são na verdade lobisomens, disfarçados na forma humana para acompanharem ela até o covil deles em vez da espada.
“Oi.” Cumprimentou a moça, sendo recebida pelos dois. “Quem são vocês?”
“Somos viajantes de muito longe.” Respondeu o homem de cabelo cinzento.
“Acabamos por nos perder na floresta.” Completou o homem de cabelo castanho-escuro.
“E você, garota? O que está fazendo aqui?”
“Eu estou procurando uma caverna. Dizem que ela fica nos arredores deste lugar.” Disse Nella, sorrindo enquanto a loba recuava, arisca devido ao cheiro deles.
“Caverna, hum?” Disse o homem de cabelo cinzento, esfregando o queixo barbudo. “Acho que eu já vi esse lugar uma vez antes, mas não tenho a certeza.”
“Nós não conhecemos a floresta muito bem. Acho que vocês podem nos ajudar.” disse o homem de cabelo castanho-escuro.
“Sim. Eu posso. Têm esse caminho que eu encontrei. Foi criado pelas luzes da floresta.”
“Luzes da floresta?” disse a pessoa dos cabelos castanhos-escuro.
“Nunca ouvi falar.” disse a pessoa de cabelo cinza. “Além do mais, eu não vejo nenhuma dessas luzes.”
A fala dele pegou a garota de surpresa. Sentiu que ela era a única pessoa capaz de ver os Espíritos e se comunicar com eles. Os outros não tinham a mesma capacidade como algumas pessoas de antigamente. Em vez disso, ela sorriu. “Não se preocupem. Vocês podem vir comigo enquanto eu sigo o caminho. Certo, Hvit?”
Hvit rosnou ao sentir o cheiro característico deles. Isso deixou a garota preocupada, pois ela não estava ciente da ameaça iminente que corria nas mãos daqueles dois indivíduos. Nella chamou a atenção da loba.
“Desculpe. Hvit está um pouco agitada depois de tudo que passamos.”
“Não precisa se preocupar, garota.” disse o homem de cabelos castanhos-escuro.
“Estamos com você.” completou o homem de cabelos cinzentos.
Sem mais nada a acrescentar, o pequeno grupo seguiu adiante com o caminho traçado pela Nella por ela ser capaz de ver as luzes criadas pelos Espíritos. Os dois lobisomens disfarçados sorriam enquanto acompanhavam ela, esperando pela oportunidade de levá-la ao Alfa.
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Em breve.
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