Das Mädchen in Rot - Chpt 6 [Portuguese - BR]

Das Mädchen in Rot [Portuguese - BR]



Descrição:

Das Mädchen in Rot (Alemão: A Garota de Vermelho) é uma adaptação sombria da história original escrita por Charles Perrault e os Irmãos Grimm. A adaptação conta a história de Nella, uma jovem que vivia com sua família em uma tribo e cujo pai foi morto por um Ser-Lobo negro (é como as tribos chamam os lobisomens) enquanto ele e um amigo salvavam a jovem Nella. Após atingir a maioridade, Nella foi convocada para fazer parte de um culto onde as mulheres adultas vestem um manto vermelho e partem da tribo para a casa da Grande Mãe para receber a bênção dos ancestrais, a fim de manter os Seres-Lobo longe da tribo. De acordo com a Anciã, a casa da Grande Mãe fica nas profundezas da floresta — o mesmo lugar onde os Seres-Lobo e outras criaturas terríveis espreitam, atacando os visitantes que se aventuram sem um pingo de cautela.

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Introdução:

Há cerca de quinze Luas Cheias, uma antiga tribo vivia numa região onde viria ser uma floresta. Essa tribo era conhecida por venerar uma entidade mística cuja forma lembra um lobo.

Quando a primeira Lua Vermelha surgiu no céu, o povo daquela tribo começou a se transformar na imagem da entidade. Ninguém sabia o que aconteceu para eles se tornarem a imagem da entidade, mas diziam que o vento carregava vários uivos pelo mundo inteiro.

Uma noite, um pequeno grupo de caçadores adentraram na floresta à procura de comida. E quando avistaram o primeiro cervo para levá-lo à tribo, um enorme vulto apareceu e devorou três dos caçadores que entraram naquele lugar, restando apenas um deles para contar o que aconteceu. Ele disse que a criatura que matou os outros que foram com ele tinha a forma de um homem, mas a cabeça e pelos de um lobo.

E foi naquele dia que a tribo passou a temer a criatura lobo que atacou o nosso povo na floresta.

Capítulo 6

No dia seguinte, o chão estava coberto de neve. As folhas dos pinheiros e arbustos eram brancas e não verdes. O céu continuava cinza devido ao inverno. O sol mal iluminava a floresta e alguns animais não queriam sair de seus ninhos e tocas. Poucos pássaros cantavam nos galhos, comendo o que podiam.

Em uma região distante, longe do alcance da floresta, um grupo de vários homens atravessavam uma camada espessa de neve. Todos usavam casacos de pele de animais, sendo a maioria deles de lobo, com alguns sendo de urso, caribus e outros. Alguns tinham barbas grandes, algumas adornadas com ossos, outras eram trançadas e outras eram curtas. E todos portavam lanças como armamento de caça, com alguns carregando escudos e machados.

Tratava-se de um grupo de caçadores de uma tribo distante a de Nella e se dirigiram ao lugar de onde ela cresceu. O líder do grupo, sendo um homem loiro com várias cicatrizes nos braços e no rosto, trajando um casaco branco e calças cinzas, botas de couro e uma espécie de capacete com uma projeção de metal no alto, pediu para os demais pararem, chamando um deles para se aproximar dele. Em resposta, apenas um se manifestou. Um que vestia um longo casaco de pelos e capuz, cobrindo os olhos e o nariz dele.

“Por favor. Nos diga, onde está a aldeia que vive amaldiçoada pelos Seres-Lobos.” disse o líder dos caçadores, estendendo a mão esquerda dele para o homem encapuzado.

O homem, estando um pouco próximo do líder, levantou a mão direita, apontando com o dedo indicador para frente.

“É lá, meu senhor.” respondeu aquela figura humana com o capuz no rosto, mantendo o dedo indicador para onde estaria a tribo de Nella.

“Estão vendo, meus amigos? Estamos quase perto de chegar naquela aldeia.”

Os demais homens mantiveram seus olhares fixos no líder deles. Alguns pareciam um pouco nervosos, outros um pouco reclusos. Mas ansiavam por um desafio além dos que já enfrentaram no passado.

“Nós vamos libertá-la desse pesadelo que tem assolado ela por muitos anos, como disse o nosso amigo que veio de muito longe. E como brinde do nosso sucesso, vamos levar alguns pelegos daqueles Seres-Lobo como troféus e tapetes de nossos salões!”

Os outros caçadores levantaram suas armas, soltando gritos de urra. Inspirados moralmente, o grupo segue o caminho para a tribo de Nella. O homem encapuzado, permaneceu no lugar enquanto os outros marchavam.

“Nella, se estiver aí, saiba que o seu pai será vingado. Nós vamos pôr um fim nessa barbárie e acabar com aquela praga dos Seres-Lobo!” disse o homem encapuzado, sabendo do nome da menina que foi escolhida para ser a Garota de Vermelho na Grande Viagem para a floresta.

Todos se dirigiram para a tribo. Tudo indicava que estavam cientes dos ataques provocados pelos Seres-Lobo que assolavam a todos e da Grande Viagem, organizada pela Anciã e pelo Chefe. E aquela figura se dirigiu aos demais.

////

Ao mesmo tempo, no lugar onde o grupo de viajantes estava, a fogueira estava apagada. A pilha de gravetos e madeira exalava uma fumaça pequena e cinza. William se aproximou de um arbusto próximo de uma árvore. Estava repleto de neve e gelo no topo daquele monte de folhas. Com o pequeno tronco que ele usou para fazer o chá de Nella, apanhou um pouco daquela superfície branca e gelada. E com mais gravetos e madeira, acendeu uma outra fogueira. Desta vez era para derreter a neve para obter água.

Ele observava a neve e gelo derreterem devagar naquele objeto. Num instante, viu a jovem Nella tossindo pouco. William se aproximou dela para vê-la. Hvit se levantou para dar espaço para ele tratar a viajante.

William colocou a mão na testa dela, sentindo que estava um pouco quente. Ela respirava pela boca enquanto estava deitada no pelego do caribu.

“Ainda está um pouco quente. Mas não tanto como estava ontem.” disse William, medindo a temperatura corporal de Nella. “O chá que eu fiz para ela ajudou a aliviar os sintomas mais graves.”

Pegando um pouco de água do copo de madeira, ele a levantou para ficar na posição adequada para beber. Viu a garganta dela se mexer enquanto engolia aos poucos. Em seguida, ela abriu os olhos.

“Bom dia, William.”

“Bom dia, Nella. Como você está?”

“Estou bem. Já não estou tossindo tanto como antes. O chá que você fez ontem me ajudou bastante.”

“Fico feliz em saber. A recuperação está progredindo bem.”

Nella sorriu. “Sabe, você me parece a minha mãe quando eu…” dizia a garota, tossindo enquanto estava para completar a fala dela.

“… fica doente?” completou ele.

“Sim. E às vezes eu fico boba quando tem alguém me cuidando, mesmo já crescida.”

“Mas não se preocupe, Nella. Sabe que o resfriado é momentâneo. Daqui a pouco estará curada e poderá continuar com a Grande Viagem.”

Nella balançou a cabeça pra frente, sorrindo para o guardião dela. Em seguida, Hvit se aproximou, farejando o rosto da garota e acariciando-a com a cabeça e o focinho. Nella, por sua vez, abraçou a loba.

“Hvit passou um bom tempo do seu lado, assim como eu.”

Nella olhou pra fogueira momentaneamente. Expressava uma espécie de preocupação, embora estivesse segura com eles. “Eu… eu não como agradecer, por… tudo que fizeram por mim.” Dizia ela enquanto tossia.

“Não precisa nos agradecer. Sabe que estamos aqui pra te ajudar a finalizar essa Grande Viagem e poder voltar pra casa.”

Nella sorria para o garoto. Hvit também sorria, respirando rapidamente enquanto via o companheiro se levantar.

“Bom, eu vou buscar mais ingredientes pra fazer mais um pouco de chá. Depois disso vamos continuar com o trajeto para chegar na espada.” Disse William, estando de pé. “Descanse um pouco, Nella. Vai precisar estar com suas forças renovadas. Hvit estará por perto se precisar de qualquer coisa.”

“Tudo bem, William.” encerrou Nella, deitando-se no pelego do caribu e a loba se acomodando do lado dela.

William saiu para buscar por mais ervas e raízes para fazer mais chá medicinal para tratar o resfriado de Nella. A fogueira ainda estava acesa, tornando o ambiente ao redor um pouco aconchegante e seguro. Tudo parecia tranquilo pro lado deles, mesmo que a garota tivesse a sensação de que o mal ainda espreitava nas sombras para machucá-la.

////

Quinze minutos se passaram desde a partida de William por mais ingredientes naturais na floresta. Ele vasculhava nos arredores das árvores por mais ervas e raízes. Mesmo que a neve tenha dificultado a localização, William tinha os sentidos e a memória fotográfica apurados, conseguindo procurar com facilidade por elas.

Chegando perto de uma árvore grande, ele se agachou nas proximidades, cavando a terra e neve com seus dedos e unhas pontiagudas. Para a surpresa dele, encontrou um dos ingredientes necessários, raízes de Terra-ferro.

Perfeito. É exatamente esse ingrediente que eu preciso pro chá.” Disse William em seus pensamentos.

William apanhou as raízes e puxou-as com força, arrancando uma após a outra para levar pro lugar em que estavam descansando. Foi colocando elas perto do joelho direito.

No entanto, a audição dele captou algo se movendo por entre os arbustos e galhos dos pinheiros. Os pássaros até bateram as asas, voando por cima da árvore em que ele estava coletando as raízes de Terra-ferro. Isso chamou a atenção de William, na qual parou de apanhar mais raízes. Ele olhou ao redor dele, com a expressão de preocupação emanando dele. Mas o olfato dele apanhou um cheiro reconhecível vindo atrás dele.

William se levantou, deixando os itens coletados no chão. “Eu sei que você está aqui. Apareça!” Chamou ele, sabendo de quem era o possível agressor.

Atrás do pinheiro, uma enorme mão humana com pelos negros surgiu, agarrando a casca da árvore a ponto de deixar marcas. Em seguida avançou para frente, revelando o restante do lobisomem de pelagem negra. O mesmo que atacou Nella de quando era criança e matou o pai dela e o filhote de cabra. A presença dele deixou William assustado, pois ele sabia quem era aquele lobisomem.

“V-você!” Disse William, engolindo seco enquanto os olhos dele permaneciam fixos nele.

Enfim nos encontramos de novo, Castanho.” Disse aquele ser de cabeça lupina e pelos negros.

O Lobisomem de pelagem negra andava ao redor do garoto, mantendo o olhar nele. “Como você cresceu, Castanho. Quando você saiu da alcateia, você era apenas um filhote.

“Se você veio aqui pra me chamar de volta pra alcateia, pode esquecer. Eu não vou voltar.” Respondeu o garoto com uma postura séria.

Não. Não é por essa razão que eu vim, Castanho.” disse o Ser-Lobo de pelos negros. “Pelo contrário. Você leva uma pessoa com você. Uma garota humana para o interior da floresta. E estão a caminho do Matador de Lobos.

A figura monstruosa de pelos negros parou de andar. Manteve os olhos dourados naquele rapaz que buscava por raízes e ervas medicinais. O coração de William batia rapidamente quando o assunto tratado era a Nella.

“Eu não queria que ela fosse embarcar nessa viagem perigosa. Eu queria levá-la de volta pra tribo dela, mas ela é teimosa e isso quase custou a vida dela.”

Por essa razão que eu venho aconselhá-lo de não prosseguirem com essa jornada.

William viu a criatura se aproximar dele. As garras eram visíveis das mãos monstruosas dele, e os dentes afiados emergiram da boca aberta. Os dois estavam cara a cara, com um dez palmas de distância entre eles.

Me entregue a garota e as nossas hostilidades cessarão!

Os olhos de William se arregalaram enquanto os manteve fixos naquela cabeça lupina, repleto de pelos negros, olhos dourados e dentes afiados, capazes de cortar a carne com pouco esforço.

////

Minutos antes do encontro de William com o lobisomem de pelos negros, Nella descansavam em cima do pelego do caribu. O peito se mexia conforme a respiração dela. Tudo ao redor dela permanecia quieto e pacífico. Ainda mais com a Hvit, descansando ao lado da garota.

Os olhos fechados da Garota de Vermelho abriram lentamente, piscando aos poucos enquanto despertava de seu sono. Nella estava acordada, observando o cenário ao redor dela. Tudo o que mais tinha era a Hvit, dormindo perto dela, a fogueira ainda acesa, árvores e neve. Mas nada do William.

“William?” Perguntou ela preocupada.

Nella sabia que ele voltaria. Mas ela sentiu que algo aconteceu com o colega de viagem. Algo que pudesse ser grave.

Nella se levantou daquela cama improvisada e tratou de vestir as botas e a capa vermelha. No processo, ela chamou a loba.

“Hvit. Hvit, levanta.” Chamou a garota de capa vermelha.

Ouvindo aquilo, a cabeça da loba se levantou, olhando para quem a chamou.

“O William não retornou. Eu não sei se aconteceu alguma coisa com ele, mas eu vou investigar. Você vem?”

Por ser um ser vivo capaz de emitir sons que apenas lobos possam compreender e o garoto, Hvit emitiu um latido. Levantou-se com as quatro patas no chão e partiu com a Nella no interior da floresta. A fogueira foi apagada por elas e o que restou do caribu ficou para trás.

////

O ambiente permaneceu silencioso e gelado. Nella e Hvit andavam por entre as árvores e a neve à procura de William. Olhavam ao redor delas por algum sinal de perigo, porém, só encontraram alguns esquilos correndo para a toca deles em uma das árvores. Estavam guardando comida para passarem o inverno.

Fora isso, não havia sinais de predadores selvagens ou dos lobisomens, precisamente os de pelagem cinza, marrom-escuro e do preto. Isso podia tirar um peso da preocupação em Nella.

Hvit seguia o rastro de William através do cheiro. Lobos têm o olfato aguçado, o que permite eles localizarem objetos ou pessoas através do cheiro residual, a menos que outros cheiros venham dificultá-los na hora de procurar. Como Hvit conviveu com William há muitos anos, está familiarizada com o cheiro dele.

Nella acompanhou a loba até a uma clareira. Lá, Hvit parou de andar. Ela sentiu o cheiro de outro naquele mesmo lugar. A garota a viu ficar um pouco arisca. Os pelos se levantaram e um rosnado soava da boca dela.

“Hvit?” Perguntou ela, olhando para a loba. Ajoelhou para acariciá-la. “Hvit, o que foi?”

Hvit permanecia no lugar, sentindo que algo perigoso podia estar perto adiante. Nella levantou-se e seguiu em frente, andando em direção à clareira. A loba teve receio de prosseguir, contudo, seguiu com a companheira humana para não deixá-la sozinha, com risco de que isso pudesse ser uma armadilha.

A clareira tinha algumas árvores ao redor. Não eram tão altas a ponto de bloquear a passagem da luz. E no meio daquela região, havia uma pessoa da mesma altura que o viajante que estava com elas durante o percurso da Grande Viagem. Era o William.

“William.” Disse Nella, sorrindo ao vê-lo naquele lugar. Se aproximou daquele lugar para chamá-lo. No entanto, algo a fez parar. Ela ouviu alguma coisa vindo daquele lugar.

Eu não queria que ela fosse embarcar nessa viagem perigosa. Eu queria levá-la de volta pra tribo dela, mas ela é teimosa e isso quase custou a vida dela.” Disse o rapaz naquela clareira.

Nella ficou confusa. Era a voz dele em tom sério e frio. Mas ela não sabia que naquele momento, William estava conversando com alguém. E esse alguém se aproximava do garoto.

Por essa razão que eu venho aconselhá-lo de não prosseguirem com essa jornada.

Para o horror de Nella, era o lobisomem de pelos negros que estava conversando com William. Os olhos dela se arregalaram. Ela cobriu a boca dela, evitando escapar um barulho para chamar atenção dele. Os pelos de Hvit se levantaram, colocando a loba sob tensão em postura defensiva.

Me entregue a garota e as nossas hostilidades cessarão!

“Não!” Aquilo ecoou profundamente na audição da criatura de cabeça lupina. Nella até ficou surpresa pela forma que William queria protegê-la do mal. William demonstrou uma postura rígida diante daquele Ser-Lobo.

“Não! Eu não vou fazer isso! Prefiro levá-la pra tribo dela. Ela estará segura lá.”

Castanho, se soubesse que o lugar de onde ela veio estaria seguro para protegê-la, está enganado. Não importa o que faça, os ataques não vão parar. O Alfa está ciente de vocês dois depois que entraram na floresta e da morte daquele que estava na casa da Grande Mãe.

A garota permanecia quieta e assustada. Assistia aquela cena dos dois conversando, sobre aquele lobisomem que matou a Grande Mãe a sangue frio e de ser morto por outro.

Durante a conversa dos dois, as garras do lobisomem negro estava visíveis aos olhos de William. Ele permanecia quieto, encarando aquela situação de forma calma e fria.

Ele anseia em querer te ver outra vez e aceitá-lo de volta, com os braços abertos.

“Diga o quanto quiser, mas eu não pretendo voltar a vê-lo, mesmo que venha usar a força!”

Não adianta resistir a nós ou negar a sua origem, Castanho.

O garoto permanecia quieto diante da fala daquele ser. Conforme o lobisomem falava, os dentes afiados ficavam visíveis daquela boca grande. Os olhos negros, de mesma cor que os pelos não refletiam luz. Tudo o que podia ver era um vazio, profundo e sem vida.

A garota que viaja com você sabe da sua verdadeira origem? Sua verdadeira identidade?

“Não! Ela não deve saber sobre isso!” Respondeu William seriamente.

Você é o filho do Alfa. Todos nós somos! O sangue dele corre em suas veias, assim como os seus poderes!” respondeu o lobisomem de pelos negros, estendendo a mão direita na direção do peito de William para agarrá-lo e puxá-lo com força pra arrancar um pedaço de carne, porém foi repelida pela mão esquerda do garoto em um gesto repulsivo e defensivo.

Nella recuou brevemente para trás. Assistia aquilo enquanto o coração dela acelerava. Hvit permanecia quieta enquanto arqueava o corpo para baixo em postura defensiva, mas a tensão estava crescendo ao redor da clareira.

E foi naquele instante que elas viram o rapaz se contorcer. Mas não era de dor. Os braços dele cresceram, junto das pernas, corpo, cabeça e pescoço. A boca dele se projetava para frente, ganhando forma de canídeo. Os dentes e as orelhas também ganharam um aspecto de lobo. Pelos cresceram em coloração marrom, a jaqueta e as botas dele foram destroçadas durante a transformação. A calça também foi cedendo, com as extremidades sendo rasgadas.

Nella ficou horrorizada ao saber que o garoto que a acompanhou na Grande Viagem era um lobisomem. O mesmo que surgiu na casa da Grande Mãe, porém não como um monstro pra acabar com ela, mas como uma espécie de lobo rebelde que a salvou do outro monstro.

Isso, William. Isso mesmo. Mostre-me a sua verdadeira IDENTIDADE!” disse o lobisomem de pelos negros, assistindo a transformação de William.

O garoto apoiou com a mão esquerda no chão com força, recuperando a postura após ter o corpo humano transformado em lobisomem. Abriu os olhos outra vez, revelando a íris de coloração azul-claro dele. Num instante, soltou um rugido alto, assustando Nella a ponto de cair com as nádegas no chão. Por consequência, William e o lobisomem negro ouviram o som dela.

É ela!” disse aquele Ser-Lobo com uma expressão sinistra. William expressou preocupação ao vê-la próxima da árvore. Em seguida, ela e Hvit saíram correndo pra longe.

Com ela fugindo por sua vida, o monstro de pelos negros preparou-se para ir atrás de Nella e Hvit. “Vamos atrás dela, William!” Contudo, algo o fez mudar de expressão. O garoto que saiu da alcateia interveio, colocando-me na frente do outro.

Não! Deixa ela ir em paz!” disse William, colocando-se na frente do lobisomem negro.

Saia do meu caminho, William!” ordenou o lobisomem de pelos negros, já com a paciência no limite.

Não! Deixe que eu vá atrás dela! Eu mesmo a levarei até ao Alfa!

Não vou dar a esse luxo em colocar você pra fazer isso!

Espere! Se for para levar a garota ao Alfa, eu mesmo posso fazer isso! Não importa se eu voltarei à alcateia ou não, desde que ele mantenha com a palavra de que os ataques na tribo dela vão cessar.

Os dois lobisomens continuaram em um impasse com relação a Nella, com um querendo ir atrás dela e levá-la a alcateia, enquanto o outro interveio, colocando-se para ir no lugar daquele. Brevemente, o de pelos negros fechou os olhos, suspirando pela ideia alternativa. Emitiu um sorriso leve para o caçula.

Muito bem, Castanho. Eu deixo você ir atrás da menina e levá-la ao Alfa.

William fechou os olhos, balançando a cabeça pra frente, abrindo-os novamente. Contudo, algo chamou a atenção dele diante do lobisomem negro.

Qualquer deslize da sua parte ou fracasse em levar a garota pra alcateia, eu não hesitarei em matar você e jogar seus restos mortais na floresta.

Eu entendo.

Muito bem. Pode ir atrás da garota, irmão.” encerrou a conversa do lobisomem de pelos negros com o William.

Os dois se despedem, com o lobisomem de pelos castanhos correndo atrás de Nella. Enquanto ele tomava distância no horizonte até desaparecer por entre as árvores, os outros dois, o cinzento e o marrom-escuro, surgem atrás do monstro de pelos negros.

E agora?” perguntou o lobisomem cinzento pro líder do grupo.

O que faremos?” perguntou o de pelos marrom-escuro.

Mantenham com o plano original. Continuem seguindo a garota até onde ela vai. Mas mantenham distância com o William. Queremos ver se ele consegue cumprir com a palavra dele de levá-la ao Alfa. Se ele fracassar, matem ele!

Os dois lobisomens concordaram com a última fala do líder deles. Seguiram as ordens de manter distância de William enquanto acompanhavam ele e Nella. E com eles tomando um caminho alternativo, o lobisomem de pelos negros seguiu adiante para um outro lugar.

////

Enquanto isso, Nella corria com Hvit para longe da clareira. Estava aflita e confusa com aquilo que testemunhou, da verdadeira identidade e natureza de William e do lobisomem que matou o pai dela há muitos anos. Correndo para longe, esbarrava em alguns galhos de árvores, com alguns apresentando pontas que arranhavam o rosto e as mãos dela. E no meio da fuga, ela ouvia uma voz chamando o nome dela.

“Nella!” Era o William. Não na forma de lobisomem, mas sim na forma humana. “Nella, espera!”

“Me deixe em paz!” Gritou a garota da capa vermelha aflita, correndo sem olhar com cuidado pra onde corria.

Nella correu pra longe dele. Quando a voz cessou por um instante, William surge na frente dela, fazendo-a cair no chão. Hvit rosnou enquanto se colocava entre os dois.

“Fique fora disso, Hvit! Isto não lhe condiz ao seu respeito!” Exclamou William, sério com a loba. Dito isso, Hvit parou, estando quieta, andando um pouco acanhada pela fala de William.

Em seguida, Nella tentou se arrastar pra trás, mantendo o olhar no garoto e estendendo a mão esquerda pra frente.

“O que você quer de mim?!” perguntou ela assustada, mantendo a mão na frente dela como forma de tentar se proteger.

“Nella, você tem que sair daqui! Não é mais seguro ficar aqui na floresta.” disse William, tentando fazê-la mudar de ideia.

“Não!” Disse ela assustada e com lágrimas se formando em seus olhos. “Eu… não posso voltar.”

“Os outros virão atrás de você e eu não posso protegê-la! Nem a Hvit pode fazer isso!”

William se aproximou um pouco dela. Em resposta, Nella recuou.

“Pra trás!” Exclamou ela assustada.

O garoto permanecia quieto, encarando a jovem moça ainda caída no chão. Pode ver as lágrimas escorrendo dos olhos dela.

“William, você… você é um deles. Não é?”

O garoto de cabelo castanho suspirou de não querer falar sobre aquilo. No entanto, ele cedeu, balançando a cabeça pra frente como resposta. “Sim, Nella. Eu também sou um lobisomem. Mas eu não quero te fazer mal, da mesma forma que os outros.”

“Aquele lobisomem de pelos negros que conversava com você. Ele… ele matou o meu pai.” Chorava a garota da capa vermelha. “Eu era uma criança, mas eu… lembro até hoje o dia em que ele foi morto por aquele monstro. E ele ia me matar se eu não tivesse sido resgatada naquele dia!”

Ouvindo aquilo, William ficou sentido por ela. Ele sabia que o lobisomem negro cometeu atrocidades contra a tribo dela, ainda mais à família de Nella.

“Eu… eu sinto muito pelo seu pai, Nella. De verdade eu sinto.”

“Então você sabe como a gente tem sofrido nas mãos deles! Dias e noites que passamos presos na tribo, sofremos quando um dos meus conhecidos e vizinhos sumiram sem deixar nada, exceto por corpos mortos, e agora, eu estou em um pesadelo com a Grande Mãe morta e a Grande Viagem sem um rumo certo a não ser a espada!”

“Nella, escute! Sei que estamos quase próximos de alcançar a espada e usá-la para pôr um fim nisso. Mas lembre-se: a vingança acaba aflorando em nossos corações quando desejamos muito em matar aqueles que tiraram nossos entes queridos. Se deixarmos ela falar mais alto por nós, não seremos melhores do que os lobisomens.”

William tentou avançar mais um passo, estendendo a mão dele para pegá-la no pulso. Para o espanto dele, Nella o repeliu com um tapa.

“Não chegue mais perto de mim!” respondeu ela brava. Em seu último ato, correu para bem longe, chorando.

William olhava para a pobre garota que fugiu chorando pra bem longe. Chamou ela várias vezes, porém mostraram-se inúteis. Em vez de expressar um olhar sério ou de ir atrás da viajante de capa vermelha, o olhar dele expressava tristeza por ela ter fugido do alcance dele.

Me perdoe, Nella.” pensava ele, vendo aquela pessoa correndo pra longe.

Hvit olhava para a mesma direção que o colega. Estava deitada no chão gelado e coberto de neve, expressando preocupação pela segurança de Nella, por mais que seja uma loba, podendo responder com latidos, uivos e expressões corporais.

“Hvit.” Chamou ele. A loba virou-se para atender o chamado.

“Pode ir. Nella precisa mais de você do que de mim.”

Hvit latiu, afirmando o pedido do garoto em ir até a garota. Sem dizer mais nada, levantou-se do chão, correndo adiante. William via a companheira de viagem a toda velocidade com suas quatro patas ainda fortes. A cauda balançava conforme o ritmo de seus passos.

////

Enquanto isso, Nella corria em uma região repleta de árvores e arbustos. Elas cobriam o céu e os arredores, impossibilitando a passagem de luz. A neve cobria alguns galhos e folhas, tornando o verde em branco. E algumas pedras estavam cobertas de gelo e neve, tornando-se perigosas pra atravessar.

Quando a garota virou o olhar pra trás, com esperança de que não foi seguida pelo ex-colega durante a fuga. No momento não havia nada. Mas para a infelicidade dela, uma pisada em falso a fez escorregar do alto de um morrinho, caindo no chão parcialmente úmido e repleto de terra.

Nella chorava por conta daquele acontecimento repentino. Estava ainda caída de bruços sobre a terra. Levantando o rosto levemente, as bochechas e a testa estavam parcialmente sujas com terra e arranhões. Adiante dela estava um tronco tombado de uma árvore, de proporções grandes e com um buraco grande no alto, permitindo alguém do tamanho dela pra se esconder.

Mesmo sentindo um pouco de dor, Nella se arrastou até aquele objeto, usando a força de suas mãos para trazer o corpo pra frente. Gemia enquanto sentia as pernas um pouco dormentes e doloridas. A capa vermelha estava um pouco manchada de terra e neve, com algumas bordas rasgadas. Mas o que prevalecia era o choro. Estando próxima da entrada para o tronco, viu que tinha espaço o suficiente para preenchê-lo com ela mesmo.

As mãos dela se agarraram nas extremidades, puxando o restante do peito até as pernas para entrar no tronco. O rosto parcialmente manchado de terra escorria lágrimas e a boca aberta, com os dentes se fechando com força. Em seguida, Nella sentiu as paredes do tronco apertar um pouco, mesmo com um pouco de espaço ao entrar nele.

Vamos.” dizia a garota em seus pensamentos, arrastando o corpo até o topo do tronco.

Nella subiu mais um pouco até sentir os pés dela não estarem desprotegidos. Feito isso, se acomodou da melhor forma que podia, mesmo diante das dificuldades. Felizmente tinha um buraco não muito grande, permitindo a passagem de ar para respirar. E foi neste instante que ela se entregou à tristeza. Ela trouxe as pernas dela para perto de sua barriga, segurando-as como se fosse uma criança assustada e entristecida. Nella chorava quando não conseguia parar de pensar nos bons momentos que passou com William, desde o dia que ele ajudou ela a se aventurar na floresta em direção da casa da Grande Mãe, na caçada por comida, ao socorrê-la na ponte e ao prepará-la um chá de ervas e raízes medicinais.

Mas quando veio a imagem do lobisomem de pelos negros e da verdade sobre a natureza do garoto, lágrimas escorreram com força. Posteriormente, a imagem do pai veio à mente dela.

Nella!” chamou o pai da menina nas lembranças de Nella.

Papai!

Filha, haja o que houver, eu te amo mais do que qualquer coisa neste mundo.

Papai! Não me deixe!

Nella fechava os olhos com força, chorando enquanto tentava pedir ajuda para o pai dela, que agora não estava mais entre os vivos.

“Pai! Pai, eu… eu não quero ficar sozinha!” chorava a garota da capa vermelha, segurando as coxas com as mãos dela. “Por favor, não me deixe!”

Nenhuma resposta. Nella ficou sozinha naquele canto apertado em um lugar frio e sinistro. Sem pai, sem a mãe por perto, sem a tribo, sem a Hvit e sem o William. Só tinha ela. A coragem dela foi tomada pelo desespero. A Grande Viagem se tornou uma jornada perigosa, sem mais um rumo para seguir e não havia nada que pudesse fazer para mudar isso.

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