Das Mädchen in Rot - Chpt 3 [Portuguese - BR]
Das Mädchen in Rot [Portuguese - BR]
Descrição:
Das Mädchen in Rot (Alemão: A Garota de Vermelho) é uma adaptação sombria da história original escrita por Charles Perrault e os Irmãos Grimm. A adaptação conta a história de Nella, uma jovem que vivia com sua família em uma tribo e cujo pai foi morto por um Ser-Lobo negro (é como as tribos chamam os lobisomens) enquanto ele e um amigo salvavam a jovem Nella. Após atingir a maioridade, Nella foi convocada para fazer parte de um culto onde as mulheres adultas vestem um manto vermelho e partem da tribo para a casa da Grande Mãe para receber a bênção dos ancestrais, a fim de manter os Seres-Lobo longe da tribo. De acordo com a Anciã, a casa da Grande Mãe fica nas profundezas da floresta — o mesmo lugar onde os Seres-Lobo e outras criaturas terríveis espreitam, atacando os visitantes que se aventuram sem um pingo de cautela.
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Introdução:
Há cerca de quinze Luas Cheias, uma antiga tribo vivia numa região onde viria ser uma floresta. Essa tribo era conhecida por venerar uma entidade mística cuja forma lembra um lobo.
Quando a primeira Lua Vermelha surgiu no céu, o povo daquela tribo começou a se transformar na imagem da entidade. Ninguém sabia o que aconteceu para eles se tornarem a imagem da entidade, mas diziam que o vento carregava vários uivos pelo mundo inteiro.
Uma noite, um pequeno grupo de caçadores adentraram na floresta à procura de comida. E quando avistaram o primeiro cervo para levá-lo à tribo, um enorme vulto apareceu e devorou três dos caçadores que entraram naquele lugar, restando apenas um deles para contar o que aconteceu. Ele disse que a criatura que matou os outros que foram com ele tinha a forma de um homem, mas a cabeça e pelos de um lobo.
E foi naquele dia que a tribo passou a temer a criatura lobo que atacou o nosso povo na floresta.
Capítulo 3
Horas se passaram desde que Nella deixou a tribo em que ela nasceu. À medida que ela avançava, um pouco assustador ficava a ponto de deixá-la preocupada desde a última vez que esteve naquele lugar, do tempo em que era uma criança que perseguia aquele cabritinho fugitivo, até ser emboscada pelo Ser-Lobo e do pai dela ir ao resgate dela.
Nella fechou os olhos depois de ter aquela recordação e olhou para cada canto da floresta. Apenas as árvores e a vegetação local são as únicas coisas a serem vistas aqui. Com a cesta na mão, prosseguiu adiante até a casa da Grande Mãe. Ela não sabia ao certo onde a casa dela ficava, mas imaginava que no fundo seria o lugar ideal.
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Tudo parecia calmo na floresta. Os pássaros cantando, o riacho fluindo normalmente, o sol tocando algumas partes do solo e atravessando os galhos de árvore. Nella andava sem nada a se preocupar ou temer. E quando avistou um tronco caído no chão, resolveu se sentar para descansar. Retirando o capuz da cabeça, foi arrumar seu longo cabelo castanho. Sabia que foi penteado pelas servas da Anciã, mas ela queria deixar com uma aparência mais natural. E no meio disso, ouviu alguma coisa se mexendo por entre os arbustos atrás dela. Ela estava séria e um pouco assustada. Tinha receio de que ela seria emboscada como da última vez, sem ter entrado na floresta apropriadamente.
Mas o barulho e a agitação nos arbustos parou de vez. Isso a aliviou para poder pegar a cesta e prosseguir com a Grande Viagem. Andava até onde ela podia. No curso atual às vezes chegava a ser demorado demais, pois ela não tinha ideia de qual direção deveria tomar. E no meio da viagem, parou outra vez por sentir alguma coisa ao redor dela. Algo que passou repentinamente na frente da Garota de Vermelho.
“Você não é daqui, não é?” chamou uma voz vindo atrás de Nella.
A garota tomou um susto quando virou-se para ver quem era. Um rapaz alto de cabelo curto, costeletas longas, pele avermelhada e olhos azuis-claros. Ele vestia uma jaqueta sem manga e com pelos para proteger seus ombros e ao redor do pescoço. Mas o mais assustador era que os braços dele eram peludos e as unhas eram compridas.
Como o Chefe da Tribo a pediu para não falar com estranhos, tentou ao máximo para evitar de respondê-lo.
“O que foi? Parece quieta. Mas não se preocupe. Eu não sou um estranho para qualquer um.” dizia ele enquanto andava ao redor.
Nella se esforçava para se manter calada, mas a forma como ele andava em torno dela a deixava nervosa e assustada. Nella queria fugir dele, mas tentou manter a calma.
“A minha única pergunta inquietante é: Por que uma jovem moça tão bonita, vem para a floresta sozinha?”
“Isto não é da sua conta.” respondeu de vez, quebrando o silêncio por não falar com alguém desconhecido como ele.
“Não é da minha conta?” disse ele ao soltar um riso leve. “Sabe, você é curiosa. Corajosa para vir a este lugar. Pode ter ladrões e criaturas assustadoras, espreitando nas sombras para emboscá-la. Duvido que sua coragem vai protegê-la deles quando a encontrarem e depois tomarem seus pertences e jogar seus restos mortais no chão.”
“Aposto que você seja um deles.”
“Eu? Não. Eu sou um viajante que mora ao redor desta floresta e de vez em quando eu vago por aqui.”
“É mesmo? Que eu saiba, não há sequer uma aldeia na região vizinha desta floresta. Posso saber de onde você veio?”
“Como você, este assunto não é do seu interesse.”
“Que pena. Então não há razão para continuar esta conversa.” respondeu a garota seriamente a ponto de deixá-lo naquele lugar. Entretanto, ele não ficou parado lá, impedindo-a de prosseguir com a viagem dela em paz.
“Eu acho que não é uma boa razão de você continuar com o que estiver fazendo.” respondeu ele ao pegar na mão dela.
Sentindo aquilo, o temor de Nella se alastrou pelo corpo todo. “O que você está fazendo?!”
“Te levando de volta para o lugar de onde veio!” respondeu ele, arrastando-a para frente.
“Você não tem o direito de me levar aonde quiser!”
“Não, mas ao menos eu estou fazendo um favor.”
“Que favor é esse?!”
“Protegendo a sua vida!”
Numa puxada dele, a garota caiu de joelhos no chão. Felizmente a neve amorteceu o impacto das mãos dela, dando a chance para pegar uma porção e jogar na cara dele. Ao se aproximar dela, Nella jogou neve para cegá-lo momentaneamente. Teve a chance perfeita para pegar a cesta e sair correndo.
“Ora, sua…!” gritou ele furioso após tirar a neve de seus olhos.
A Garota de Vermelho corria o mais depressa possível para se afastar do rapaz que tentou me levar de volta para a tribo sem o consentimento dela. Quando ela olhou para trás, só podia ver as árvores e os arbustos se distanciando no horizonte, mas nenhum sinal dele. Ela imaginou que ele tivesse desistido. Porém, um vulto veio do alto e parou na frente dela, fazendo-a perder o controle e cair no chão. Era ele outra vez.
“Te achei. Jogar neve em mim foi uma manobra interessante. Porém é inútil.”
“Como?” disse Nella ao virar seu olhar para trás e depois para ele. “Como você conseguiu me alcançar?!”
“Achou mesmo que poderia escapar de mim, tão fácil assim?!”
Ele a levantou pela gola do vestido e a colocou de costas contra a árvore. Era um cenário assustador, onde Nella não tinha forças para se defender de alguém tão veloz e forte como aquele rapaz da floresta. No meio daquela cena, a garota pode ver a mão dele se fechando para ser lançada contra o rosto dela.
“Da próxima vez, você será levada de volta, nem que eu tenha de levá-la inconsciente!”
Dito aquilo, ele joga seu murro nela. Contudo, ouviu um chamado vindo daquela pessoa.
“Espere! Por favor, não me machuque. Eu digo para você o que quer. Só por favor, eu não quero morrer!”
O rapaz pode ver a expressão de medo e tristeza através dos olhos de Nella. No fundo, ele não queria fazer mal a ninguém, apesar dela ter evitado em falar no primeiro contato com ele. Num instante, ele a soltou.
“Tá legal. Quem é você e o que exatamente faz por aqui?” perguntou ao cruzar seus braços.
“O meu nome é Garota de Vermelho, e… vim de uma aldeia na qual vive assustada.”
“Assustada? Assustada com o quê?”
“Com os… os Seres-Lobo.”
“Seres-Lobos? Eu nunca ouvi falar desses ‘Seres-Lobo’. Como eles são?”
“Eles…” ao continuar a falar, várias recordações sobre as histórias deles e da cena em que o pai dela enfrentou um deles começaram a assustá-la. “eles… são assustadores.”
“Assustadores? Tá. Mas não me explicou bem como eles são. E por quê ‘Seres-Lobos’?”
“Eles… tem aparência de um humano, mas a cabeça deles é de um lobo.”
Aquela resposta o calou por um momento. Aparência de um humano, mas com a cabeça de um lobo. Nella olhou para ele e ficou surpresa com aquela reação súbita.
“Você… você está bem?”
“Esses ‘Seres-Lobo’ que você falou. Com que frequência eles têm atacado a sua tribo?”
“Bom, há um tempo que eles vagam por esta floresta e… atacaram incontáveis caçadores. Incluindo o… o meu pai.”
“Eu sinto muito por ele. Embora eu não o conheça, é o que posso te dizer.”
“Obrigada. Mas, por quê você queria me impedir de prosseguir ao me arrastar de volta?”
“Como eu já disse, este lugar está cheio de coisas assustadoras que espreitam nas sombras. Não é seguro para você ficar ou ir aonde você quer. Devo levá-la de volta.”
“Não, espere. Eu… eu não posso voltar.”
“E por quê não?! Você é teimosa a ponto de jogar sua vida fora ou é surda?”
“Eu tenho que ir para a cabana da Grande Mãe. Se eu não for, a aldeia inteira estará perdida. Minha mãe e os outros, serão devorados pelos Seres-Lobo.”
Nella tampou seu rosto para chorar. O rapaz a encarava sem fazer muita coisa a não ser testemunhar a aflição dela. Olhando para onde seria a aldeia e depois para frente, resolveu se aproximar da garota.
“Eu não faço ideia do que isso tudo se trata, mas eu vou ver o que posso fazer.”
Ouvindo aquilo, a Garota de Vermelho ficou espantada. Dizendo que faria o que puder para confortá-la foi um tanto surpreendente da parte dele.
“Espera. Você disse que vai me ajudar conforme o que pode fazer?”
Ele respondeu afirmativamente com a cabeça.
“Quer dizer que você não vai me levar de volta para a minha tribo? Por quê?”
“Vamos dizer que você me pegou de jeito. Embora você e a sua tribo tenham uma mentalidade um tanto estranha, eu não gostaria de ver alguém chorando na minha frente. Especialmente uma garota.”
“Bom, eu… obrigada.” respondeu Nella com as bochechas um pouco coradas. Levantou-se do chão, arrumando a capa e o vestido para prosseguir com ele.
“O que exatamente é essa Grande Mãe? Ela é sua avó de verdade?”
“Não sei. Muitos chamam ela desse jeito. Não sei o porquê. Só sei que ela é igual a Anciã da tribo.”
“Anciã? Então é algum tipo de líder espiritual.”
“Tipo isso.”
“E sabe mais ou menos onde mora a Grande Mãe?”
A garota balançou a cabeça para os lados. “Só sei que é no fundo da floresta.”
“Certo. Eu vou te levar até onde eu posso no fundo da floresta. É um atalho na qual eu costumo tomar, talvez dê até onde a Grande Mãe mora. Mas eu não quero que você se aventure muito no fundo da floresta. O perigo é maior por lá.”
“Sem problemas.”
Os dois prosseguiram até a casa da Grande Mãe. Tudo ficou mais seguro depois que eles se entenderam. Embora tenha desrespeitado o aviso do Chefe de não falar com alguém que eu encontrasse, Nella percebeu que o rapaz não era estranho demais para ela. Entretanto, ela não fazia ideia quem ele era. A fim de descobrir, resolveu chamá-lo para saber o nome dele.
“Com licença.”
“Hum? O que foi?”
“Posso saber o seu nome?”
“Castanho.”
“Castanho? Por quê um nome de cor?”
“Não é a mesma coisa com você, Garota de Vermelho? Você também usa um nome de uma cor.”
Nella suspirou ao ouvir a resposta dele. Não podia usar muito o nome verdadeiro para desconhecidos. Mas ela não teve muita escolha de escondê-lo para sempre.
“Eu me chamo Nella. Este é o meu nome verdadeiro.”
“Nella? É um lindo nome para uma garota como você.”
“Obrigada.” respondeu ela um pouco envergonhada ao elogio dele.
“Sou William.”
“Prazer em conhecê-lo, William.”
“O mesmo de você, Nella Vermelho.”
“Por favor, não seja assim.”
“Que foi? Achou ruim que eu te chamei por esse nome?”
“Não. Mas eu não quero que seja assim.” respondeu ela séria.
“Como quiser.”
Os dois aventureiros passaram a viagem conversando. William pode ser um cara diferente da maioria dos rapazes que ela conheceu. Um pouco rústico e curioso com as coisas, contudo, é sincero e tem um lado que se importa com os outros. Não sei se foi obra do Destino ou dos Espíritos de terem enviado ele para ajudá-la.
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Horas se passaram, continuamos em nosso trajeto até a casa da Grande Mãe. No meio da trilha, Nella parou por um instante após sentir a barriga roncar de fome. William parou quando a viu segurando a barriga.
“O que houve?” perguntou ele ao ir até a ela.
“Eu não comi nada quando eu parti.”
“Não comeu? E o que guarda na cesta?”
“Eu gostaria de deixar um pouco de comida para a Grande Mãe.”
“Sei que gostaria, mas não é razão de segurar uma coisa que pode usufruir a ponto de deixá-la faminta.”
Nella ficou quieta por ouvir aquilo. William virou-se um pouco para a direita e prossegue andando até um arbusto. Ela se sentou para verificar a cesta e pegar algo preparado pela mãe para a garota comer. E quando ela tirou uma porção de batatas, ele retornou com um coelho na mão.
“Espero que saiba fazer uma refeição com coelhos.”
Depois que ele apanhou aquele coelho, juntaram um pouco de madeira para a fogueira e com as batatas, a moça de capa vermelha preparou num pequeno caldeirão uma sopa de coelho com batata. Pelo cheiro e aparência, daria para ser servido.
William olhava para ela com uma tigela e a colher na mão. Ele a viu comendo várias porções da sopa sem poder intervalar às colheradas. Na próxima porção a ser ingerida, Nella ficou nervosa quando ele a olhava.
“O que foi?”
“Nada. Vendo você tomando sua sopa deu a impressão que a sua fome era grande.”
Nella estava nervosa com aquele comentário feito. Mas depois tornou a comer mais um pouco. Ele retomou com a sopa dele. Quando ela o viu, notou que ele mal tocou direito na comida.
“William, está tudo bem com você? Falei algo indevido para você?”
“Não. Não é isso. É que, não estou acostumado a comer desse jeito.”
“Como assim? Não é muito de ensopados?”
Ele permanecia quieto, sem dar uma resposta para a pergunta. Levantando do seu canto, ele se aproxima da garota e se senta.
“Nella, a verdade é que… eu me alimento de coisas que vocês deixaram de acostumar.”
“Deixamos? Como assim?”
Antes de poder responder, ele escuta algo vindo de longe. Não fazia ideia quem era ou do que se tratava, mas William começou a agir de uma forma na qual pra ele significava perigo.
“Precisamos sair daqui!”
“Mas William, eu mal comi e estou exausta de tanto andar. Por quê precisamos sair daqui?”
O som de passos ecoava fortemente na audição do rapaz. Num instante, ele jogou terra e neve na fogueira e pegou Nella com a cesta até um canto na qual acreditava ser seguro. Um barranco com terra, musgo e arbustos.
“William, o que está havendo?!” perguntou a moça assustada e séria por ter sido arrastada até aquele lugar.
“Nella, me escute. Alguma coisa está vindo pra cá e não vai ser bom se nos pegarem ali. Neste barranco, nosso cheiro estará escondido por entre as plantas e a terra, mas terá que ficar quieta até o momento eu disser que é seguro.”
Nella não sabia realmente o que era. Mas precisou fazer tudo o que ele falava pra ela se era para sobreviver do perigo iminente. Ele olhava para onde estava a fogueira apagada, mantendo a presença deles ofuscada. E num instante, aparecem dois Seres-Lobo. Idênticos ao primeiro que ela viu na infância. Estavam à procura de algo diferente para caçar.
William cerrava seu olhar quando viu as patas deles. A expressão que ele tinha dos dois era um desgosto acentuado, mas a razão de detestá-los ainda era desconhecido para a Garota de Vermelho. Quando ela olhou através do vão entre algumas raízes, a primeira coisa para arregalar os olhos de medo foram as patas deles. O rapaz segurou a boca dela antes que Nella pudesse soltar um grito ou algum barulho chamativo. Ele observava naquele espaço os dois Seres-Lobo olhando ao redor do local, com exceção do barranco na qual estavam escondidos.
Tentaram farejar por algo diferente que estivesse pairando no ar, mas não conseguiram pegar o rastro dos dois aventureiros. Isso fez com eles desistissem daquele lugar e correram para outro lugar. Nella estava nervosa com tudo aquilo, mas precisou esperar pelo momento de poder sair do barranco e continuar com a jornada até a casa da Grande Mãe. William soltou a boca para ela respirar, permitindo com que eles saíssem daquele lugar após aqueles Seres-Lobo terem partido.
“Por que você fez aquilo?!” disse Nella ao se recuperar do susto. “Eu teria ficado sem ar por mais tempo se continuasse tampando a minha respiração.”
“Eles teriam captado algum som que emitisse, mesmo que o seu cheiro fosse anulado no barranco.” respondeu ele. “Mas não se preocupe. Eles já estão distantes daqui agora que este lugar se mostrou inútil a eles.”
“Eles? Os Seres-Lobo que vieram aqui?”
“Aqueles ‘Seres-Lobo’ são lobisomens. Metade homem, metade lobo. Caçam por instinto e vivem em cantos remotos daqui, unidos como alcateias.”
“‘Lobisomens’? E já chegou a enfrentar um deles?”
“Sim. Não foi algo fácil da vez que eu me encontrei com um.”
William olhava para o lugar onde eles seguiram adiante e para o sol poente no horizonte coberto pelos galhos de árvore. Para ele, era sinal de que deveriam achar um lugar seguro para descansar.
“Devemos achar um abrigo para você descansar. Continuaremos a nossa ida até a casa dessa Grande Mãe pela manhã.”
Nella concordou com ele e foram até um lugar na floresta onde estariam seguros dos monstros que vagam por este lugar, agora denominados de lobisomens.
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A noite caiu desde a vez que saíram daquele lugar para comer. Acenderam uma fogueira devido ao vento gelado ser comum no meio da noite. Ela estendeu as mãos para a fogueira a fim de não ficarem geladas e poder aquecer um pouco neste horário. Em seguida, viu o rapaz chegando com um pouco de gravetos secos que encontrou na região a fim de manter a fogueira ativa.
“Pronto. Assim poderemos passar a noite aquecidos.” disse William ao colocá-los no chão. Nella estava quieta diante da fala dele. Surpreso por aquilo, William se aproximava dela.
“O que houve, Nella?”
“Eu só não consigo parar de pensar se foi uma boa ideia ir para este lugar e procurar pela casa da Grande Mãe, mesmo sabendo dos riscos em encontrar esses monstros.”
Ele sentava no tronco caído para ouvir o que ela pensava com relação a tudo isso.
“Eu poderia ter tido uma vida diferente, como a minha mãe queria para mim. Em vez disso, escolhi servir a tribo para a Grande Viagem.”
“O que seria essa Grande Viagem?”
“A Anciã dizia que várias jovens como eu são selecionadas para irem à floresta até a casa da Grande Mãe e consultar os Espíritos a fim de pedir a proteção deles. Muitas antes de mim foram, mas nenhuma conseguiu ir adiante.”
“E por que elas não conseguiram?”
“Dizem que elas se perderam ou foram emboscadas pelos Seres-Lo… digo, os lobisomens, que nos atacavam de forma irracional.” respondeu Nella, corrigindo a sua fala ao adotar “lobisomens” em vez dos “Seres-Lobo”.
William prestava atenção no breve relato da jovem Nella.
“Muitas pessoas passaram a evitar de entrarem na floresta, com poucas demonstrando coragem para entrar e conseguir comida e madeira para suprir as nossas necessidades. Mas, acabaram pagando caro com suas vidas”
“E o seu pai estava entre uma das vítimas deles?”
“Sim.”
“Por quê?”
“Um amigo meu que tinha uma filha com a idade alcançada para a Grande Viagem, desafiou o Chefe da Tribo ao levá-la para longe da tribo e, na época eu era uma menina, fui para a floresta ao procurar um cabritinho do cercado de casa.”
“Um tanto corajoso. De você ir até aqui sozinha e do seu amigo ter violado essa Grande Viagem.”
Nella riu daquele comentário feito por William. Em seguida, mudou o olhar para a fogueira.
“Mas acho tudo isso um tanto repentino. Será que é isso mesmo? Que eu tenho mesmo de ir para a casa da Grande Mãe e consultá-la para pedir a proteção dos Espíritos e salvar a vida de todos lá da tribo?”
William a encarava e depois olhava para frente, suspirando um pouco ao que estava para dizê-la diante daquela pergunta.
“Eu não sou bom nisso, mas, você tinha a chance de voltar para a sua tribo pouco antes de nos conhecermos. Poderia ter a sua vida comum e fazer qualquer coisa até morrer. Mas o estranho é que mesmo que quiséssemos uma vida comum, não sabemos como poderemos lidar com as coisas reservadas pela vida. E às vezes, vale a pena optarmos por coisas diferentes, concebidas pela vida e descobrirmos que isso valerá a pena do que uma vida comum.”
Ouvindo aquilo, o olhar da garota se arregalou de surpresa. Quase se entregando ao nervosismo, sorriu para William.
“Olha, para alguém que eu conheci há tão pouco tempo, você é bom em me inspirar no papel que eu tenho de desempenhar. Valeu William.”
“Disponha.” respondeu ele.
Num instante, Nella boceja de sono. O rapaz colocou mais um galho na fogueira para alimentar o fogo e protegê-los do frio. Ela estava quase tombando a ponto de cair em cima do rapaz. Ele coloca a mão dele no ombro de Nella para deixá-la acordada mais um pouco.
“Devia descansar agora a fim de recuperar suas forças.”
“Tá bem. Por um instante, eu quase estou caindo no sono.” respondeu ela ao se levantar e preparar um canto para dormir. E ao se deitar com os braços para apoiar a cabeça dela, William tirou seu casaco do corpo e colocou em cima dela. Em seguida, ele se dirigiu até o outro canto daqui para descansar. A chama os manteve seguros do frio durante o descanso.
////
No dia seguinte, Nella continuava dormindo no chão com o casaco de William no corpo. Ao abrir os olhos, notou que a fogueira estava apagada e o rapaz tinha sumido. Quando ela se levantou, sentiu algo deslizando dos ombros dela. Ao apanhar para ver o que era, tratava-se do casaco que o William usava.
“William?” chamou a jovem moça, preocupada por estar só.
Saiu para procurá-lo a fim de poder continuar a Grande Viagem. Andando, olhava de um lado para o outro à procura dele. Tudo o que ela mais encontrava eram árvores, arbustos e grama. Pássaros cantavam por entre os galhos. O coração dela palpitava rápido à medida que avançava.
Mais a frente, ouviu o som da água, fluindo solta no riacho. Nella seguiu o som dela, encontrando o rapaz que guiava ela até a casa da Grande Mãe. Ele lavava seu rosto e aos poucos, bebia para saciar sua sede. Ouvindo os passos dela, ele virava seu rosto com algumas gotas escorrendo após a última lavada.
“Olá Nella.” cumprimentou ele.
“Oi. O que estava fazendo?”
“Bebendo água e lavando o meu rosto. Eu sempre venho para cá quando a água não fica gelada.”
Quando ele se levanta e se aproxima da garota, a reação súbita dela era de ficar nervosa por vê-lo sem o casaco. Sem nada para cobrir o peito em um cenário gelado, não seria agradável para uma pessoa de temperatura corporal estável se adoecer.
Nella estendeu o casaco para William e em seguida, ele pegou para vestir.
“Obrigado Nella.” agradeceu ele.
“De nada.”
A Garota de Vermelho estava confusa por ele ter os braços peludos e as unhas compridas. Um rapaz ou um homem da tribo não teria esses traços como os dele. O que seria ele afinal?
“William.”
“Diga.”
“Por quê você ofereceu o seu casaco para mim? Não sentiu frio sem ela?”
“Nella, eu não me incomodo com o frio. Eu tenho me acostumado com a baixa temperatura por um bom tempo. Já você precisa de roupas para reter a temperatura corporal para não correr o risco de se dissipar no ambiente externo.”
“Mesmo que as roupas possam reter a minha temperatura corporal, como você consegue aguentar o frio só com esses braços peludos e com poucas roupas?”
Antes de continuar a conversa, William ouviu algo que o deixou em estado de alerta constante. Optou por encerrá-la repentinamente ao retomar o curso original da jornada.
“Devemos continuar com a nossa jornada. Se demorarmos, não sabemos como ou quem vai nos encontrar em um lugar como este.” concluiu ele com uma expressão séria.
“Tá bem, William.”
Os dois pegaram a cesta e continuaram a jornada até a casa da Grande Mãe através do atalho de William. Uma parte parecia que não estava dando muito êxito em conseguirem encontrar a casa daquela figura misteriosa pela tribo de Nella, mesmo que isto fosse o caminho mais rápido até o interior da floresta. Às vezes parecia que o perigo ficava maior à medida que avançavam. Entretanto, Nella foi conhecendo um pouco melhor o lugar que estavam.
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Numa das paradas, William encontrou uma fonte termal para a companheira se banhar. Como ele é um garoto, resolveu deixá-la sozinha para se despir e entrar na água.
“Eu vou vasculhar por aí a fim de conseguir encontrar a tenda da Grande Mãe. Me chame caso aconteça alguma coisa.”
“Tudo bem, William. Eu vou ficar bem.” respondeu a jovem garota, removendo a capa vermelha que cobria seus ombros e corpo.
Dito aquilo, William balançou a cabeça para frente, distanciando do local. Enquanto isso, Nella desfez de seus vestidos e botas, dirigindo-se à fonte termal.
Ao entrar na água, Nella sentiu o calor fluindo no corpo dela a ponto de fechar seus olhos e relaxar. Mesmo estando sozinha naquele lugar, ela sentia uma certa preocupação de que seria atacada a qualquer momento. Nella fechou os olhos, sentindo o corpo dela sendo arrastado pela calmaria e pelo som da água percorrendo a fonte.
Atrás dela estava uma mata densa. E no meio dela, algo se aproximava do lugar em que ela estava. Se arrastava na direção da fonte, atravessando aquela vegetação fechada. Quando ela avistou a jovem moça banhando-se nas águas quentes da fonte, ficou observando-a sem se mexer e sem reagir. Ela estava quieta, sem saber daquilo que a espreitava no banho. Mas ao abrir os olhos dela, ouvi algo se mexendo na mata. Virando o seu rosto, ela fugiu.
“Olá?” chamou a jovem Nella, preocupada por quem estivesse naquele lugar. Nenhuma resposta. “William, é você? Se for você, saiba que não tem graça ficar me espiando.”
William não estava por perto, o que a deixava à mercê de qualquer coisa nesta floresta. Animais selvagens, bandidos, lobisomens, qualquer coisa que viesse para esta fonte termal e matá-la, sem algum remorso. Mas como ela fugiu após Nella abrir os olhos, isto indicava que podia ser um animal silvestre que não pudesse demonstrar alguma força agressiva.
Em seguida, a garota saiu da fonte para se vestir e continuar a jornada até a Grande Mãe. Pegando os vestidos, tornou a vesti-los um de cada vez. E depois, vestiu as botas e a capa vermelha. Tudo parecia calmo após o banho, sem nenhum mal para feri-la ou tirá-la do curso. Num instante, ouvi algo se mexendo na mata. Desta vez, a origem do som se aproximava de Nella. Como resposta, a garota tentou recuar a fim de conseguir sair daqui.
Recuava aos poucos, mantendo a visão dela para a origem do barulho. Mas um pequeno desastre acontece durante a tentativa de fuga. Nella tropeçou em um galho no chão. E quando tudo parecia ser o fim dela, ao cobrir o rosto com as mãos de medo, o rapaz que a guiava até aquele lugar, reaparece.
“William! Céus, que susto.” gritou Nella assustada e quase aflita.
“Não era a minha intenção assustá-la.”
“Não? Mas então, o que você estava fazendo?!”
“Eu disse a você que eu fui procurar por alguma coisa que pudesse nos ajudar com a viagem até a casa dela. E eu consegui.” respondeu ele. Nella notou que o olhar dele mudou para onde esteve.
A Garota de Vermelho se aproximava dele para ver, a fim de entender melhor do que se tratava. Ele apontou com o dedo para uma região na floresta, indicando para Nella onde seria a casa da pessoa que a Anciã aconselhou em procurar.
“Lá. Consegue ver, Nella?”
Ela olhava para onde o William apontava com seu indicador. Para a surpresa dela, era uma fumaça. Pequena e acinzentada. De longe, não dava para ver de acordo, mas para William, era possível vê-la.
“Alguma coisa.” disse a garota de pele pálida, tentando fechar um pouco os olhos dela para ver melhor. “Tá bem longe para eu poder ver.”
“A casa pode estar longe daqui, mas se continuarmos em frente, poderemos chegar até o entardecer.”
“Mas e os lobisomens?” perguntou ela assustada em relação ao entardecer.
“Eles não vão atacar a gente. Pelo menos é o que acredito.” respondeu ele ao se preparar para guiá-la até a casa da Grande Mãe.
Nella tinha receio de que a resposta dada por ele pudesse ser falsa e aqueles seres pudessem emboscá-los e matá-los. Ir até a casa da Grande Mãe se mostrava mais perigoso do que qualquer coisa que ela já viu em toda a vida. Mesmo assim, precisou continuar seguindo o William enquanto ele mostrava o caminho mais rápido até aquele lugar.
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Horas de trilha se passaram desde aquele momento na fonte termal. A viagem parecia longa demais para chegar na casa da pessoa que a Garota de Vermelho precisava conversar e se comunicar com os Espíritos para poder salvar a família dela e a todos na tribo. Mas diante de toda aquela viagem e as pequenas adversidades encontradas no caminho faziam ela se sentir que deveria ter desistido no começo. Agora que eles estavam perto de chegar, a opção de desistência ficou fora de alcance.
William prosseguia na frente para desbravar algum sinal de perigo caso surja um e ameace eles. Felizmente, as coisas parecem seguras e um pouco mais rápidas a fim de chegarem naquele lugar. Entretanto, no caminho até a casa dela, Nella escorregou ao dar o próximo passo. O rapaz escutou aquilo e virou-se para ajudá-la.
“Nella! Tudo bem com você?!” perguntou ele ao socorrer a jovem garota.
“É. Parece que sim.” respondeu com a mão erguida para ele pegar e ajudá-la a ficar de pé.
“Deveríamos parar um pouco para descansar.”
“Não. Eu estou bem.”
Após dizer aquilo, Nella tentou se mover, mas novamente derrapou pela exaustão, quase caindo se não fosse pelo William que estava perto dela.
“Nella, é melhor você descansar por hoje.”
“William…”
Antes que pudesse continuar, ele a carregou nos braços dele e foi para um tronco caído, colocando-a naquele objeto. Feito isso, foi examinar os pés de Nella, tirando as botas no processo.
Com uma delas removida, os dois viajantes notaram algumas vermelhidões no calcanhar e na costa do pé. No outro estava a mesma coisa. Isso era sinal de que Nella forçou eles no trajeto até o lugar onde a Grande Mãe está.
“Foi o que imaginei. Vamos parar para descansar e continuarmos mais tarde.”
“Mas William, se esperarmos mais um pouco, poderemos morrer de frio ou pelas feras noturnas. Inclusive eles.” disse ela assustada enquanto descansavam no tronco.
“Não vamos morrer aqui. Não enquanto eu estiver por perto.” respondeu ele, demonstrando confiança e coragem para ajudá-la a enfrentar esse medo.
Vendo aquele olhar e coragem vindo dele a fez sentir segura de qualquer perigo. Seja da noite, do frio, das feras e dos lobisomens. Ao olhar para frente, ela ficou um pouco nervosa, mas confiante em si mesma e no William.
“Valeu William. Fico feliz que ficará por perto para me proteger e colocar coragem em tempos difíceis.” respondeu Nella, sorrindo para ele.
“À vontade, Nella.”
Num instante, Vermelho resolveu levantar a cesta para ver se tinha mais comida. Como a mãe dela tinha dito que podiam usufruir de alguma coisa mas que Nella deveria guardar um pouco para a Grande Mãe, foi pegar algo leve e que pudesse sustentá-los durante o repouso. Neste momento, retirou uma espécie de pão com casca dura. Dora tinha feito isso no caso da filha sentir fome. Partindo um naco desse pão, Nella passou-o para o William. Ele a agradeceu e foi provar um pedaço. Nella pegou o naco dela e foi comê-lo.
“Esse pão é um pouco duro. Será que não envelheceu?” perguntou ele estranhando a dureza da casca.
“Ah não, ele é assim mesmo. Minha mãe costuma fazer esse tipo de pão.”
“Legal. Ele é sempre duro?”
“Sempre. Mas dá para aproveitar bem o recheio dele caso não goste da casca.”
“Sem problemas, Nella. É que, não estou acostumado com isso.”
Aquela fala de William a fez lembrar da vez que ele disse sobre “se alimentar com algo que deixaram de acostumar”. Por causa disso, ela foi perguntá-lo daquilo que o faz sentir acostumado e ela não.
“William, só uma pergunta.”
“Pergunte.” disse ele ao engolir o pedaço do miolo.
“Como assim você tinha dito sobre ‘se alimentar com algo que deixamos de acostumar’?”
Ele olhava para frente com o naco na mão. Tinha um certo receio de contar toda a história sobre a sua origem. Nella não fazia ideia do que ele era ou a sua origem. Mas de uma única coisa, ele a contou.
“Nella, eu moro perto da floresta. Vago sempre por aqui e só consigo encontrar qualquer coisa que a natureza possa me oferecer. Como raízes, frutas silvestres dos arbustos e das árvores, ovos e carne de criaturas que caço e pesco. Esse tem sido o meu jeito de viver.”
“Quer dizer, que vive de alimentos crus da floresta e dos animais que caça?” perguntou a garota de cabelos castanhos, com um certo grau de ânsia.
“Sim. Embora vocês tenham a capacidade de fazer fogo e cozinhar coisas para se alimentarem, eu não apresentei algum tipo de doença ou mal-estar só por comer carne crua.”
“Eu não teria muita coragem de comer esse tipo de refeição.”
“Por isso eu tinha dito que vocês deixaram de se acostumar com esse tipo de refeição. Quando você me serviu aquela sopa de coelhos, não tive muita disposição para ingerir aquilo, mesmo que você tenha preparado da melhor forma para uma pessoa como você.”
“Como eu? Em que sentido, William?”
“Sabe, alguém que mora numa comunidade humana e que faz coisas nas quais vocês entendem. Já eu. Eu sou… diferente de vocês.”
Nella queria perguntar o que ele é de verdade. Mas antes de fazer isso, o rapaz se levanta para verificar os pés dela. Deram uma normalizada após o descanso, mas precisava ver com ela se ainda podia continuar com o percurso até a casa da Grande Mãe.
“O que foi?”
“Só estou vendo se os seus pés melhoraram.”
“E como estão?”
“Bom, veja você mesmo.”
Olhando para eles, a garota pôde notar que estão normais. Mas se eles ainda podem suportar todo aquele peso e se movimentarem? Somente ela precisava ver por si próprio. Levantou por um minuto e estendeu o pé direito para frente. Depois dele o esquerdo. Nella sentiu que podia retomar o caminho na Grande Viagem.
“Incrível! Não imaginava que eles fossem ficar bons outra vez, só por termos passado esse tempo conversando.”
“É. Quem diria que o tempo cura.” respondeu ele com um humilde sorriso.
“É. Valeu William.” agradeceu ela com um sorriso. William ficou quase sem responder por aquilo, mas a respondeu.
“Não há necessidade para me agradecer, mas aprecio pela ajuda.”
“Bom, precisamos ir logo até a casa da Grande Mãe. Podemos?”
Ele concordou com a colega. Os dois retomaram a viagem até a casa da Grande Mãe. Tudo parecia pacífico durante o trajeto. William estava na frente para garantir que estavam indo no caminho certo e seguro.
Nella olhava para o horizonte, vendo que o sol estava um pouco mais próximo do chão. A preocupação dela era se os lobisomens fossem sair para caçar e os apanharem em meio ao ar livre, sem nada para defendê-los. Olhando outra vez para o rapaz, sentiu-se mais segura. Sentia aquilo como da vez que o pai dela a levou para esta floresta quando tudo aquilo não havia acontecido. Aquela coragem emanava dos braços dele e ele passava de um lugar para o outro. Era… reconfortante.
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A viagem estava terminando aos poucos. Na chegada, os dois puderam ver a cabana da Grande Mãe, feita de madeira e algumas partes com tecido de pano grosso. Sorriram por terem alcançado o fim de uma parte da Grande Viagem. E como o William a ajudou com aquele atalho até esta região da floresta, uma parte do crédito por esta viagem seria dada a ele.
“Viu, Nella? Eu disse que eu te levaria através deste atalho. Chegamos bem a tempo do crepúsculo.” disse o rapaz sorrindo.
“Sim, William.”
Os dois jovens tiveram uma breve troca de olhares pouco antes da Nella avançar até a casa. Ela tinha tantas perguntas sobre o que a figura misteriosa dita pela Anciã e pelo chefe da tribo fazia aí na floresta, como ela chegou ali e como ela não foi atacada nesse tempo que passou em solidão.
“Olha, eu não imaginava que eu tive sorte de conhecê-lo ao acaso e me ajudar com esta responsabilidade que me foi colocada.”
“Eu digo o mesmo de você, Nella.” respondeu ele olhando para Nella. “Não imaginava que você conseguiu me convencer a desistir de te levar de volta para o vilarejo de onde veio. Só pra chegar aqui.”
“É. Não imaginava que eu conseguiria fazer aquilo.”
“Mesmo que algumas coisas fossem adversas para você desbravar, você foi adiante e conseguiu alcançá-las.”
Antes de entrarem, eles olharam para o horizonte por um momento. O sol sumia à medida que anoitecia. Nella estava um pouco assustada, pois sabia que os lobisomens e as criaturas da noite vão sair para caçar. Deu um passo pra frente até a casa, mas William ficou no mesmo lugar de antes. Isso a deixou surpresa.
“William, o que houve?”
“Nella, desta vez eu não posso ir com você.”
Aquela resposta foi assustadora. Como assim ele não podia mais ir com ela? Será que existe alguma razão para ele ficar ali?
“Não pode? Mas, por quê?”
“A minha parte de te levar à cabana da Grande Mãe já está feita. Tudo o que falta fazer é você ir sozinha até ela.”
“William, eu… eu não estou entendendo.” disse a Garota de Vermelho quase aflita a ponto de chorar.
Antes de que ele pudesse deixá-la sozinha, ele colocou suas mãos no rosto dela. “Não se preocupe, Nella. Garanto que nenhum mal venha acontecer para você. Pense em mim quando sentir algum perigo ameaçador.” Em seguida, ele beijou a testa dela. Foi uma sensação confortante em sentir aquele toque para concebê-la um pouco de coragem e forças para continuar o que foi designado para ela na Grande Viagem. Nella fechou seus olhos quando os lábios deles tocavam na testa dela e aos poucos, ele foi se afastando dela. Ela não queria que ele fosse embora e deixá-la sozinha na floresta.
Ela tornou a abri-los novamente, podendo apenas ver as árvores, neve, terra e outras coisas. Mas nada do William. O garoto que a guiou até a cabana da Grande Mãe se foi. A Garota de Vermelho queria chorar, mas não pode. Isso demonstraria um sinal de fraqueza na qual prejudicaria o dever dela com a minha tribo. Limpou os olhos de qualquer lágrima com um pedaço da capa e seguiu adiante até aquele lugar.
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