Antony in Warhammer 40K - Chpt 3 [Portuguese - BR]
Antony in Warhammer 40K [Portuguese - BR]
Descrição:
Antony em Warhammer 40K é uma pequena série fanfic, criada por Antony Bindilatti com inspiração em alguns crossovers de diversas séries de filmes, seriados e jogos com Warhammer 40K – criada por Rick Priestley e Andy Chambers da empresa Games Workshop.
O foco da história aborda o jovem Antony – protagonista de Antony's Triviality; em mais um dia qualquer, até encontrar um portal dimensional com energias estranhas para o mundo dele. Contudo, algo chamou a atenção dele a ponto de investigar o outro lado. Para a surpresa do herói, ele embarca numa jornada em um universo completamente diferente, na qual a Terra era um planeta tomado por várias megacidades e tecnologia rudimentar, ao mesmo tempo avançado para a época; e a civilização humana – conhecida como o Império do Homem; seguia uma doutrina militar religiosa austera e que despreza tudo aquilo que não fizesse parte do Império, como alienígenas, mutantes e hereges, decretando guerra total com esses seres.
E para completar a surpresa desagradável, Antony descobre que seus poderes e habilidades sumiram, na qual precisava lutar não somente pela sobrevivência como também para descobrir um meio de voltar para o universo dele e cortar a conexão com aquele mundo.
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Capítulo 3
Passou-se um dia após as Irmãs de Batalha da Ordem do Sudário Argênteo resgatarem o jovem Antony dos Orks. Elas o levaram para um assentamento Imperial para atendimento médico.
Entretanto, ele seria monitorado constantemente devido às suspeitas pela canonisa Dolores, a comandante do destacamento das Guerreiras Sororitas. A razão para isso foi durante a breve sessão de perguntas por ela, onde o Antony cita um Portal do mundo dele na qual o trouxe para o mundo delas. Para Dolores, tratava-se de um Portal do Warp e que o garoto poderia ser um possível agente do Caos ou um herege por não fazer parte do Império do Homem. Em resposta, ela acionou o inquisidor Val Merkutius, informando-o desta informação recente. Ao mesmo tempo, Khorne, Tzeentch, Nurgle e Slaanesh, os Deuses do Caos vindos do Immaterium, visitaram Antony em seu sonho, sussurrando na mente dele com propostas de se juntar a eles e revelando imagens do garoto da Terra como um campeão de um dos Deuses. Antony, por sua vez, resistiu a elas, mas foi avisado de que não há meios de escapar da influência deles.
Com o sol beirando em meio aquele horizonte cinza, tudo indicava que o dia começaria bem difícil para o jovem herói. Antony se encontrava dormindo no leito do quarto de hospital do acampamento Imperial. Tudo parecia bem calmo em seu sono profundo, apesar da visita que teve dos Deuses do Caos no meio da noite.
E ao falar de que o dia começaria bem difícil, o guarda que vigiava o jovem garoto surge da porta para acordá-lo.
“Senhor Antony, você está sendo requisitado a comparecer no pátio agora!” chamou o oficial do Império.
Nenhuma resposta. Antony permanecia dormindo no leito. Em vez disso, ele ficava murmurando em seu sonho.
“Agora não, mãe. Me deixa dormir mais uns cinco minutos.”
A fala de Antony estava deixando o guarda beirando a tolerância da paciência. Novamente, ele o chama.
“O senhor está sendo requisitado a comparecer no pátio AGORA!” chamou ele bem alto.
A fala do guarda acordou o jovem herói de seu sono. Antony estica os braços para os lados enquanto bocejava.
“Uhh? O que…? O que houve?” perguntou Antony.
“O comissário Nikolos requisitou que todos os residentes deste acampamento se reunirem no pátio. Isto inclui você.”
Curioso pelo motivo da convocação, Antony perguntou. “Ao menos eu posso saber sobre o que seria essa convocação?”
“O comissário informará sobre o motivo. Agora, vista-se para ir ao pátio.”
Antony não demonstrou uma boa cara ao ouvir “vista-se”. “E onde estão as minhas roupas?”
“Aquelas suas vestes primitivas foram incineradas sob ordens da canonisa.” Em seguida, o guarda jogou um pacote de roupas adequadas ao padrão do Império no rosto do garoto. “Suas novas roupas estão aqui. Trate de vestir.”
O rapaz levantou uma camiseta de cor caqui, junto uma calça preta e uma espécie de calção como roupa de baixo de cor verde. Ao vestir o calção e a calça, Antony virou o olhar para o guarda.
“Vai ficar me olhando para vestir essas roupas?!” perguntou o rapaz nervoso.
O guarda não respondeu a pergunta dele. Permaneceu com o olhar fixo nele. Como resposta, Antony suspirou.
“Tá bem. Eu vou vesti-las.”
Antony levantou o lençol do leito, revelando seu corpo magro, parcialmente musculoso e despido.
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Após vestir as novas vestes, Antony já se encontrava no pátio, junto de várias pessoas de diferentes cantos daquele planeta. Um deles era um homem por volta dos 45 anos. Vestia uma camiseta igual ao do garoto, com uma jaqueta preta de mangas rasgadas. Outro era um senhor de 71, com uma camiseta branca manchada de preto, marrom e cinza. Os demais tinham idade entre 24 e 41. Todos praticamente estavam a mais tempo que ele.
Em seguida, surgiu um homem acompanhado de dois guardas imperiais. Este vestia um uniforme militar da cor preta e faixas douradas e vermelhas. O quepe tinha o mesmo padrão de cores, com uma caveira com asas da cor dourada. Junto das vestes usava um par de botas grandes de cor marrom-escuro, um sabre e uma pistola laser.
O homem tinha uma altura um pouco inferior perto dos dois guardas, chegando próximo da linha dos ombros. O rosto dele repleto de rugas e cicatrizes podia indicar que era um homem de 83 anos, com batalhas vencidas em suas costas. Pela jaqueta, não dava pra ver se ele tinha algum implante para aprimoramento ou pra substituir algum membro perdido dos combates engajados.
Antony notava os três homens se posicionarem no meio do pátio, estando de frente para ele e as demais pessoas que estavam presentes. Todos olhavam fixamente para o personagem central desta reunião.
“Muito bem, seus idiotas miseráveis.” dizia o homem de vestes pretas com um sotaque britânico. Pelo jeito ele era o comissário que o guarda tinha mencionado. “Eu sou o comissário Nikolos. Eu imagino que vocês estão aqui por um motivo! Como sabem, este acampamento tem sido alvo de incontáveis incursões de Orks, Eldar, hereges, alienígenas, mutantes e de potenciais traidores do Império.”
O comissário discursava perante um pelotão de pessoas reunidas no pátio, incluindo o jovem Antony. A maioria deles permanecia atenta ao homem e nas palavras dele. Outros ficavam olhando uns aos outros, para depois serem reprimidos oralmente ou com coronhadas dos guardas. O homem de quepe preto não demonstrou que se importava com aquilo.
“Como estamos com escassez de mão de obra militar e estamos na espera por reforços da frota, é dever de todos os cidadãos do Império de darem suas vidas pelo Imperador da Humanidade.”
Em meio ao discurso, o Nikolos andava de um lado para o outro, passando pelos Kasrkin, os soldados de elite que o acompanharam até o pátio. Diferente dos outros soldados do Império, os Kasrkin usavam uma variedade de armas em relação aos guardas. Como por exemplo, os guardas portavam fuzis Lasgun ou carabinas Lascarbine como arma principal enquanto que os Kasrkin portavam armas de plasma, Meltagun, Hellgun ou até metralhadoras laser. Ambos podiam portar pistolas Laspistols, granadas de fragmentação, granadas Krak, Bombas Melta e espadas-motosserras.
“Há vários campos de trabalho para vocês fazerem a sua parte para reforçar as defesas deste acampamento, enquanto os que forem selecionados para o alistamento deverão me acompanhar ou aos guardas para iniciarem o treinamento.”
Algumas das pessoas ficaram nervosas por ouvirem a parte do “acompanhar o comissário ou aos guardas para o alistamento”. Alguns cochichavam relatos de conscritos sendo mortos durante o treinamento por sedição ou incapacidade de realizarem as atividades solicitadas pelos superiores.
“Lembrem-se: O Imperador está sempre vigiando por vocês. Qualquer sinal de deserção será punido com a morte. E eu não hesitarei em atirar em um de vocês.”
O comissário parou por um instante, mantendo o olhar sobre o grupo de pessoas no pátio. Antony permanecia quieto diante daquele discurso.
“Portanto, façam a sua parte e vocês serão eternamente protegidos por Ele. Pelo Imperador! Pela humanidade!”
Todos os homens responderam ao mesmo tempo a última fala do comissário. “Pelo Imperador! Pela humanidade!”
Após o discurso, várias pessoas que estavam presentes se dirigiram aos seus respectivos lugares. Os guardas Kasrkin selecionavam os que tinham aptidão física e psicológica para fazerem parte da tropa reservista do Império. Antes que Antony pudesse ir para o lugar designado, o comissário o chamou.
“Um momento de sua atenção.”
Ouvindo aquilo, ele apontou com o dedo direito para ele mesmo, surpreso.
“Eu?”
“Sim, meu jovem. Aproxime-se.”
Sem demonstrar recusa ou qualquer outro tipo de sinal para ser enquadrado como um desertor ou um herege, o garoto se aproximou do homem velho.
“Você deve ser o garoto que alega ser da Terra e que veio para este planeta por meios desconhecidos.”
Surpreso por ouvir aquilo, Antony tentou disfarçar sua preocupação, balançando seus ombros.
“Acho que eu estou ficando famoso pelas redondezas.”
O comissário estava diante do jovem garoto. Pela altura, Antony era um pouco mais alto que ele, mesmo com a ponta do quepe projetada para cima. “A canonisa Dolores me informou sobre você.”
“Sério? E, falou sobre o motivo de eu estar aqui?”
“Não. Dolores não me passou todos os detalhes. Só me informou de que você está sob supervisão Imperial e sob hipótese alguma está autorizado a deixar este acampamento.”
“Certo.” Respondeu Antony, virando o olhar pra direita. Em seguida, voltou a olhar para Nikolos. “E onde a Dolores está?”
“Dolores e as demais Irmãs saíram faz algum tempo. Como eu estou encarregado de monitorar este lugar, tudo o que eu falo e ordeno, você fará sem questionar.”
O comissário Nikolos se aproximou de Antony, com as mãos dele apoiadas nas costas. O olhar dele expressava certo temor perante os comandados. Ainda mais para o rapaz.
“Há vários guardas da Astra Militarum neste acampamento e nos campos de trabalho, monitorando dia e noite. E nós temos a autoridade de executar qualquer traidor ou herege que demonstrar ato que desafiasse o Império do Homem. Isto inclui você.”
“Mas eu não fiz nada de estranho pra merecer isto.” Disse Antony com um olhar de preocupação para o comissário Nikolos.
“Não é o que você fez. Mas sim o que você pode fazer.” Respondeu o homem de uniforme preto. “De todas as formas, você será designado para um dos campos de trabalho. Siga aquele guarda. Ele vai te mostrar o que é para ser feito.”
Antony virou-se para ver o homem apontado por Nikolos. Em seguida retornou ao homem. “Eu posso lutar também. Tenho aptidão física, psicológica e treinamento adequado para ser um soldado.”
“No momento você vai trabalhar nos campos junto com os outros. De ambas as formas, você não está autorizado a sair. Se eu estiver por perto, o guarda tem a ordem de atirar em você.”
O guarda de colete verde aproximou-se de Antony, apoiando a mão esquerda no ombro direito do rapaz. Era sinal de que estava na hora de ir para o trabalho.
“Faça a sua parte e o Imperador te concederá proteção.” Encerrou o comissário, virando-se para ir ao seu respectivo lugar.
Antony acompanhou o guarda até o lugar designado por Nikolos. Virando-se para um breve olhar naquele homem pequeno, as sobrancelhas cerraram com uma certa amargura.
“‘O Imperador te concederá proteção’. Grande coisa. Eu só penso que esse Império não passa de um regime autoritário.” pensou Antony com relação à fala de Nikolos e do tratamento dos soldados com os cidadãos Imperiais. Isto o fez lembrar do tempo em que o ancestral dele, Antor’Ak, foi um guerreiro leal a Stu, o Príncipe dos Templários Kaessun; e do tempo em que foi feito prisioneiro por ele e pelo regime nazista em 1942, quando desafiou as autoridades da SS quando estavam para ceifar as vidas de civis na Polônia, além de sabotar as levas de suprimentos do exército alemão para o Fronte Leste.
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Minutos depois, Antony estava em um campo de trabalho designado por Nikolos. Ao redor dele era uma espécie de ferro-velho, contendo peças e componentes que pertenceram a alguma nave ou veículo do Império, ou até mesmo rochas e minérios essenciais para a construção de novas armas e máquinas de guerra.
Ele não estava sozinho. Havia outras pessoas trabalhando no mesmo lugar, uns carregavam as peças extraídas para uma espécie de tanque com design similar à de um blindado inglês Mark V da Primeira Guerra Mundial. Este veículo foi modificado para transportar peças e componentes pesados para um depósito do Império, cuja localização naquele planeta não é conhecida para todos, senão muitos. Em seguida, o veículo deixou o local, com toda carga armazenada no convés para o respectivo destino.
O guarda designou Antony para uma área com várias ferramentas, peças e destroços de naves e máquinas bélicas do Império. Contudo, havia mais peças de máquinas Ork, armas e até componentes biônicos do que da própria facção que estaria de olho nele.
“Sua tarefa é bem simples: Separe as peças das nossas máquinas daquelas que são de origem Ork. Os que forem nossas peças, coloque-as naquele pátio.” Apontou o homem de armadura verde.
“Certo. E o que vocês fazem com elas?”
“Há um comboio de tanques Chimera que passa para coletar as peças, igual àquele veículo que já partiu. Tudo o que for nosso, será reaproveitado para consertar nossas máquinas de guerra. O que for daqueles brutos, coloque-as de lado. Serão enviadas para um lugar na qual serão descartadas de forma apropriada.”
“E esse lugar, quem é o encarregado? Onde ele fica?” perguntou Antony, curioso a respeito do lugar.
“Você não está autorizado a saber sobre essas informações. Está sob supervisão Imperial por ter vindo por motivos desconhecidos. Temos ordens de supervisioná-lo e de eliminá-lo caso demonstre algum tipo de comportamento que viole esta jurisdição.” respondeu o guarda Imperial.
Antony olhava seriamente para o homem que o supervisionava. Olhando ao redor dele, notou que os homens trabalhavam incansavelmente, com os guardas patrulhando o local, com fuzis Lasgun de prontidão para abrir fogo em quem for se rebelar. Um dos guardas que chegou junto do garoto precisou incentivar um trabalhador de quase mesma idade com uma coronhada nas costas para ir ao trabalho.
Isso fez com o herói tivesse uma impressão negativa pelo Império do Homem. Se o Imperador da Humanidade protege a todos do Império, segundo o que o comissário Nikolos falou naquele instante no pátio, por que aqueles guardas imperiais executam atos de violência física ou de vigilância armada o tempo todo sobre as pessoas que deveriam realmente proteger? Será que tudo isso não passa de mentiras ditas pelos oficiais do Império para todos pelo que os Deuses do Caos citaram para Antony?
O herói da Terra optou por acatar aquilo e iniciar o trabalho que lhe foi passado. Com isto, o guarda passou a assumir uma certa distância dele, mas mantendo a visão dele em Antony durante o trabalho de separar as peças de veículos do Império das demais.
Tudo prosseguia em ordem conforme ele realizava seu trabalho. Antony depositava as peças selecionadas em uma pilha própria para ser enviada pelo veículo descrito pelo oficial do Império. Já as peças de origem Ork foram colocadas em outra pilha, conforme a instrução passada. Os demais sobreviventes faziam o mesmo trabalho que ele. Cada um em seu respectivo ponto daquele campo.
Passado uma hora desde que chegaram naquele lugar, as pilhas de peças e sucatas cresceram. Os rostos daqueles homens ficaram suados, com um pouco de terra, pó e óleo grudando. Antony esfregava a testa, espalhando aquela sujeira junto do suor. Novamente, voltou ao trabalho. Os guardas patrulhavam ao redor dos operários, mantendo seus fuzis Lasgun na mão.
Com o sol beirando o horizonte cinzento, um som de veículos surgiu, chamando a atenção de Antony e dos outros. Ficava mais alto à medida que se aproximava da área de trabalho. Aos olhos deles, o som ganhou a forma de um tanque Chimera. Tinha o mesmo design que o outro tanque para recolher as peças extraídas das máquinas de guerra do Império. Atrás dele surgiu um outro tanque de modelo e pintura similar. Todos portavam o emblema de uma águia de duas cabeças, idênticas aos uniformes dos guardas imperiais. O comboio totalizou sete tanques para extrair as peças dos veículos imperiais.
Os tanques Chimera estacionaram no centro do local de trabalho, um após o outro. Todos abriram as comportas do compartimento de carga, expelindo uma cortina de fumaça espessa e gelada. E no meio daquilo, surgiu uma figura humana portando uma espécie de cetro ou lança. A fumaça se dissipou, revelando o restante daquele indivíduo.
Para o espanto de Antony, ele tinha braços mecânicos que se estendiam das costas, olhos substituídos por implantes, respiradouro instalado no lugar da boca e nariz. As pernas e partes do corpo não eram mais de carne, osso e sangue. Eram componentes cibernéticos instalados cirurgicamente. Vestia um manto longo com capuz de cor vermelha com bordas douradas e uma espécie de botina de mesma coloração. No manto, portava um desenho de uma caveira óssea com o lado esquerdo mostrando uma versão cibernética dela, com uma engrenagem como auréola ao redor do emblema. A lança vinha com várias engrenagens e serras na ponta, tornando-a uma arma para infligir dor e agonia quando perfurando a carne dos inimigos e dilacerando-a. Tratava-se de um Tecno-Sacerdote dos Adeptus Mechanicus a serviço do Imperador naquele planeta. Em seguida, outros surgiram dos Chimera para recolher as peças dos respectivos operários, incluindo as que foram separadas por Antony. Estes, no entanto, são os Serviçais por conta de alguns braços e garras implantados no lugar de braços orgânicos.
Os passos daqueles Serviçais eram de metal esmagando com força o piso metálico da rampa dos Chimera, deslocando os corpos metálicos unidos à carne para fora. Com um deles próximo do primeiro operário à esquerda, os braços mecânicos apanharam várias peças. A força deles era descomunal aos olhos de Antony. E quando o próximo Serviçal se aproximou do garoto humano, uma curiosidade nunca antes vista emanou do interior dele, observando-o momentaneamente.
“Uhh. Tá… tudo bem com você?” perguntou Antony, ficando um pouco bobo por ele.
“Você é curiosamente estranho. Não possuí as mesmas características físicas ou genéticas das demais pessoas que residem no Império. Não possuí implantes cibernéticos nem traços de mutações.”
“Vai ver porque eu vim do planeta Terra de uma época bem atrás com relação a este mundo.”
“Interessante. Sabe, eu penso em fazer experimentos científicos e, talvez você seja um candidato perfeito para esta pesquisa.” disse o Serviçal com uma expressão animadora e ao mesmo tempo assustadora para o bom gosto de Antony.
“Olha, eu não acho que isto seja…” respondeu Antony com uma desaprovação daquela ideia, porém interrompido pelo chamado do guarda.
“O garoto não está autorizado a deixar este lugar, Serviçal. Seus planos para ele terão que ser cancelados.” respondeu o homem do fuzil Lasgun com um olhar sério para o ciborgue.
“Tá. Conforme seja a vontade do Omnissiah.” encerrou o Serviçal. Em seguida, levantou a pilha de peças separadas por Antony com os braços robóticos e se dirigiu com elas até o tanque Chimera. O garoto olhava para aquele ser enquanto colocava a mão dele atrás da cabeça para coçá-la. De fato, o mundo em que ele está é completamente estranho para ele.
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Minutos depois, os tanques Chimera estavam carregados com as peças separadas por Antony e pelos demais sobreviventes. Os Serviçais e o Tecno-Sacerdote retornaram para o interior dos veículos.
“A Máquina-Espírito está pronta para partir em sua próxima jornada.” informou o Tecno-Sacerdote, entrando em seguida no tanque líder.
Antony observava a rampa dos tanques Chimera se levantando do chão, bloqueando a passagem principal dos passageiros. Em seguida, as portas se fecharam. A figura misteriosa com componentes cibernéticos deu uma última olhada no campo de trabalho, com as sombras projetadas pelas portas cobrindo o corpo todo. Um brilho emanou do visor antes de ser ofuscado pelas portas. Os veículos ativaram seus motores e partiram. Os sobreviventes e o garoto puderam ver aquele comboio de tanques Chimera diminuírem a ponto de sumir no meio do horizonte cinzento.
Os guardas informaram que precisavam retornar ao trabalho para separar mais peças para o próximo comboio. Para Antony, isto era sinônimo de serviço sem fim e sem direito para descanso. As mãos estavam vermelhas e repletas de dor e bolhas de ar. Os joelhos estavam exaustos de tanto dobrarem e o peso do corpo forçava o jovem a querer tombar para frente.
Mas algo chamou ele e os outros a ponto de pararem de trabalhar. E a grande maioria sabia o que isso significa, enquanto que o Antony não. Era uma espécie de corneta ou buzina, fazendo um barulho bem alto.
Os homens pararam com o trabalho, prosseguindo para uma área na qual os guardas se reuniam ao redor de um caixote de suprimentos. Antony não sabia o que tinha dentro.
“Ei, garoto!” Chamou um dos sobreviventes. “É melhor você já ir pegando o seu almoço.”
“Almoço?” Perguntou Antony. “Cara, não vejo a hora de encher o estômago com uma comida bem quente e que tenha um bom gosto e aparência.”
A situação parecia ter dado uma melhora pro lado dele. Apesar de ter sido internado e ter se alimentado com soro, trabalhar por várias horas sem ter tido uma refeição decente podia levá-lo a uma série de enfermidades por desnutrição e fraqueza.
Antony se juntou aos demais para receber o seu almoço. Os guardas distribuíram várias tigelas de metal com uma espécie de colher com bordas pontiagudas. No entanto, o conteúdo alimentício acabou fazendo o jovem herói a ter uma impressão negativa sobre a culinária do Império.
A tigela continha uma espécie de ensopado de caldo grosso e pegajoso. A coloração lembrava a fígado assado ou excremento de cachorro que sofreu de disenteria. Em vez de aquecido, estava frio.
Quando pegou aquilo, Antony se sentou no chão com uma expressão depreciativa no almoço. Tinha a vontade de dizer que não queria comer aquilo ou de jogar fora. Porém, um homem de idade se aproximou dele. Notou a expressão de nojo pelo ensopado.
“Ei. Eu não jogaria isso fora se eu fosse você.” Chamou o homem para Antony.
O garoto virou-se para o dono daquela voz após ouvir para não jogar fora aquela tigela.
“Eu não quero parecer ingrato, mas, como é que vocês não passam mal comendo isso?”
“Olha, eu sei que pra você isto não é bem a sua casa. Mas acredite. Vai precisar disso pra sobreviver nos seus próximos dias.”
Antony não gostou muito daquilo. Porém, precisou aceitar aquela realidade. Pegou uma porção daquele caldo com aquela colher e a levou para a boca dele, fechando os olhos com receio do sabor ser pior do que a aparência. A primeira coisa que ele teve em mente ao ingerir aquele caldo era um sabor horrível, azedo ou amargo demais. No entanto, teve uma leve sensação de que lembrava algum caldo de carne com um pouco de abóbora. Leve, pra dizer ao mínimo. Em seguida, tornou a ingerir mais uma porção daquela ração.
“Ei. Você que é o rapaz que foi resgatado pelas guerreiras do Sudário Argênteo, certo?” chamou novamente aquele homem.
“Sou sim.” Respondeu Antony.
“Você teve sorte de ser resgatado ainda com vida. Os Orks não costumam ser piedosos com aqueles que ficam no caminho do ‘WAAAGH!’.”
“‘WAAAGH!’?” perguntou o garoto confuso. “O que é isso?”
“É como os Orks chamam as suas empreitadas militares. Realizam esses ‘WAAAGH!’ em grandes proporções. Geralmente a tribo inteiro vai à luta. O que você enfrentou teria sido um pequeno bando de saqueadores.”
“Entendi.” respondeu o garoto com o balanço da cabeça para frente. Novamente, tornou a ingerir outra colher daquele caldo.
“O meu nome é Geran.” introduziu o homem de idade para Antony.
“Prazer. Sou Antony.”
“Prazer em conhecê-lo, Antony. O que fazia aqui até surgir aqueles bárbaros de pele verde?”
“Eu estava fazendo a minha patrulha de rotina da onde eu vim.”
“Patrulha? É algum tipo de guarda ou soldado?”
“Não exatamente. Eu sou na verdade um paladino.
“Paladino? Não é muito comum esse nome por aqui no Império.”
“Seria uma história bem longa se eu te contá-la desde o começo. Como eu estava dizendo, eu estava patrulhando de onde eu vim.”
“De qual mundo? Desculpe a minha pergunta.”
“Sem problemas. Eu vim da Terra.”
“Terra?”
“Isso. Terra. Ou como preferir: Sacra Terra. Só que de vários anos atrás.”
“Eu imagino, pelo sotaque e costumes não serem compatíveis com o nosso.” Disse Geran, atraindo o Antony para gargalhar bastante.
“Pois é.” Riu o jovem herói.
“E, como foi que você veio de um lugar tão longe, de uma época tão longe para cá, em Dallos IV?” perguntou o homem, citando o nome do planeta em que estavam.
“Dallos IV? É esse o nome do planeta em que estamos?”
“Isso mesmo.”
Antony suspirou, com receio de contar a verdade para o novo colega. Ainda mais sobre a situação em que se encontrava. Olhando brevemente para Geran, teve a lembrança de James William, um dos habilidosos comandantes da Nova República Galáctica.
“Eu vim pra cá por meio de um Portal que eu encontrei no meu mundo. Eu não fazia ideia o que era, mas entrei de toda forma. Segundo a Dolores e as guerreiras, chamaram aquilo de Portal do Warp.”
“Portal do Warp? Tá falando sério?” disse Geran, espantando por ouvir que Antony chegou em Dallos IV por meio de um Portal criado com energias do Immaterium.
“Sim. Eu tô falando sério.” respondeu Antony com um olhar sério.
“Sabe, eu não sei se você é um Psyker, mas sei que poucos indivíduos são capazes de abrir portais por meio do Immaterium. Mas nunca imaginei que isso fosse capaz de ser aberto em diferentes universos.”
A conversa deles chamou a atenção de muita gente, fazendo com que aquilo virasse uma roda ou um grupo grande de pessoas para ouvir o relato de Antony. Aquilo chamou a atenção até dos guardas Imperiais, com três se aproximando para separá-los.
“Mas eu não sou um Psyker. E nem sequer sabia deste mundo até atravessar aquele Portal.”
“Eu entendo, Antony. Sei que isto é novidade para você, da mesma forma que é novidade para todos nós. Eu não o julgo pelo acontecido, de você parar aqui neste fim de mundo por meio de um Portal do Warp.”
“Como foi que você chegou aqui?” perguntou Antony, curioso em saber da história de Geran.
“Eu tinha uma fazenda, uma esposa e uma filha, bem antes de vir para aqui. No entanto, elas foram tomadas de mim há muito tempo.” respondeu o homem de idade com um olhar para o chão.
“Eu sinto muito pela sua perda, Geran.”
“Obrigado.”
“E, o que é exatamente o Império do Homem? Ao me ver, parece que vocês não tem uma vida muito próspera mesmo que alegam que é para nossa proteção.” perguntou Antony, olhando para as demais pessoas e lembrando dos instantes que os guardas utilizavam da força bruta para fazer os operários voltarem ao trabalho, mesmo contra a vontade deles.
“O Império do Homem foi criado há muitos anos. Uniu todas as nações humanas sob uma única bandeira e um único líder: O Imperador da Humanidade.”
“Mas ainda sim, há aqueles que não o aceitam como um líder.” disse um dos operários com uma expressão fria. Era um homem caucasiano, calvo e com pouco cabelo loiro ao redor das orelhas, além de uma espécie de barba loira trançada. Vestia roupas escuras e uma jaqueta aberta, expondo a linha do abdômen, peitoral e braços.
“Björn, por favor…” disse Geran, pedindo para o homem da barba dourada trançada. No entanto, algo chamou a atenção dele e dos outros.
O guarda que estava de olho em Antony aproximou-se do grupo. Manteve o fuzil Lasgun na mão, destravando-a no caso de uma atividade suspeita.
“Ei vocês! O que estão fazendo?!” Chamou o homem armado. Vários operários se assustaram ao ouvir o som daquele aparato engatado pra atirar. Incluindo o Geran e Antony. “Devo lembrar que não estão aqui pra conversar. Terminem as suas refeições e retornem ao trabalho!”
O aglomerado de pessoas se desfez com aquele aviso do guarda imperial. Geran e Antony permaneceram sentados, com as tigelas na mão enquanto os olhos expressando frieza pela chamada intimidadora daquele homem armado.
“Eu não gosto de ser um cara que adora arranjar problemas, mas, por que esses guardas tratam vocês dessa forma, sendo que vocês são do Império?”
“Desde a criação do Império até a Heresia de Hórus, todo cidadão segue um estilo de vida bem rígido. Desde a disciplina marcial até a seguir uma doutrina religiosa com punho de aço. Nenhum homem, mulher, criança ou idoso que faça parte do Império deve sair disso, a menos que sejam marcados como hereges ou traidores. Como consequência, a punição por tais atos é a morte.”
“Isso é horrível.”
“Eu sei. Só por ideia, estou aqui neste acampamento faz dois meses e três semanas. Até esperar pela nave de transporte do Império para levar os sobreviventes para a Sacra Terra, eu já devo ter morrido no fronte ou no trabalho.”
“Uma coisa eu quero deixar claro: Eu vou voltar pra casa, nem que venham mil desses caras correndo atrás de mim.” disse Antony, determinado em deixar este campo de trabalho. Ou ainda, deixar este universo distópico e distorcido.
“Muitos falaram a mesma coisa que você. Muitos tentaram e muitos falharam.” Disse Geran, colocando mais uma colher na boca. Antes que pudessem continuar, o guarda se aproximou dos dois, emitindo uma expressão de que era hora de voltar para o trabalho. “Bom, é melhor voltarmos ao trabalho. Os guardas vão nos implicar se continuarmos com esta conversa.”
Encerrado a conversa deles, Geran e Antony retornam para o pátio de trabalho. Tudo parecia seguir sem nenhuma interrupção desde a conversa deles a respeito do garoto que veio da Terra. Quando este estava para voltar ao trabalho, foi barrado quando um braço esquerdo se estendeu na frente dele. Era o guarda que o monitorava.
“Que fique bem claro para o senhor: Tudo o que disser ou fizer vai servir de evidências para incriminá-lo como um herege. Portanto, evite ficar conversando com qualquer um, ainda mais quando o assunto é você. Eu fui claro?” disse o homem armado a serviço do Império.
“Claro.” respondeu Antony, com o olhar parcialmente caído perante o guarda. “Sei que eu não posso fazer muita coisa. Exceto fazer aquilo que vocês mandam.”
O guarda não respondeu mais nada a ele. O olhar permanecia fixo nele, vendo o jovem Antony dirigindo-se a pilha de sucata e peças. Contudo, Antony nutria um pensamento que podia ser um tanto caótico aos olhos dos Deuses do Caos.
“Com ou sem supervisão Imperial, eu vou sair dessa porra de mundo! E ninguém vai me obrigar a dizer o contrário. Seja do Império do Homem, Deus do Caos ou sabe lá quem for.” pensou Antony, andando calmamente até a sua zona de trabalho, mas mantendo o olhar cerrado com certo desdém.
Antony retornou aos afazeres de antes. Separar as peças de máquinas do Império das demais era tudo o que podia fazer. Apesar do menor dos riscos, virou uma espécie de tarefa rotineira e maçante.
Muitas vezes, ele sentia saudade de uma missão na qual ele, o irmão dele, o comandante James William, o mestre Jedi Kyle Katarn e Furir-Sho. Eles formavam uma equipe de cinco com grande desempenho nas missões para a Nova República e para o Império Ulzikrarun. Agora, em um mundo completamente diferente do que ele estava acostumado, Antony se sentia só, isolado e sem alguém que pudesse confiar seus medos, suas histórias, suas conquistas e experiências anteriores.
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Três horas se passaram desde a chegada do herói naquele ferro-velho. As pilhas que antes se estendiam até um prédio de trinta andares, agora se encontravam na altura de vinte e um. Antony estava exausto, mas manteve-se de pé, trabalhando para alcançar a cota dele. Ou ao menos até onde dava.
Em seguida, ele escuta mais um comboio de veículos até o local. Novamente, eram as Chimeras dos Mechanicus. E mais uma vez, os Serviçais descem para recolher as peças separadas pelos operários do acampamento.
Antony observava a movimentação constante dos Serviçais, com os braços se estendendo para apanhar aqueles componentes pesados para um ser humano sadio carregar sozinho. E com a peça entregue na Chimera, ele prossegue até a próxima pilha de peças.
Uma após a outra, as peças separadas por Antony e pelos demais sobreviventes foram-se abaixando até não restar mais nenhuma. Apenas as demais pilhas de grande proporções continham peças misturadas com máquinas e veículos de origem Ork ou de outra facção, das quais não valia a pena para os Serviçais separarem para o local de descarte, deixando este trabalho para os outros.
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Ao mesmo tempo, o grupo das guerreiras Sororitas de Dolores se encontrava em uma região distante do acampamento. A comandante delas observava em uma espécie de binóculo para uma área distante da posição delas.
As demais guerreiras estavam atrás de Dolores, portando suas respectivas armas. Danúbia portava uma Bolter, a arma padrão de todas as guerreiras Sororitas e dos poderosos Space Marines do Império; Clara portava uma Flamer, uma espécie de Bolter com lança-chamas embutido; e Rachel carregava uma Bolter pesada, uma espécie de metralhadora ou canhão automático pesado de manuseio para duas mãos e sendo alimentada com uma cinta de munição explosiva que vinha de um estojo nas costas da guerreira. Elas esperavam quietamente, apesar do anseio por combate ser um pouco evidente. Nesse tempo, elas examinavam a comandante delas para fazer o reconhecimento pelo binóculo.
“Senhora, está de olho naquele local faz mais de duas horas.” disse a mais jovem das Irmãs de Batalha. “Tem certeza de que é esse o lugar que os nossos superiores nos ordenaram para investigar?”
“Danúbia, sei que queria estar no acampamento ou de volta para a capela da Eclersiaquia.” disse Dolores enquanto mantinha o dispositivo em seus olhos, observando para aquela região.
Danúbia suspirou por receio ao ouvir aquilo. Apesar da regra de não se envolver com o jovem Antony, ela tinha uma certa preocupação por ele, mesmo que Dolores tenha notificado o Inquisidor Val Merkutius da presença do garoto.
“Mas quero lembrá-la que aquele rapaz está sob jurisdição imperial e no aguardo pelo Inquisidor pra buscá-lo a fim de obter qualquer informação a respeito do envolvimento dele com as forças do Caos.” respondeu a guerreira experiente, virando sua atenção para a mais jovem delas. O olhar de Dolores expressava uma espécie de frieza por ser a mais fervorosa com as ordens de seu superior.
“Sem contar que temos relatos de atividades suspeitas aqui neste planeta. Atividades suspeitas de possíveis hereges.” acrescentou Rachel, aproximando-se das duas com a Bolter pesada.
“Correto. Por essa razão que precisamos ir até o local da última atividade herege que foi reportada.” respondeu Dolores, apontando para onde estava vendo com o binóculo.
Clara se aproximava com a Flamer nas mãos. Reunidas, as três Irmãs de Batalha prosseguem com Dolores, sem mais nada a acrescentar na conversa delas, e com o equipamento carregado, munição e suprimentos contabilizados, prosseguem em direção ao local designado pela canonisa. Julgando pela distância, a viagem levaria dias até chegar ao local, mas Dolores e as outras estavam determinadas em realizar o dever sagrado do Império em investigar e eliminar quem quer tenha se voltado contra o Imperador da Humanidade.
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