Antony in Warhammer 40K - Chpt 2 [Portuguese - BR]
Antony in Warhammer 40K [Portuguese - BR]
Descrição:
Antony em Warhammer 40K é uma pequena série fanfic, criada por Antony Bindilatti com inspiração em alguns crossovers de diversas séries de filmes, seriados e jogos com Warhammer 40K – criada por Rick Priestley e Andy Chambers da empresa Games Workshop.
O foco da história aborda o jovem Antony – protagonista de Antony's Triviality; em mais um dia qualquer, até encontrar um portal dimensional com energias estranhas para o mundo dele. Contudo, algo chamou a atenção dele a ponto de investigar o outro lado. Para a surpresa do herói, ele embarca numa jornada em um universo completamente diferente, na qual a Terra era um planeta tomado por várias megacidades e tecnologia rudimentar, ao mesmo tempo avançado para a época; e a civilização humana – conhecida como o Império do Homem; seguia uma doutrina militar religiosa austera e que despreza tudo aquilo que não fizesse parte do Império, como alienígenas, mutantes e hereges, decretando guerra total com esses seres.
E para completar a surpresa desagradável, Antony descobre que seus poderes e habilidades sumiram, na qual precisava lutar não somente pela sobrevivência como também para descobrir um meio de voltar para o universo dele e cortar a conexão com aquele mundo.
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A tensão encontrada por Antony com os Orks se foi. Agora ele não corria mais risco de vida nas mãos daqueles seres brutais de pele-verde. Entretanto, ele ainda estava lutando para sobreviver, a bordo de uma nave Marauder a caminho de uma espécie de hospital de campo, com mulheres trajadas em armadura branca e prateada para socorrê-lo, administrando os primeiros socorros e ligá-lo em várias máquinas de suporte vital a fim de manter os órgãos vitais funcionando.
Uma das mulheres que cuidava do jovem humano era a moça de cabelo curto prateado. Ela segurava a bolsa de plasma, administrando gradualmente aquele líquido na veia do braço direito de Antony. Quando acompanhava o atendimento médico, os olhos dela estavam fixos no rosto dele. Apesar de fazer parte de um destacamento de guerreiras que não demonstram emoção perante qualquer pessoa, exceto por uma espécie de rancor xenofóbico combinado com uma crença ultranacionalista e fanatismo sem precedentes perante aqueles que não fazem parte do Império do Homem, ela demonstrava uma certa preocupação pela vida do garoto após receber dois golpes esmagadores do comandante Ork.
A nave continuava voando em direção a base na qual tinha saído. Os motores rugiram, cuspindo chamas do bocal conforme o piloto mantinha a potência ao máximo. A viagem seguia um pouco turbulenta, apesar de não ter sinais de mau-tempo nem de possíveis agressores vindos do ar ou da terra que possam comprometer os tripulantes. Até que a nave era acompanhada por outras do mesmo modelo e facção.
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Depois de quinze minutos, Antony se encontrava em uma sala completamente escura. Havia vários aparelhos de suporte vital, computadores com design bastante rudimentar, vários leitos hospitalares, com a maioria deles desocupados. Os olhos dele foram-se abrindo lentamente. Para a surpresa dele, uma parte do quarto estava iluminada.
Não havia muitas pessoas próximas para ele poder conversar, exceto um homem estando no mesmo quarto, observando-o de pé e com os braços cruzados nas costas dele. Pelas roupas de cor cáqui, trajando um peitoral, capacete e algumas peças de armadura verde, era algum tipo de guarda. Portava também uma espécie de fuzil com design diferente em relação às armas daquelas mulheres. Tinha a estrutura em algo parecido com polímero de cor verde com poucos na aparência de metal, um quebra-chamas no cano e uma águia de duas cabeças gravada em ouro no fuzil.
Antony notava que ele não saía do lugar, muito menos não desgrudava o olhar nele, esperando que fosse fazer um movimento em falso para pegar o fuzil e abrir um buraco no peito do herói. Notou que estava sem suas roupas, sem sua capa, suas botas e sem sua espada Archeus. Só tinha alguns acessos intravenosos ligados no corpo, suprindo soro, plasma e algumas medicações. Antony ficou um pouco nervoso, pois não gostava de ter essas coisas implantadas nele, mesmo que seja para propósitos de saúde.
O guarda permanecia imóvel. Diante disso, ele teve uma ideia para chamar a atenção dele.
“Ei, você aí.” chamou Antony. O guarda não reagiu. “Você poderia chamar o médico ou o enfermeiro pra tirar essas coisas de mim? Eu preciso muito usar o banheiro para me aliviar.”
Nenhuma resposta. Aquele guarda foi treinado para não cair em qualquer tipo de armadilha ou truques, independente do que for. O olhar do rapaz, desviando-se para a esquerda, dizia que o truque não demonstrava efeito. Em resposta, tentou uma cartada.
“Sabe, você está fazendo um bom serviço. Protegendo este lugar e a estas pessoas.” disse o rapaz sorrindo. “Vamos fazer o seguinte: Você me ajuda a sair deste quarto de hospital, me levar de volta para a minha casa e eu te pago uma bebida. O que acha?”
Igual a antes, o guarda não se mostrou interessado na pequena proposta do Antony. Virou o olhar para a esquerda, ficando sem opções para conseguir sair daquele lugar. Novamente, tentou ser sério.
“Olha, detesto ser rude, mas, você poderia me dizer porquê estão me mantendo aqui?!”
Quando o garoto faz esta pergunta, ele escuta um som emergindo da porta se abrindo, com um profundo som de descompressão junto de metal rangendo. Os olhos dele voltaram para a origem daquele barulho, tendo a visão das guerreiras surgindo no quarto do hospital. Ao todo eram quatro delas. Todas usavam o mesmo uniforme e peças de armadura. Cada uma tinha um penteado diferente.
A primeira tinha cabelos ligeiramente longos de cor castanho e com algumas faixas brancas que se estendiam até o queixo. O rosto apresentava algumas rugas e cicatrizes no lado direito do lábio inferior, na sobrancelha e na bochecha esquerda. Tinha uma espécie de implante na orelha direita, onde que algum momento foi atingida, causando surdez parcial. O traje dela apresentava mais ornamentos do que as demais, fazendo dela a superior do grupo.
As outras duas tinham a mesma idade que a guerreira do cabelo com franjas prateadas que resgatou Antony dos Orks, porém a segunda era loira com cabelos longos e lisos, estendendo até a linha dos ombros. E a terceira tinha cabelos castanhos-claros com penteado do tipo pajem. Ambas tinham quase o mesmo porte físico: busto de tamanho médio para grande, pernas fortes, cintura e barriga delgada. Vendo elas se alinhando de lado a lado, Antony suspirou. “Rapaz, parece que eu vou ter uma companhia bem calorosa.”
A comandante das guerreiras virou-se para o guarda que monitorava o jovem herói da Terra.
“Bom trabalho em ficar de olho nele. Agora, continuaremos por aqui.” ordenou a guerreira mais velha.
“Sim senhora.” respondeu o guarda Imperial, saudando-a para depois deixá-las a sós com Antony.
A porta se fechou após a saída do homem uniformizado. Em seguida, o olhar do garoto voltou-se para elas.
“Bom, já que aquele guarda não me quis falar, eu posso saber o porquê eu estou sendo mantido aqui?” perguntou ele, pedindo o motivo de ser monitorado constantemente.
“Você está sob supervisão Imperial. E até você responder às nossas perguntas, não poderá sair deste lugar.” respondeu a comandante das guerreiras.
“Sob supervisão? Mas por qual motivo?!”
“Você não está em posição para fazer perguntas. E sim para nos responder.”
Ouvindo aquilo, Antony emitiu uma bufada de descontentamento, cruzando os braços dele no processo e virando o olhar para a esquerda.
“Deveria se sentir agradecido por ter sido resgatado daqueles Orks. Do contrário, sua vida teria sido perdida.”
“Eu agradeço o socorro que vocês me prestaram naquela hora e tudo mais. De verdade.” disse Antony, inclinando-se para frente com uma expressão de honestidade.
“Eu sou a canonisa Dolores.” introduziu-se a comandante, em seguida introduziu as demais guerreiras. “Estas são Clara, Rachel e Danúbia. Somos as Irmãs de Batalha da Ordem do Sudário Argênteo a serviço da Eclersiaquia. E agora, responda as minhas perguntas. Quem é você? Como você foi parar aqui? De onde você veio?”
Dolores, que era a comandante do grupo, estava posicionada com a segunda da fila, com a guerreira ao lado direito, de penteado pajem de cor castanho-claro sendo a Clara; a primeira ao lado esquerda sendo a Rachel, com cabelo loiro; e a Danúbia sendo a última à esquerda. E pelo nome Ordem do Sudário Argênteo, elas pertenciam a uma ordem militar e religiosa, similar a antiga Ordem dos Cavaleiros Templários na Terra e das Grandes Famílias Templárias em Greirarius.
Mas agora, Antony se encontrava sem escapatória perante as perguntas feitas pela comandante das Irmãs de Batalha.
“Sobre quem sou eu, o meu nome é Antony. Sou um paladino à serviço da Luz.”
“Paladino da Luz?” perguntou Clara, curiosa sobre o porquê desse título.
“E onde estavam os seus poderes de paladino, Antony? Por que você não os usou?” demandou a comandante com um olhar sério.
“Eu tentei, mas não saíram. De alguma forma os meus poderes sumiram. Pena que a minha espada Archeus foi destruída.”
“Certo. Vamos dispensar esta parte para retomarmos ao assunto que queremos. De onde você veio e como chegou até aqui?”
“Eu estava fazendo minha patrulha de rotina no meu mundo…” interrompido pela guerreira experiente.
“Qual mundo?”
Antony suspirou. “Terra. Eu sou do planeta Terra. Terceiro planeta que orbita o Sol.”
“Terra? Está falando da Sacra Terra?” Perguntou Danúbia.
“Eu não a chamaria de Sacra Terra, mas sim, é o mundo de onde eu vim.” sorriu o rapaz no final.
“Julgando pelas suas roupas, você é de uma época bem atrás da nossa.” disse Clara. “Por acaso você é algum tipo de viajante do tempo?”
“Tem vezes que eu sou, mas não é este o caso.”
“E o que fazia lá até chegar aqui?” perguntou Dolores.
“Como eu dizia, eu estava fazendo minha patrulha de rotina, porém, algo chamou a minha atenção a ponto de interromper o que eu fazia. Quando eu vi, era uma espécie de portal.”
“Que tipo de portal?”
“Era um na qual não fazia parte de tudo aquilo que conhecemos. A princípio, achei que fosse ser um dos portais do meu irmão, porém as energias que mantinham ele aberto não são de origem arcana ou de qualquer outra escola de feitiços conhecidas. Elas são diferentes, são densas, frias e… sinistras.”
“E o que tinha nele antes de entrar?”
“As ondas de energia eram de cor magenta, vermelha e um pouco de azul-arroxeado. Antes de eu entrar, ouvi uma voz me chamando. Era profunda, sinistra, dizendo ‘Venha até a mim.’ Eu não deveria ter entrado, mas fui de toda forma. Dentro do portal, era… escuro. Havia algumas estrelas brilhando na cor vermelha, branca e magenta. Tinha várias nebulosas de mesmas cores, destroços de naves abandonadas, planetas áridos, desprovidos de vida e havia também… vários olhos me encarando. Várias mãos surgiram, querendo me pegar, sussurrando e rindo de mim. E no fim, eu cheguei aqui, neste mundo estranho, diferente do meu. Cercado por areia, rochas e depois os Orks.”
Ouvindo aquilo, as outras irmãs olhavam uma para a outra. Poucas demonstravam um leve grau de surpresa pela história de Antony.
“Irmã, você acha que…” dizia Rachel para Dolores.
“Não há dúvida de que ele veio pra cá através de um Portal do Warp.”
Sem saber do que se tratava, Antony perguntou. “Perdão. Você disse ‘Portal do Warp’?”
“Sim. Poucos indivíduos e dispositivos conseguem abrir portais por toda extensão do Warp. Tanto para levar nossas naves de um lugar para o outro como também pode ser usada para trazer demônios da dimensão deles para o nosso.”
“Demônios?” pensou Antony, associando aquelas manifestações durante a viagem dele para este universo. Está certo de que ele já enfrentou demônios no passado quando esteve em Azeroth, Outland e na Terra quando as forças do Reino Inferior e da Outworld invadiram seu mundo, enfrentando os Defensores da Terra e de Edenia. Mas ele pressupõe que estes novos adversários seriam mais assustadores e mais fortes.
Diante dos olhos das guerreiras em processo similar à de interrogatório, uma sensação de inquietude emanava entre elas. Um Portal do Warp aberto deste mundo com um mundo cujo universo e época são diferentes, e com uma pessoa atravessando após ser chamada por agentes do Caos, isto era um sinal bem claro de que uma resposta rápida precisa ser tomada.
“Vamos comunicar com os nossos superiores da Eclersiaquia para averiguar os relatos do Antony. Eles vão decidir como vão resolver isto.” informou Dolores para as outras.
Confuso a respeito da resposta da comandante das Irmãs, Antony chamou. “Espera. Mas enquanto a mim? Eu quero ajudar.”
“Você está sob supervisão Imperial. Até decidirem o contrário, você não está autorizado a sair, sob pena de morte por suspeição de heresia.”
“Heresia? Mas que história é essa? Eu não sou herege! Eu sou um humano, como você.”
“Você pode ser um humano. Mas aos nossos olhos, você é suspeito de heresia. Suas vestes e suas crenças o distanciam daquilo que fundamenta o Império. Por esta razão, você será monitorado dia e noite.”
“Nem ao menos eu posso usar o banheiro?”
“Em seu leito, existem tubos reservados para extrair suas fezes e urina. Não há razão para se preocupar com isso.”
Antony não gostou muito da ideia de ter tubos dentro do leito hospitalar para a finalidade de eliminar a sujeira de seu corpo. No fim, teve que acatar as ordens de Dolores de ficar em observação.
Com as Irmãs de Batalha saindo do quarto, Antony se deitou na cama com um olhar de descontentamento. Novamente, o guarda imperial assume a posição original, ficando de olho no rapaz por qualquer ação suspeita.
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No lado de fora do hospital, as Guerreiras Sororitas rumavam pelo corredor escuro e frio, repleto de arquitetura gótica e arcos sinistros. A comandante delas estava na frente, com Rachel e Clara nos lados e Danúbia atrás.
“Foi um erro ter trazido ele para cá.” Disse Dolores com uma expressão séria e fria.
“Por que diz isso, irmã?” Perguntou Clara.
“Um garoto humano, que diz ser da Terra de uma época em que a humanidade se matava por razões insólitas, ter chegado pra cá por meio de um Portal do Warp, é um sinal claro de que as forças do Caos estão planejando uma nova forma de ataque ao Império do Homem. E ele pode ser um agente do Caos!”
“Mas, senhora, não creio que o Antony possa ser capaz de uma coisa dessas. Talvez ele possa…” dizia Danúbia para a comandante, porém foi interrompida pela mesma, parando de andar no meio do corredor.
“Não posso contar com esse tipo de coisa, Danúbia. Ele pode ser um herege, e você deve saber muito bem disso.” apontou a guerreira de elite.
“Mas também não podemos ter a certeza de que ele teria conspirado com as forças do Caos antes de ter sido emboscado pelos Orks.” disse Rachel.
“Apenas um inquisidor pode nos certificar disso. Precisamos notificar a Ordos Hereticus para averiguar a história dele. E até lá, ninguém tem a permissão de visitá-lo por qualquer motivo, exceto quando eu estiver por perto. Eu fui clara?”
“Sim senhora.” Responderam as outras.
“Ótimo. Vamos indo.” Concluiu Dolores.
Dolores e as outras guerreiras prosseguiram até a sala de comunicação para entrarem em contato com a Eclersiaquia. Danúbia virou seu olhar para trás, pensando no jovem humano que resgatou dos Orks. Porém, retomou com o curso junto do grupo.
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A noite caiu no assentamento. Os guardas monitoram todo o perímetro com suas armas carregadas e em prontidão perante uma invasão ou um ataque de alienígenas ou de alguém que seja associado aos Deuses do Caos.
No quarto do hospital, Antony dormia tranquilamente em seu leito. Ainda estava sem suas roupas, sentindo o ambiente ao redor dele ficar gelado. Porém, algo começou a tirá-lo do sono dele. Sussurros ecoavam na mente de Antony enquanto ele virava de um lado para o outro.
“Então, você finalmente chegou.” Disse uma voz misteriosa. Pelo tom era masculina, grave e cruel. Estava misturado com o som de chamas, ardendo e queimando conforme ele falava.
Os olhos do herói cerraram com força enquanto ainda estavam fechados.
“Antony. O humano de um mundo além da influência do Imperador.” disse uma outra voz. Esta ecoava com sibilos, fria, quase ríspida e um tom pouco grave. Mas também era masculina.
“Quem… quem são vocês?” Dizia Antony em tom baixo, confuso por saberem o nome dele e da chegada.
“Nós somos os Deuses de imenso poder. Bem antes do Falso Imperador.” Respondeu uma voz misteriosa em tom encantador e sedutor. Era uma mistura de timbre feminino com masculino e sons de serpente.
“Falso Imperador?” perguntou Antony, tentando dormir e não sabia o porquê aqueles seres que falavam com ele chamavam a figura central da humanidade que fundou o Império de o “Falso Imperador”.
“Sim. O Imperador da Humanidade não passa de cadáver fétido, sentado sem vida em seu torno dourado na Terra.” respondeu uma voz com tom doentio. Era masculina com timbre grave, porém, pelas tossidas e baforadas, pode-se notar que era cheio de secreção e diferentes formas de ácido e vírus.
“E ele é uma pessoa, como qualquer outra. Carne, ossos e sangue.” completou a voz fria e sibilante.
“Não passa de uma imagem vazia na qual muitos humanos deste universo seguem cegamente.” completou a voz sedutora.
“Nós, por outro, somos a verdadeira manifestação dos poderes que emanam deste Universo! A verdadeira ordem!” completou a voz ardente e violenta.
As vozes que ecoavam pelo quarto do hospital pertenciam aos Deuses dos poderes ruinosos do Caos. Os quatro do panteão do Immaterium. Khorne, o Deus do sangue, da matança e das guerras, era um ser trajado com uma imensa armadura de metal espesso e o manto era fogo que ardia eternamente. Sentava-se em um trono de ossos e caveiras vindos de indivíduos mortos no nome dele. Tzeentch, o Deus da mudança, da mutação, dos truques, das mentiras e da feitiçaria, apresentava diferentes formas conforme as interpretações de diferentes raças e impérios, sendo a mais destacada um humanóide com a cabeça de um grande pássaro, asas, garras e penas de cor azul-escuro e púrpura. Nurgle, o Deus da peste, das doenças e do decaimento, era um gigante com chifres de osso saindo da cabeça, a pele inchada e repleta de diferentes formas de doenças e bolhas de pus, ácido e de várias criaturas que germinavam e percorriam pelo corpo todo. E Slaanesh, o Deus do prazer, da luxúria e do excesso, consistia em um ser com corpo de mulher, rosto e orelhas élficas, além de uma aparência bela e encantadora, capaz de seduzir quem fosse olhar para ele. Apesar de ser interpretado como uma mulher pelos Aeldari ou um homem pelos humanos, a verdade é que Slaanesh é uma entidade andrógina que podia ser o que quiser, combinando as características dos dois gêneros para formar um só.
Antony transpirava enquanto dormia. As vozes começaram a deixá-lo nervoso.
“O que vocês querem de mim?”
“Você não pertence a este universo. Veio de um outro mundo, que também cairá sob nossa influência.” disse Tzeentch em tom frio, meticuloso e sibilante.
“Você tem um potencial diferente de muitos seres deste universo.” respondeu Nurgle em meio as tossidas e baforadas pestilentas.
“Podemos te oferecer qualquer coisa que você desejar.” Respondeu Slaanesh. Em seguida, os outros Deuses do Caos que sussurravam nos ouvidos de Antony falaram ao mesmo tempo. Os olhos dele se cerraram forçadamente. Os sussurros ecoavam na mente dele, deixando-o conturbado. Imagens surgiram na mente dele conforme as falas desses Deuses de poderes trevosos.
“Armas de guerra e mundos conquistados.” disse Khorne, mostrando o jovem Antony a imagem dele como campeão da guerra.
A primeira era do jovem garoto estando de pé, trajado para guerra e com uma espada apontada para o horizonte repleto de nuvens vermelhas e laranjas. Ao redor estavam várias cidades destruídas, com prédios caindo aos pedaços após uma guerra de escala global como nunca antes visto. Os olhos de Antony brilhavam na cor vermelha, os dentes eram pontiagudos e afiados como serra, o corpo dele era formado por músculos sobre-humanos, com alguns espetos de osso emergindo da carne e garras de metal no lugar de sua mão esquerda. No cinturão, ele carregava cabeças de pessoas abatidas por ele, sejam criminosos, líderes políticos ou até mesmo seus antigos companheiros.
“Poder imensurável e conhecimento supremo.” disse Tzeentch, mostrando a imagem do herói como o mais poderoso feiticeiro sob as ordens dele.
A segunda era dele portando uma espécie de cetro ou cajado com uma pedra mágica. Ela brilhava na cor azul, assim como os olhos dele. Ele se via em uma câmara escura, sendo iluminada por vários relâmpagos invocados ao redor dele e do alto do teto. As vestes dele consistiam em mantos longos adornados com gemas, símbolos mágicos e energia, com ombreiras e peças de armaduras com design egípcio. Atrás de Antony, havia uma manifestação de Tzeentch. Semelhante ao patrono, a criatura se assemelhava a um pássaro de duas cabeças com braços e pernas humanoides. O pescoço era longo e as penas eram azuis-escuros.
“Vida eterna e sem dor.” disse Nurgle, mostrando a imagem do herói como uma criatura imortal.
Na terceira, ele se via vagando em um mundo completamente devastado por uma espécie de praga virulenta, extinguindo a vida por todo o planeta. Os que puderam sobreviver eram corpos ambulantes de carne podre, sem esperança de serem socorridos ou curados. Já para o jovem herói, o corpo dele era de coloração acinzentada e esverdeada, com cicatrizes que não se fecharam e feridas contaminadas, repletas de pus, secreção e ácido. Porém ele não demonstrava dor ou desconforto por elas.
“Riquezas infindáveis e prazeres insaciáveis.” disse Slaanesh, mostrando a imagem reservada para um futuro repleto de prazeres excessivos para Antony.
Na última imagem, ele se via sentado em uma espécie de trono, com o corpo repleto de tatuagens, piercings e várias desconfigurações, como alguns rostos emergindo do peito dele, os dedos da mão esquerda eram alongados do que as da direita, a língua bifurcada que se assemelha a uma serpente e chifres no alto da testa. Ele portava um cálice de vinho na mão direita. Ao redor dele estavam várias mulheres com poucas vestes, acariciando o corpo dele; e vários tesouros e riquezas.
“Você pode ser o que quiser.” sussurrava o Deus dos prazeres.
“Basta apenas se entregar de bom grado para a nossa causa.” disse o Deus das doenças.
“O Imperador da Humanidade não reina sobre os seus súditos como ele alega para o Império.” disse o Deus do Sangue.
“Ele não tem poder sobre você. Você tem o poder para escolher.” terminou o Deus das Mutações.
Antony tentava se debater na cama, resistindo àquelas imagens e vozes.
“Não. Não, por favor. Me deixem!” dizia o herói, se debatendo na cama.
“Como você não faz parte do Império do Homem, você está suscetível a nossa influência.” disse Khorne, com o fundo queimando intensamente.
“Não importa para onde você vai ou para onde vai se esconder, nós sabemos da sua presença.” disse Slaanesh, provocando os instintos mais primitivos do garoto.
“Nós estamos sempre de olho em você.” disse Tzeentch ecoando profundamente na mente dele.
“E uma hora você se juntará a nós.” completou Nurgle.
“Eu… eu nunca me juntarei a vocês!” disse Antony, levantando seu corpo da cama e seu tom de voz.
Desperto e com o rosto transpirando, Antony olhou ao seu redor. Estava no mesmo quarto de hospital, porém sozinho. Não havia ninguém que tenha escutado ele se debatendo, falando ou gritando com aqueles seres misteriosos que o abordaram em seu sono. Ele colocou a mão direita na cabeça após sentir uma leve enxaqueca. Podia ter sido da pancada que recebeu do Chefe Ork. Mas, ouviu uma última voz emergindo do quarto.
“Você nunca escapará de um de nós.” em seguida ela se calou.
A respiração do rapaz estava cortada e os batimentos cardíacos bem acelerados devido à visita daqueles Deuses Sombrios e daquelas imagens sinistras de possíveis futuros para ele caso venha sucumbir a influência deles. E com a partida deles por ora e estando sozinho, Antony optou por voltar a dormir. Teve receio de fechar os olhos e ser recebido novamente pelos Deuses Sombrios.
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Na sala de comunicação do acampamento, a canonisa Dolores sentou-se para acessar o dispositivo de comunicação Vox para entrar em contato com a Ordo Hereticus. Por sentir que Antony podia ser um agente do Caos, chamando um inquisidor da Ordem poderia ser essencial para comprovar se ele é de fato um ou não, mas que teria alguma informação para ser utilizada a respeito da forma como ele chegou neste universo.
O aparelho estava ligado. Dolores aguardava o sinal alcançar uma das naves ou uma das estações de operação da Ordo Hereticus. Até que uma delas respondeu ao chamado, abrindo um canal de comunicação com a comandante das Irmãs de Batalha.
“Aqui é a canonisa Dolores das Irmãs de Batalha da Ordem do Sudário Argênteo. Preciso falar com um dos inquisidores da Ordo Hereticus. Isto é um assunto de extrema urgência.” chamou a canonisa pelo dispositivo Vox. Podia ouvir um pouco de estática, porém o sinal era claro de ouvir. Em seguida, ouviu-se uma voz.
“Ah. Canonisa Dolores.” respondeu uma figura humanoide na tela do dispositivo. Era um homem com um implante ocular no lugar do olho esquerdo, uma espécie de dispositivo instalado na garganta, na qual não falava mais pela boca, e vários braços mecânicos nas costas dele. Tratava-se de um Serviçal dos Mechanicus trabalhando na Ordo Hereticus. “Fazia um tempo que você não aparecia ou entrava em contato com a Ordem.”
“Blix, você sabe que eu me canso fácil ter que ficar escutando essa sua voz.” respondeu a canonisa sem paciência com Blix, o Serviçal dos inquisidores. “Eu preciso falar com o inquisidor Val Merkutius e eu preciso que seja agora.”
“Ah, Dolores. Você sabe que o inquisidor anda ocupado demais para qualquer tipo de coisa que vai para a Ordem.” dizia Blix por meio do dispositivo. O tom de voz dele expressava certa desaprovação diante dela.
“Não me interessa. Preciso falar com ele AGORA!”
Blix suspirou de insatisfeito diante da fala de Dolores. “Ótimo. Como quiser, Dolores. Mas o inquisidor não gosta quando é chamado durante as reuniões dele…”
Quando o Serviçal estava para completar sua fala, é interrompido por uma voz grave vindo de trás. Virando para ver, era um homem alto de pele branca, com uma parcela da cabeça sendo cabos de metal ligados no topo, um rosto de um homem em seus 67 anos, cheio de rugas e cicatrizes de batalha, uma barba grisalha que foi feita recentemente e olhos de cor âmbar. As vestes consistiam em um casaco pesado de algum tipo de tecido, botas grandes de cor castanho-escuro, luvas pretas e ombreiras que se assemelhavam às de um oficial da marinha do século 19. Usava o mesmo símbolo que adornava as ombreiras das Irmãs de Batalha: um grande “I” maiúsculo com uma caveira no meio. Teve o braço direito e os dois dedos da mão esquerda substituídos por implantes cibernéticos.
“Eu assumo daqui, Blix. Deixe-nos.” disse o inquisidor, ordenando o Serviçal a deixar a sala. Blix acatou a ordem de seu mestre. Nesse meio tempo, Dolores observava o inquisidor Merkutius assumir seu assento.
“Dolores, eu espero que seja importante pra ter me chamado da minha meditação.” disse o inquisidor com uma expressão fria e amarga.
“Senhor, temos uma situação que demanda a atenção da Ordem.” disse Dolores, colocando os braços dela atrás da costa.
“Muito bem. Eu estou ouvindo.”
“Encontramos um garoto humano durante a nossa ofensiva sobre os Orks. Pelas vestes e costumes, ele alega ser da Terra de muitos anos antes da criação do Império do Homem.”
“Isso é impossível! Nenhum humano conseguiria sobreviver por muitos anos, ainda mais sem a proteção do Imperador. É um tipo de coisa irrelevante para a atenção da Ordem.”
“Pode até ser irrelevante, mas o que chamou a atenção é que ele alega ter vindo do mundo dele para este universo por meio de um Portal do Warp.”
Ouvindo aquilo, a sobrancelha esquerda dele se levantou e com uma expressão fria misturada de desaprovação. O corpo dele se inclinou para frente da tela. “Um Portal do Warp? Você tem certeza disso, canonisa?!”
“Eu tenho. Suspeito que ele possa ser um herege, um agente do Caos que possa estar nos enganando. Mas, quando ele mencionou um Portal do Warp aberto no mundo dele e que esteja ligado com o nosso, é um claro sinal de que as forças do Caos estão planejando algum tipo de invasão, capaz de nos enfraquecer dessa forma.” respondeu a canonisa séria, colocando as mãos dela na mesa.
“E esse ‘garoto que veio da Terra’, ele ainda está com você?”
“Sim. Ele continua no quarto de hospital, ainda sob supervisão Imperial.”
O Inquisidor Merkutius se afastou da tela, apoiando suas costas na cadeira. Com uma expressão menos agressiva, porém ainda fria, deu sua próxima ordem. “Muito bem. Enviaremos uma nave com uma escolta para buscá-lo e trazê-lo para interrogatório. Veremos se ele sabe mais alguma coisa a respeito do Portal.”
Dolores mantinha o olhar dela no seu superior pela tela.
“Mas lembre-se: Ele não pode sair para qualquer lugar, sob nenhuma circunstância! Vocês têm suas ordens para eliminá-lo caso ele demonstre algum sinal de que ele seja um agente do Caos. Como você disse, ele pode ser um herege. E os hereges não têm o direito de viver.”
“Entendido, senhor.” saudou a canonisa.
Merkutius encerrou a transmissão do dispositivo Vox pelo lado dele. Com as ordens recebidas e informada da frota inquisitória a caminho para buscar Antony, Dolores deixa a sala para se reunir com as outras Irmãs de Batalha. Os olhos dela emitem um brilho ardente, com o pensamento de que o rapaz que ainda reside no quarto de hospital seja um herege ou um agente do Caos, independente das alegações contrárias vindo dele. Ela tinha ordens de matá-lo caso as suspeitas fossem verdadeiras. Por ora, estará no aguardo pela frota e deixar com que o Inquisidor Merkutius assumisse o caso.
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