The Two Survivors - Chpt 4-2 [Portuguese - BR]
The Two Survivors [Portuguese - BR]
Descrição:
As Duas Sobreviventes é uma série de fãs de quadrinhos e histórias, criada por Antony Bindilatti e em parceria de Priscilla2Warrior, também conhecida por Priscilla McGee. A série tem a junção diferentes histórias dos personagens das séries famosas como Claymore (marca registrada de Norihiro Yagi e Madhouse Studio) e The Walking Dead (Robert Kirkman e Telltales Games por The Walking Dead: Michonne), todos focalizando em algumas jornadas, alguma ação e alguma diversão com os personagens favoritos (e alguns menos).
O foco da história aborda duas jovens garotas: Priscila e Paige. Priscila é uma recém-formada guerreira da Organização após receber seu lugar como Número 2, e Paige é uma das sobreviventes após um apocalipse zumbi ter devastado Geórgia e transformado as vítimas em Walkers.
E quando as duas sobreviventes se encontram, uma longa e incansável viagem começa e elas terão de lutar para sobreviver.
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Passaram-se um minuto e meio desde que a Celine levou a Paige em um estado de saúde bem debilitado. Priscila e Alice observavam os Predadores retornando ao acampamento em seus quadriciclos com a tenente deles. A mãe dos garotos observava fixamente para aquele lugar enquanto a guerreira virou seu olhar de quase derrotada por ver sua protegida doente e Richard ter sido morto em sua tentativa de fuga, mas ainda invicta enquanto havia alguma chance de poder mudar esta história.
Estando de pé, ela prossegue em direção da pá que pertencia a Paige. Pegando-a, a guerreira se dirige à mãe dos garotos.
“Alice, precisamos ir.” chamou ela.
Ouvindo aquilo, a mulher ficou um pouco preocupada por ver a guerreira determinada a prosseguir com a sua parte do trabalho escravo.
“Mas, e a Paige?”
“Eu sei. Paige precisa da nossa ajuda. Mas no momento, precisamos garantir a nossa sobrevivência. Se os guardas nos apanharem, teremos sérios problemas. E talvez os seus filhos possam ser comprometidos se não fizermos alguma coisa.”
Alice suspirou com aquilo, mas concordou com a Priscila. “Você tem razão, Priscila. Fico feliz que você esteja comigo para enfrentar este momento difícil.”
As duas mulheres prosseguem para o trabalho depois daquela cena que tiveram de enfrentar. Alice quase foi arrastada por um dos guardas para algo extremamente desagradável e cruel, mas foi salva pela Priscila, teve de presenciar a morte de três pessoas, como seu marido, Sullivan e Richard, e agora terá de continuar a sua parte a fim de sobreviver neste mundo inóspito.
E quando elas andavam adiante para a outra região do campo, a guerreira sentia que a figura misteriosa que os observava antes de entrar no território dos Predadores estava por aí, em meio às árvores e à vegetação local. Olhou ao seu redor, mas não encontrou nada que pudesse ser o tal observador de antes. Sabendo que não era importante no momento, ela retoma seu curso. A figura humana era o homem de cabelo grisalho com olhos azuis, o mesmo que observava Richard e os outros sobreviventes após terem deixado o restaurante. Em suas mãos, portava um fuzil M1 Garand de calibre ponto trinta zero meia. Para o tempo em que a Paige e a Priscila se encontram, esse fuzil estava um pouco desatualizado em comparação as armas mais modernas como o M16, AK-47, FN FAL, Uzi, Galil, Ingram, P90, Skorpion, MP5 e outras. Mas em contrapartida, nas mãos de atiradores habilidosos, o M1 tem um poder de fogo devastador e um alcance superior em relação às pistolas e submetralhadoras.
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Ao mesmo tempo em que as duas mulheres retornavam ao trabalho, Mark e Andrew cavaram mais cinco buracos para instalarem minas terrestres. Eles não estavam cientes do acontecimento no campo de trabalho onde a Priscila, Paige, a mãe deles e o Richard estavam. Porém eles ouviram o som de tiro da arma de Celine ecoando por entre as árvores. Os dois meninos olhavam para aquele lugar, pensando o que poderia ter acontecido.
Um dos prisioneiros se aproximou do filho mais velho. Era o homem de pele parda que estava há um tempo no acampamento dos Predadores da Selva.
“Você ouviu aquilo? Um som de tiro?” perguntou Andrew para o prisioneiro.
“Creio que escutei, embora baixo da onde estamos.” respondeu ele.
“Esperamos que a Priscila, Paige e a mãe estejam bem aí.” disse Mark preocupado por elas.
“Eu acredito que elas estejam bem. Não se preocupem. Depois deste turno, nós poderemos nos reunir com elas.”
“Também espero que sim.” respondeu o filho mais novo de Alice.
Pouco antes de retornar ao serviço, o prisioneiro notou um dos guardas patrulhando a região. Isso não era um bom sinal para ficar muito tempo conversando.
“É melhor voltarmos ao trabalho. Os guardas estão rondando por aqui e não são amistosos com os prisioneiros que ficam conversando. Com licença.” despediu-se o prisioneiro aos filhos de Alice.
Vendo ele retornar ao serviço, os dois rapazes optaram por voltar aos afazeres. Eles portavam mais uma leva de minas anti-tanque para serem instaladas no terreno. Andrew olhava por um instante para onde sua mãe e as duas sobreviventes estavam. Novamente, ele se junta ao seu irmão.
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Priscila e Alice realizavam as suas tarefas passadas pelos Predadores da Selva. Levantaram duas fileiras de postes com arame farpado ao redor do flanco sudeste do acampamento. Alice sentia seu corpo doer aos poucos devido ao esforço físico por agachar e se levantar para cavar os buracos para os postes. Felizmente a Priscila estava por perto a fim de não só sobrecarregar a sua colega enquanto os filhos dela estavam com os outros sobreviventes e a Paige estava de volta no acampamento a fim de recuperar suas forças devido o resfriado e a fraqueza desenvolvida após a chuva e vento gelado.
Ao inserir o próximo poste, Priscila olhava para onde fica o acampamento, pensando na sua protegida. O olhar da guerreira emitia certa preocupação pelo estado dela. Mas sabia que sua atenção não podia ser dispersada. Num instante, um dos soldados que supervisionava os prisioneiros passava do lado das duas mulheres. Este não chegou a virar seu olhar para elas a fim de certificar que estavam fazendo a sua parte. Alice suspirou de alívio por vê-lo passando sem reagir ou parar por um segundo para monitorá-las.
“Foi por pouco.” pensou Alice vendo ele indo embora.
Neste instante, a mãe dos garotos se sentou para descansar. Priscila a ouviu e foi até ela, sentando em seguida do lado dela.
“Pelo menos eu posso descansar as minhas pernas. Eu não sei se vou aguentar mais um pouco.” disse ela, massageando seus tornozelos a fim de aliviá-los.
“É verdade, Alice. Precisamos fazer de tudo para sobrevivermos às tarefas mortais dos Predadores.” respondeu a guerreira da Organização.
“Eu só espero que o Mark e o Andrew estejam bem e que não tenha acontecido nada de mal a eles. Temo só de pensar nisso.”
“O importante é torcer para que eles estejam bem. Mesmo que não possamos fazer muito por eles, pensamentos positivos costumam ajudá-los a evitar coisas piores de acontecer a eles.”
“Tem razão.” disse Alice a respeito da última fala da Priscila.
Pouco antes de continuarem a conversa, a guerreira ouviu o som de passos vindo na direção delas. Pediu para Alice se levantar. O mesmo soldado que passou por elas retornou. Desta vez, ele foi até elas.
“O chefe ordenou que vocês retornem ao acampamento.” disse o guarda. Voltou a patrulhar sem se despedir delas.
As duas tiveram um certo receio de que a razão de terem sido chamadas foi por terem desafiado a autoridade de Marlon pela guerreira da Organização ter salvo a Paige e a Alice.
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No centro do acampamento, as duas mulheres avançaram para onde estava o chefe dos Predadores. Além dele, estavam os guardas dele, Celine e um dos homens que foi detido pela guerreira da Organização. A mão dele estava enfaixada.
Vendo as duas prisioneiras, Marlon emitiu um gesto para elas chegarem mais perto. Feito isso, dois dos guardas deles a fizeram ir de joelhos para o chão. Mantiveram suas armas apontadas para elas.
“Fui informado que vocês tiveram um desentendimento com meus homens.” disse Marlon num tom sério para as duas prisioneiras. Apontou para o atirador com a mão enfaixada. “Ele me informou que você deslocou sua mão enquanto você interferiu no tratamento com a prisioneira que atendia a outra que se encontrava caída.” Em seguida, apontou para o outro atirador na qual foi aterrorizado pelos olhos dourados de Priscila. “E este me informou que os seus olhos mudaram de cor e forma.”
Marlon se aproximou da Priscila com a pistola P38 sendo retirada de seu coldre.
“Você deveria saber que temos o poder sobre este acampamento e suas vidas. Podemos muito bem punir vocês por nos afrontarem.”
“Entenda. Eu não deixaria que minhas amigas sofram enquanto vocês tiram proveito delas ou dessa gente que tem feito o seu trabalho sujo.” respondeu ela com um olhar de uma pessoa disposta a enfrentá-lo.
Com aquilo dito, Marlon lançou um golpe com a empunhadura de sua pistola no rosto de Priscila. O rosto de Priscila virou para esquerda após recebê-lo. Alice arregalou seus olhos de espanto. Ao voltar seu olhar para Marlon, o lábio inferior da Claymore apresentou um pequeno corte, uma mancha escura na região do golpe e uma gota de sangue escorria do local do corte.
“Não diga esse tipo de coisa para mim, nem para os meus homens. Eu poderia apontar o cano da minha pistola na sua cabeça e puxar o gatilho neste exato momento. Mas você ainda tem potencial para garantir a nossa sobrevivência.”
Priscila cerrava suas sobrancelhas com o olhar descontente para ele. Alice se esforçava para continuar calma e evitar de falar muito para não piorar a situação. Marlon se afastou por um momento enquanto guardava sua arma no coldre.
“Tiveram a sorte de terem escapado da punição. Por isso, terão mais uma chance de continuarem trabalhando.”
“Mas e a Paige? Onde ela está?” perguntou a jovem guerreira.
“Você fala da outra?” perguntou Marlon. Ele apontou para a cabana onde elas estão hospedadas. “Celine a deixou na cabana com os outros.”
As duas prisioneiras olhavam para onde a jovem Paige se encontrava. Contudo, algo fez as duas arregalarem seus olhos quando ouviram o chefe dos Predadores da Selva falar outra vez.
“Ela não teria muita chance para continuar o serviço dela no estado que ela se encontra. Nem de viver.”
Alice e Priscila ficaram quase arrasadas por ouvirem aquilo. O resfriado de Paige estava perto de evoluir a uma espécie de doença respiratória grave, como bronquite ou pneumonia. Se não for tratada ou buscar auxílio médico, Paige não resistiria por muito tempo.
Priscila virou seu olhar de quase furiosa para o chefe deles.
“Cura a Paige agora!”
Dizendo aquilo e em tom alto, Celine e os guardas levantaram suas armas para a Claymore. Marlon não se deu por interessado em atender o pedido dela.
“Já disse que estamos com escassez de medicamentos, e o pouco que temos são para tratar alguns machucados e enfermidades leves. Não temos esse tipo de remédio para tratar o resfriado dela.”
“Ora, seu…” gritou Priscila em seus pensamentos. Estava claro que ela queria sacrificar o seu código e a regra da Organização para matar aquele homem na sua frente. Mas, diante da situação que se encontrava, não podia fazer nada a não ser abaixar a sua fúria e se entregar a eles.
Marlon sorriu ao vê-la abaixar sua cabeça. “Muito bem. Agora, retornem aos seus alojamentos e descansem para a próxima rodada de tarefas que temos a vocês.”
Alice e Priscila foram levantadas pelos homens armados de Marlon e escoltadas à cabana. O chefe deles observava as duas se distanciando à medida que andavam para lá.
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No interior da estrutura, Raj, Mark e Andrew estavam atendendo a jovem Paige. A moça estava tossindo e suas olheiras continuavam visíveis. O ex-clínico fazia de tudo para mantê-la acordada e viva, porém, sem os medicamentos necessários para tratá-la, não teria muito tempo de vida. Os outros prisioneiros observavam, com alguns oferecendo um pouco de água e comida a Paige a fim de mantê-la viva.
Ouvindo o som de passos e a porta abrindo, eles avistam a Priscila e a Alice sendo empurradas pelos soldados dos Predadores. Depois disso, eles fecharam a porta. Alice correu para abraçar seus filhos.
“Mãe!” disse Andrew.
“Mamãe!” disse Mark.
“Mark! Andrew!” disse Alice, abraçando seus filhos.
Priscila correu em direção à Paige. Os olhos dela estavam quase encharcados de lágrimas.
“Raj, como ela está?”
“Infelizmente eu não posso dizer muito. Fiz o meu melhor para manter a saúde dela estável, mas receio que ela não sobreviva por muito tempo. Sem os remédios, o resfriado dela se tornará algo sério na qual eu não consiga salvá-la.”
“Aquele Marlon e seus homens… como eles conseguem fazer uma coisa dessas? Ela é uma jovem moça com um futuro brilhante.” disse Alice quase triste.
“Infelizmente essa gente não se importa com qualquer um.” disse o prisioneiro caucasiano de 24 anos.
“Só pegam pessoas que vagam nas terras deles e manda levantar muros, cercas e campos minados.” completou o prisioneiro moreno de 36 anos.
Priscila olhava para os outros prisioneiros que comentavam dos Predadores para ela e Raj enquanto olhavam para a Paige. Meio tempo, Mark olhava para sua mãe.
“Ei mãe, o que aconteceu lá fora?” perguntou Mark.
“Onde está o Richard?” perguntou Andrew.
“Richard tentou escapar, mas não teve muita sorte.” disse Alice com um olhar preocupado.
“Ele foi baleado pela mulher dos Predadores.” completou Priscila.
“Os Predadores não perdoam prisioneiros que tentam escapar do trabalho ou dos olhos deles. Teve um dos prisioneiros que tentou fazer a mesma coisa que o seu amigo.” disse o prisioneiro moreno de 36 anos.
“Richard não era bem o nosso amigo. Ele foi com a gente depois que o restaurante dele foi cercado por zumbis. O cozinheiro dele se sacrificou para conseguirmos escapar.” respondeu Alice sobre o Richard.
“Eu sinto muito sobre isso.”
Pouco antes de continuarem, ouviram o som de tosse da Paige. Priscila e os outros a olharam.
“Paige.” chamou Priscila.
“Priscila. Fico feliz por ver você. Eu… eu queria te pedir desculpas por…” dizia ela em meio às tossidas. “… por ter gritado com você e… ter dito aquelas coisas de você… ter deixado a gente.”
“Está tudo bem. Eu que deveria te desculpar por não poder te ajudar antes. O meu código não permitia que eu te protegesse de outros humanos. Mas… tive um tempo para perceber que eu não estou mais no meu mundo e que, certas regras talvez possam ser flexibilizadas ou violadas.” disse Priscila enquanto lágrimas escorriam de seus olhos.
“Você… faria qualquer coisa por… mim e por… eles?”
“Sim Paige. Eu faria qualquer coisa ou sacrificaria qualquer coisa pelo seu bem-estar e o deles.”
“Priscila… ”
As tosses pioravam e ficavam mais frequentes. Priscila abraçava a jovem moça. A guerreira Número 2 chorava enquanto mantinha a outra em seus braços. Mark, Andrew e Alice se reuniram com a jovem guerreira e a Paige.
“Paige, continue com a gente. Você precisa aguentar mais um pouco. E assim que sairmos daqui, poderemos continuar a nossa busca.”
“Priscila, eu… eu estou ficando cansada… e… com um pouco de… frio… ”
“Paige, não desista da gente.”
O grupo estava reunido naquela cabana. A comoção dela atraiu os outros prisioneiros para se reunirem e compartilharem aquele momento com as duas sobreviventes.
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Depois de um tempo, Priscila olhava pela janela a paisagem fechada pelas árvores e a vegetação local. Paige continuava viva, apesar de fraca e tossindo em alguns momentos. Alice e seus filhos a tratavam com um pouco de água, algumas plantas e comida que recebiam dos Predadores, mesmo sendo um pouco de carne e arroz. Raj monitorava os batimentos cardíacos e a respiração de Paige.
A jovem guerreira olhava, pensando se há alguma coisa a ser feita para ajudar sua amiga e protegida. Contudo, parecia que nenhuma das ideias que vinha na mente dela serviria para ajudá-la. E, recordando das palavras de Marlon a respeito de Paige, sua mão segurava o quanto da janela com força a ponto de rachar ao redor de seus dedos. Até que os dois prisioneiros que estavam com eles se aproximam dela.
“Oi. Com licença.” chamou o moreno de 36 anos.
Ouvindo a voz do rapaz, Priscila virou seu olhar para eles. Ela estava um pouco nervosa e quieta, porém preocupada pela saúde de sua protegida e amiga. Os dedos dela permaneciam naquele canto da janela, mantendo a pegada nele.
“Ouvimos que você conseguiu salvar a mãe daqueles garotos de ser levada pelos Predadores da Silva. Não fazia ideia como você evitou algo terrível de acontecer para ela.” disse o rapaz de pele branca de 24 anos.
Priscila estava um pouco quieta. Mesmo que ela tenha feito aquilo para salvar Alice de algo terrível, seja a morte ou a violação de seu corpo para depois ser morta, não seria o suficiente para cessar a sua preocupação pela Paige.
Os dois prisioneiros estavam um pouco surpresos pela falta de resposta da guerreira. O moreno optou por ir no assunto principal acerca dela e dos medicamentos para tratá-la.
“Há um tempo, ouvimos dizer que os Predadores da Selva tem saqueado algumas cidades abandonadas em busca de suprimentos, armas e até medicamentos. Podemos utilizá-los para tratar a sua amiga.”
O silêncio dela se rompeu por ouvir aquilo. Os olhos dela se arregalaram, os dedos dela se desprenderam daquela parte da janela para focar sua atenção nos dois rapazes.
“Onde eles estão mantendo os medicamentos deles?” perguntou ela quase aflita.
“Numa cabana igual a esta aqui, porém no lado esquerdo do pátio, perto da entrada oeste para o acampamento.” respondeu o prisioneiro moreno.
“Mas ninguém tem acesso aquele lugar. É vigiado o tempo todo pelos guardas nas torres e por entre as patrulhas.” complementou o prisioneiro caucasiano.
“Apenas o chefe deles pode conceber a permissão para obter alguns dos medicamentos de lá. Outra pessoa que não seja ele, terá a passagem barrada pelos guardas.”
“Mas deve haver um jeito de entrar lá. Que se dane as atitudes do Marlon e de seus homens.” disse a jovem Priscila com um olhar desafiador.
“Você poderia tentar, mas não creio que eles cederiam facilmente os medicamentos para a nossa causa.”
“Eu posso fazer isso. Eles pensam que eu não posso fazer algum mal físico só por causa do meu código de guerreira da Organização em não matar humanos, mas eles não sabem no que eu sou capaz diante disso.”
Os dois prisioneiros olhavam para a jovem guerreira, depois para eles acerca do comentário feito por Priscila sobre de conseguir invadir aquele lugar e conseguir os medicamentos necessários para a Paige. Era arriscado invadi-lo com os guardas patrulhando e os holofotes em funcionamento.
E ainda, algo chamou a atenção dos três. O jovem Mark se aproximava deles. Ele avistou a Priscila conversando com eles, o que para um jovem da idade pode levantar um pouco as suas curiosidades.
“Desculpe, mas… do que é que vocês estão falando?” perguntou ele.
Priscila sabia que era perigoso colocar o jovem menino no meio da conversa se for para falar o motivo dela. Ela se aproximou de Mark, ajoelhando para falar com ele.
“Mark, o que houve? Eu estou numa conversa particular. Não deveria estar com a sua mãe e o seu irmão?”
“Eu ouvi algo sobre medicamentos e que você pretende pegar alguns para tratar a Paige. Eu posso ajudá-la.”
Ouvindo aquilo, um dos prisioneiros ficou preocupado. Um jovem garoto se arriscando para ajudá-los aumentaria os riscos de a missão falhar.
“Ah não. É melhor você não se envolver nessa, garoto.” disse o rapaz caucasiano.
“Mas eu posso ajudá-los. Paige nos tem ajudado desde o dia que nos conhecemos.” respondeu Mark sério.
Priscila sabia que o Mark consegue se esgueirar bem por entre alguns espaços e correr bem longe do que os outros, apesar de Priscilla ser uma Claymore e conseguir ir além das limitações físicas de um ser humano. Contudo, ela tinha receio de arriscar a vida dele pela Paige. Ela suspirou por adotar este plano.
“Garoto, por favor…” dizia o moreno ao Mark, até ser interrompido pela jovem Claymore.
“Ele vai com a gente.” respondeu Priscila decidida. A resposta dela assustou os dois.
“Mas, você tem certeza disso?”
“Tenho. Eu posso despistar os guardas e tirar as luzes deles de funcionamento. Mark pode se esgueirar por entre a vegetação e a escuridão da noite.”
“É arriscado.” disse o rapaz moreno para Priscila.
“Eu sei. Mas eu arriscaria qualquer coisa por vocês e pela Paige.”
O prisioneiro moreno suspirou. Contudo, ele concordou com a ideia. “Muito bem. Iremos com vocês para mostrar o caminho.”
Priscila sorriu para eles após colocarem em prática o plano de invadir a cabana de suprimentos médicos. “Obrigada rapazes. Fico feliz por disporem suas capacidades e forças para ajudar a Paige.”
“Sem problemas, garota.” disse o prisioneiro caucasiano.
“Uh, por favor me chame de Priscila.” disse a jovem guerreira em resposta à palavra “garota”.
“Ah, perdão Priscila. Ao propósito, sou Bernard.” introduziu o prisioneiro caucasiano.
“E eu sou o Daniel Ramirez.” introduziu o prisioneiro moreno.
“Prazer Daniel. Bernard. E este é o Mark.” introduziu Priscila o jovem Mark para os dois.
“Oi.”
“E aí Mark?” cumprimentou Daniel.
“Mark.” disse Bernard.
O pequeno grupo se reuniu para organizarem o plano de conseguirem o que precisam. E para isso, era melhor não envolver os outros nesta missão se era para manter a Paige segura e fora dos perigos que possam vir a ela.
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Horas se passaram depois daquela pequena reunião para elaborarem um plano de invasão e arrombamento da cabana que usam para guardar suprimentos médicos, Priscila, Bernard, Daniel e Mark deixaram o lugar em que estavam para ir ao respectivo lugar-alvo e obter o necessário para tratar a Paige. Com a noite ao redor deles, poderiam contar com a vegetação local em certos pontos estratégicos a fim de se movimentarem sem serem vistos. Contudo, eles viram que alguns guardas andavam com lanternas e eram acompanhados com outros, armados com fuzis e submetralhadoras. Além deles, algumas torres contavam com holofotes, o que seria um problema sério se os sobreviventes fossem apanhados e entregues ao chefe dos Predadores para serem severamente punidos.
A jovem Claymore olhava para as patrulhas por entre a vegetação. Mesmo que houvesse poucos arbustos e mato alto, dava para se esconder e contar com a escuridão. Vendo uma delas se afastando da posição em que ela e os rapazes estavam, puderam prosseguir adiante. Nos casos em que encontrassem guardas parados mas estando de costa para eles, dava para arrastá-los e nocauteá-los sem que chamassem a atenção das outras patrulhas, ou usar de elementos como pedras para arremessá-las a fim de atraí-los conforme o som de queda delas.
Priscila, Bernard, Daniel e Mark prosseguiram pela direita, passando por duas patrulhas que andavam despercebidas de sua presença. Mas ao deparar com a primeira patrulha estacionada, eles tiveram que parar. Era formada por dois guardas armados com AK-47.
“Uma patrulha. Isso vai nos causar problemas se nos avistarem.” pensou Priscila ao vê-los.
Os guardas olhavam de frente para onde o grupo estava. Felizmente para a jovem guerreira, uma das vantagens que podia contar nas passadas sorrateiras era a sua incrível agilidade e habilidades sobre-humanas, além de não usar suas botas de metal. Por serem feitas de seções e peças metálicas, elas faziam muito barulho na hora de andar e as peças dobrarem.
“Temos que passar para chegar até a cabana. Não temos chance de enfrentá-los de frente.” disse Daniel em tom baixo para os demais do grupo.
Priscila olhou para o rapaz que falou aquilo, e depois voltou sua atenção neles. Ao olhar a sua volta, a guerreira avistou algumas pedras no chão. Apanhou uma e foi mirar num canto aberto para chamar a atenção deles.
“O que você vai fazer?” perguntou Bernard bem baixo.
“Chamar a atenção deles.” respondeu a jovem garota. Com aquilo dito, ela arremessou a primeira pedra para o lado direito.
O som chamou a atenção dos dois guardas, levantando seus fuzis para o local da pedra que caiu.
“O que foi isso?” perguntou o segundo guarda.
“Não faço ideia. É melhor investigar.” respondeu o primeiro.
“Pode ser algum roedor andando por aqui.”
“Eu sei. Mas é bom investigar.”
“Tá. Eu vou com você.”
A patrulha prosseguiu em direção à origem do som. Vendo eles se distanciando do local, levantou o ânimo dos dois rapazes ao lado da Priscila e do Mark.
“Bom trabalho Priscila.”
“Valeu rapazes. Precisamos ir. Não temos ideia se eles vão voltar.”
Sem dizer mais nada, o grupo prossegue em direção a cabana por entre o canto onde os guardas estavam. A vegetação auxiliou os sobreviventes a passarem sem serem vistos pelas patrulhas que andavam ao redor.
Contudo, eles foram novamente impedidos de prosseguir. Uma outra patrulha estacionada. Desta vez, um dos guardas estava usando uma lanterna. Priscila avistou uma árvore do canto esquerdo. Com uma pedra apanhada lá atrás, ela arremessa na direção dela. Os guardas ouviram o som daquele objeto arremessado batendo no tronco e caindo em seguida.
“Por ali!” apontou o guarda com a lanterna.
A escolta acompanhou o outro na direção da árvore. Isso deu ao grupo uma oportunidade de continuarem. Os guardas não tinham ciência de que estavam sendo chamados por meio de artifícios criados pelos sobreviventes.
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Passando pelas primeiras patrulhas, o grupo chega num canto coberto pela vegetação e pela escuridão da noite. Eles avistaram a cabana próxima da entrada oeste para o acampamento. Era idêntica pela estrutura e aparência externa com o da outra em que repousavam. Mas era cercada com arame farpado, um portão de madeira, duas torres com holofotes e dois homens armados.
“É ali. A cabana que eles usam para guardar os medicamentos saqueados das cidades.” apontou Bernard.
“Para chegar lá vai ser difícil. As torres e os guardas não vão conceber a passagem tão facilmente.” disse Daniel.
“Ah, mas eles vão nos deixar passar.” disse Priscila andando pra frente.
“Como, Priscila? As pedras podem chamar a atenção dos guardas para fora do portão, mas não as torres.” disse Daniel a respeito das torres.
“Os guardas do alto não escutam muito bem algo vindo do chão.”
“Mas eu posso nocauteá-los e dar uma chance para o Mark correr em direção à cabana.” disse Priscila.
“É arriscado demais.” disse Bernard.
“Eu sei. Mas estou disposta a aceitar esse risco.”
Pouco antes de avançar, Mark pegou a mão da jovem guerreira. Ela virou para vê-lo.
“Você vai ficar bem. Não vai?” perguntou o menino mais novo.
“Não se preocupe, Mark. Eu vou ficar bem. Estamos fazendo isso pela Paige.” respondeu ela sorrindo. Colocou sua mão direita na cabeça de Mark, acariciando-a enquanto a jovem guerreira o confortava diante da situação.
“É melhor agirmos logo. Se ficarmos por mais tempo, eles poderão nos apanhar.”
Priscila virou seu olhar para os dois homens que estavam com ela e o Mark. Balançou sua cabeça para frente, concordando com eles. Virando sua atenção para as torres, ela prossegue por entre a escuridão vindo das árvores e da falta de luz vindo dos holofotes e das lanternas.
Mark, Bernard e Daniel observavam a proeza de Priscila quando ela escalava por uma das pernas da torre sem usar a escada e evitar ser apanhada pelos guardas. Numa ocasião, ela esperou por um dos homens armados passar a fim de poder continuar. E quando notou que ele já estava distante, Priscila pode prosseguir.
No alto da torre, a jovem guerreira se esgueirava. Notou que havia três homens na vigília e um operando o holofote. Se for para enfrentar todos eles sem acionar os alarmes ou chamar demais a atenção deles, ela precisaria de uma outra forma para deixá-los cegos.
Olhando ao redor dela, Priscila encontrou uma caixa de força com uma alavanca. Estava um pouco próximo da posição dela e pela aparência parecia um pouco antigo e desgastado.
“Perfeito.” pensou a Número 2 da Organização.
Priscila se esgueirou pelas extremidades do piso da torre para chegar na caixa de força. Ela mantinha o seu olhar nos guardas, onde que continuavam olhando para o horizonte e às vezes para o operador do holofote. E quando ela chegou no seu alvo, a guerreira foi analisar o que poderia utilizar para deslizar aquele aparelho.
“Se eu for puxar a alavanca para desligar o holofote, os guardas poderiam ligá-lo de volta, o que não ajudaria muito.” analisou Priscila enquanto olhava para a alavanca.
Em seguida, ela viu um cabo de energia ligando o holofote. Era alimentado pela caixa de força. Poderia ser útil caso ela fosse quebrá-lo para deixar os guardas no escuro. Mas pensou melhor em seguir o cabo que ligava a caixa de força para uma espécie de gerador. Pegando levemente o cabo da caixa, ela foi seguindo-o, descendo da torre de vigia para procurar pelo gerador.
No chão, Bernard, Daniel e Mark viram a Priscila descendo da torre, mas os holofotes continuavam ligados. Isso causou uma certa estranheza em Bernard.
“Por que ela está descendo? Não era para ela desligar os holofotes?” perguntou ele.
“Acho que ela tem alguma outra coisa em mente para nos ajudar.” respondeu Daniel.
“Bom, vamos torcer para que ela não nos deixe na mão.”
“Não se preocupe, Bernard. Pelo que a conheço, Priscila não nos deixaria na mão.” respondeu Mark, sorrindo em seguida para dar um pouco de esperança.
“E ainda mais a Paige.” completou Daniel.
Bernard concordou com os dois. “Tem razão. Vamos aguardar mais um pouco.”
Os três viram a guerreira correndo pelo lado direito da outra torre. Os guardas ainda não estavam cientes da presença deles e da jovem guerreira.
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Priscila chegou no final do cabo de força: um gerador de porte médio fixo alimentado a diesel. Havia um guarda guardando ele, observando quem ou o que poderia chegar no gerador. Felizmente não notou a presença de Priscila.
Mesmo sabendo que matar humanos era proibido, ela avançou de lado para abordá-lo. O guarda não a viu chegando, de repente sentiu uma mão agarrando sua boca e um braço agarrando seu pescoço. Tentou revidar ou se libertar dela, mas não surtiu efeito. A guerreira o derrubou por asfixia, deixando-o inconsciente no chão.
Depois de derrubar o guarda, a guerreira se aproximou do gerador. Com o cabo conectado às torres na mão, Priscila puxou-o com força, desligando os holofotes, quebrando-o em seguida.
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Os homens de Marlon que estavam nas torres se estranharam vendo os aparelhos de iluminação se apagando do nada.
“Mas o que aconteceu?!” perguntou um deles.
“Por que o holofote apagou?!”
“Ah, que droga!” exclamou um dos guardas.
Bernard, Daniel e Mark sorriam vendo as luzes das torres apagadas. Isso deu a eles uma chance de avançarem. E falando em chance, eles avistam a jovem Priscila do outro lado do muro de arame farpado. Ela chamava o grupo para prosseguir.
“Muito bem. Agora podemos ir!” disse Daniel.
Com o caminho livre e as luzes que vinham das torres apagadas, os três puderam prosseguir até a cabana. Unidos a Priscila, o grupo está prestes a alcançar seu objetivo. Eles pensavam firmemente na jovem Paige e nos demais, caso precisem de alguma medicação que pudessem levar da cabana, sem levantar suspeitas de Marlon e dos homens dele.
“Aguente firme, Paige. Estamos para conseguir ajuda.” pensou Priscila enquanto corria até a cabana médica.
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No interior daquele lugar, vários armários de vidro e congeladores guardavam incontáveis remédios, frascos de vacina e bolsas de soro para qualquer tratamento médico. Todos eram mantidos sob temperatura regulada. E no meio da sala estreita, surge uma garota de cabelos loiros vestida de jaleco branco, uma camiseta azul-celeste, uma saia preta e um par de tênis brancos com listras pretas. Tinha 21 anos de idade, um par de óculos e olhos verdes. Ela portava nas mãos uma prancheta contendo um lápis e um relatório de inventário dos remédios que os Predadores traziam de seus saques para o acampamento.
Ao pegar o lápis para fazer as anotações, ela escuta o som de alguém batendo na porta. Ela estranha ouvir aquele toque-toque, pois não esperava nenhum tipo de visita fora a dos homens de Marlon ou a Celine. Entretanto, deixou a prancheta e o lápis na mesa dela para atender a porta.
Aproximando-se da maçaneta, ela abriu a porta e na sua frente teve o pequeno Mark. Priscila e os outros encostados na parede, um pouco próximo ao menino.
“Olá.” cumprimentou a enfermeira.
“Oi.” cumprimentou Mark com as bochechas vermelhas. Ela era bonita, como ela pensava ao vê-la.
“Está tudo bem com você? Precisa de alguma coisa?” pediu ela gentilmente.
Mark foi aos poucos se recompondo, respondendo a pergunta dela. “Eu… eu preciso de remédio.”
A jovem ficou quieta por um segundo. Ela colocou a mão direita dela na bochecha do menino, perguntando-o gentilmente. “Tem alguém com você que está doente?”
“Eu tenho uma amiga que precisa de ajuda. Ela não está bem.”
A jovem ficou quieta por um segundo. Notando que o Mark estava só, olhou para os lados a fim de certificar que não havia nenhum homem armado dos Predadores por perto.
“Você está sozinho ou tem mais alguém com você?”
Em resposta, os outros apareceram.
“Ele não está sozinho.” respondeu Bernard.
A enfermeira se espantou um pouco vendo o pequeno grupo se reunindo com o garoto. Mas como a Priscila estava por perto, isso deu uma aliviada.
“Oi. O meu nome é Priscila.” cumprimentou a guerreira de cabelos loiros. Em seguida introduziu os demais. “Estes são Bernard, Daniel e o Mark.”
“Prazer. O meu nome é Christine.” introduziu a enfermeira.
“Prazer, Christine.”
“Precisamos de remédios, soro e material médico.” pediu Bernard.
“Uma garota que estava com ela está doente. A má-alimentação, a chuva e o trabalho forçado a deixaram sobrecarregada. E com a imunidade baixa, ela ficou doente.” completou Daniel.
“Um dos nossos que já foi médico está fazendo o que pode para mantê-la viva, mas precisa de remédios para tratá-la.”
“Os Predadores preferem deixá-la à própria sorte e ela não está nada bem.” completou Priscila. “Por favor, nos ajude.”
A enfermeira ficou séria diante da situação. Imaginando que o grupo conseguiu atravessar os muros, as torres e os guardas despercebidos, só para chegar até ela, optou por ajudá-los.
“Venha comigo.” chamou ela.
Priscila e os outros entraram na cabana. Na visão deles tiveram várias prateleiras, armários e congeladores para guardar os medicamentos que não podiam usufruí-los por causa de Marlon e dos Predadores.
“Quanto remédio.” pensou Daniel.
“Dá para ajudar muita gente se pudéssemos levar todos eles.” pensou Bernard olhando para aqueles frascos.
Christine foi abrindo as portas dos congeladores e dos armários. Pegou várias cartelas de remédios para tratar o resfriado, gripe e a tosse. Alguns eram do tipo comprimidos para ingestão. Outros eram em frascos para inalação e injeção via seringa.
Em seguida, ela pegou uma bolsa e foi inserindo os remédios, os materiais como tubo de borracha, agulhas, esparadrapos, máscara de inalação e outros itens para o grupo levar de volta para a cabana onde dormiam e salvar a Paige.
“Vão precisar desses aqui. O médico de vocês vai instruí-los sobre como aplicar as agulhas e a aplicação dos remédios para tratar a sua amiga.” disse Christine enquanto guardava os itens.
Priscila olhou para os dois rapazes e depois para a enfermeira. “Não vai com a gente nos ajudar?”
A loira parou por um segundo após ouvir a pergunta da guerreira. “Eu não posso. Eu estou aqui para cuidar dos medicamentos que o Marlon e os outros trazem de suas patrulhas. Ele não me deixaria fazer isso.”
“O que ele não deixaria? Sair daqui ou nos ajudar?” perguntou Daniel sério.
“Os dois. Se ele me apanhar ajudando vocês, eu posso estar com problemas. E se ele apanhar fora deste lugar ou fugindo para bem longe…” dizia ela, interrompendo por um instante, olhando para o lado.
O grupo ficou sem entender a última fala dela até ser cortada. De repente, Priscila notou uma lágrima escorrendo do olho direito dela.
“… ele me mataria, da mesma forma que um dos meus amigos que tentou escapar.”
Ouvindo aquilo, veio a breve lembrança do Richard sendo baleado na cabeça pelo fuzil da Celine. Priscila e os outros sabiam dessa punição cruel para aqueles com intenções de fugir do acampamento e serem detidos por eles.
“Já sabemos disso. Um dos nossos tentou a mesma coisa.”
Christine olhou para Priscila com uma leve surpresa ouvindo aquilo. Depois disso, olhou para frente.
“Então vocês sabem como eu sinto por viver o resto da minha vida preso à causa deles.” disse a enfermeira, suspirando por ter ajudado eles. “Mas eu vou ajudá-los com o que puder, mesmo que eu tenha de fazer isso às escondidas.”
Bernard recebeu a bolsa com os remédios e os materiais médicos da enfermeira loira. Ele e os outros agradeceram-lhe pelo gesto de ajuda que ela podia oferecê-los. Pouco antes de irem embora, Christine aproximou-se de Mark, colocando sua mão na cabeça dele, beijando a testa do menino em seguida. Ele ficou corado, mas retribuiu com um beijo na bochecha dela.
“Obrigado Christine.” agradeceu Mark.
“De nada, Mark.” sorriu a enfermeira.
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Na saída, o grupo avistou vários veículos prosseguindo para onde estava o gerador que a Priscila cortou a corrente elétrica com as torres. Christine se espantou ao ver aquele movimento frenético.
“Pelo visto os Predadores ficaram mordidos por você ter cortado a força dos holofotes.” disse Daniel.
“Ha! Ao menos eles terão que perder mais tempo consertando aquilo do que com a gente.” respondeu Bernard com um olhar amargo.
“Rapazes, vamos nos concentrar com o que é importante agora. A Paige precisa de nós, mais do que nunca.” respondeu Priscila, fazendo os dois lembrarem do motivo que levaram eles irem até a cabana de medicamentos.
“Tem razão, Priscila. Se esperarmos demais, eles farão a patrulha daqui e em maior número.” concordou o jovem homem do grupo.
“Então vamos!” disse Daniel, encerrando a conversa deles. O grupo prosseguiu até onde entraram por entre o muro de arame farpado. Christine olhava para eles se distanciando no horizonte.
“Boa sorte, pessoal.” pensou ela olhando para Priscila e os outros correndo.
A guerreira, o menino e os dois rapazes correram o mais depressa até a cabana que os outros se encontravam para entregar os medicamentos adquiridos para salvar a Paige.
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Enquanto isso na cabana onde Paige, Alice, Andrew e Raj dormiam, o médico continuava dando um pouco de água para a jovem sobrevivente. No estado em que ela estava, só podia inserir aos poucos por meio de uma tigela de madeira. Os olhos dela estavam fechados e nas pálpebras inferiores as olheiras estavam bem visíveis.
Alice estava acordada para ajudar o médico na cabana. Estava preocupada pela garota que protegeu ela e seus filhos, e pelo Mark que sumiu com a Priscila e os outros. Em seguida, escutaram o som de passos se aproximando. O grupo retornou, sem nenhum arranhão e ainda por cima, conseguiram os remédios para Paige. A mãe dos garotos abraçou o jovem Mark, mas o repreendeu por ter saído sem avisá-la e deixá-la e Andrew preocupados. Bernard e Daniel entregaram a bolsa com os itens necessários para Raj continuar o tratamento de Paige.
“Eu nunca imaginei que vocês conseguiriam os medicamentos que eles obtêm com os saques.” dizia Raj preparando o soro intravenoso. “Os Predadores nunca deixariam qualquer um acessar o estoque deles e tratar os doentes que forem precisá-los. Mas, fico feliz que conseguiram.”
“Priscila e o Mark nos ajudaram bastante para conseguir os remédios e os itens.” respondeu Daniel.
“Tivemos sorte que estava de noite e os caras não esperavam pela nossa criatividade e o potencial da Priscila.” respondeu Bernard.
O médico inseriu a agulha de acesso na veia de Paige, conectando-a na bolsa para o remédio fazer efeito no corpo da garota. Em seguida, ele colocou a máscara na boca e no nariz dela para a medicação via spray nasal.
Priscila se aproximou de Raj. Ela estava preocupada pelo estado de sua colega.
“Doutor.” disse Priscila. “A Paige vai ficar bem, não vai?”
Raj pegou o estetoscópio para ouvir a respiração da jovem sobrevivente. Foi alternando de uma área do peito para a outra.
“A medicação fará efeito gradualmente. Mas ela precisa se recompor com uma boa alimentação e repouso. Como temos aquilo que os Predadores nos oferecem, terá de ser o suficiente mesmo que seja pobre em nutrientes.”
Priscila segurou a mão direita de Paige com força. Os olhos da guerreira se encharcaram de lágrimas. Os outros se reuniram ao redor deles, rezando e desejando a recuperação de Paige.
“Paige, se estiver ouvindo, saiba que nós não vamos desistir de você. E você não vai desistir da gente. Quando… tudo isso acabar, vamos ficar juntas para descobrir coisas novas, mundos diferentes e pessoas diferentes. Pessoas dispostas a nos ajudar em momentos de grande dificuldade.”
A jovem guerreira segurava a mão dela com força. Lágrimas caíam de seu rosto, tocando os dedos entrelaçados. Num instante, ela escuta uma voz chamando o seu nome. Era fraco mas dava para escutar.
“Pris… ci… la.”
Quando a Número 2 ouviu, seus olhos se arregalaram. Paige estava viva. Lentamente se recuperando e recompondo suas forças. A medicação fluía nas veias da sobrevivente, ajudando-a a enfrentar o resfriado contraído.
“Paige.” chamou Priscila. Os outros a ouviram e ficaram emocionados.
“Priscila. Me… me perdoe por ter gritado com você.”
“Claro, Paige. Eu te perdoo.” respondeu Priscila ao se aproximar da cabeça de sua amiga, beijando a testa dela.
Alice e os filhos dela se abraçaram de felicidade, enquanto Bernard e Daniel apertaram suas mãos. Raj sorriu que tudo acabou bem, por conseguir ajudá-las e receber suprimentos médicos através de um apoio secreto dentro dos Predadores da Selva.
A celebração dos prisioneiros durou pouco quando os guardas passaram na cabana, pressionando o gatilho de suas armas apontadas para o alto. O som dos disparos assustaram eles.
“Ei vocês! Tratem de voltarem a dormir!” gritou um dos guardas.
“O chefe não se incomodaria que vocês passem a noite acordados. Ele daria mais uma hora de serviço, se vocês estiverem dispostos. Portanto, voltem pra cama!” completou o outro guarda.
Alice mantinha os seus filhos protegidos debaixo dos braços dela. Bernard, Daniel, Raj e Priscila conseguiram esconder os remédios e os materiais cirúrgicos com a intenção de não exporem a enfermeira Christine e da ajuda dela. Contudo, a jovem guerreira da Organização olhava com desdém para os guardas de Marlon por meio de um pequeno buraco na parede da cabana. Eles mantinham suas armas nas mãos, virando-se para regressar à base.
“Aqueles desgraçados!” exclamou Bernard em sua mente enquanto via eles voltando para o pátio do acampamento.
“Se eu pegasse uma de suas armas, com certeza eu faria um buraco bem no meio dos olhos deles.” pensou Daniel.
A atenção da Priscila retornou para a jovem Paige. Raj continuava o acompanhamento da recuperação física dela. Paige tossia, mas estava se recuperando à medida que recebia a medicação na veia e na máscara.
“E agora, doutor? Paige está melhor agora, não é?”
“Paige está se recuperando, mas precisa descansar. Tudo leva tempo.”
“Tempo é o que pouco temos. Enquanto ela recompõe suas forças, precisamos elaborar um plano de fuga deste lugar.”
“Mas como, Priscila? Se os guardas patrulham dia e noite e as defesas são consideráveis, como vamos conseguir sair daqui?” perguntou Bernard.
“Eu não sei. Mas de alguma forma precisamos sair daqui.”
“Houveram algumas pessoas que tentaram escapar. Porém terminaram no corredor de fuzilamento.” disse Daniel.
“Sim. E não sabemos por onde começar.”
Priscila olhou ao redor dela. Alice e seus filhos, os dois rapazes e o médico mantiveram sua atenção na espadachim. Ela suspirou, rumando para a parede, colocando suas costas nela para dormir.
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No dia seguinte, os prisioneiros se encontravam dormindo no chão da cabana. O frasco de soro e o acesso intravenoso na Paige foram removidos um tempo depois. Em seguida, os guardas entram de forma repentina e apanham o grupo, colocando capuzes em seus rostos e forçando-os a andar. Ao serem levados para o pátio, os guardas os colocaram no chão, retirando os capuzes para fazê-los ver quem estava na frente deles. Marlon, Celine e os homens de elite encaravam o grupo, com o líder dos Predadores se dirigindo para Priscila.
“Estou impressionado que vocês conseguiram sobreviver às terríveis provações desta floresta e do tempo enquanto realizavam o seu dever.” disse Marlon com uma expressão sinistra. “E ainda mais a garota que estava perto de morrer. Estou surpreso que algum milagre tenha acontecido para continuar lutando.”
Paige tentava ao máximo ficar acordada, mesmo estando exausta. O grupo encarava o homem que o aprisionou neste inferno para realizar o trabalho sujo de armar as minas e levantar muros de arame farpado. Viam o malfeitor andar de um canto para o outro, falando dos grandes planos para eles.
“Como vocês realizaram um favor para nós, darei um breve período de repouso. Mas eu quero que estejam prontos para mais um trabalho que darei a vocês.”
“Mais trabalho? Ah, por favor nos dê um tempo.” disse Alice em seus pensamentos.
Priscila permanecia quieta diante da fala de Marlon. Ela virava o seu olhar para Paige, preocupada pelo estado dela em poder realizar mais uma tarefa. Ao desviar a sua atenção, Celine se aproximou com a sua Beretta M9 na cabeça da guerreira.
“Olhe para o chefe se você quer continuar vivendo!” gritou a oficial de confiança dos Predadores.
A mãe e os garotos se espantaram pela reação de Celine para Priscila. A guerreira por sua vez não demonstrou qualquer emoção pela sua vida ser colocada em jogo. Mirou a sua atenção para a atiradora dos Predadores com um olhar repleto de fúria.
Marlon se aproximou de sua oficial, colocando sua mão no ombro dela.
“Muito bem Celine. Eu continuo por aqui.” com aquilo dito, a encarregada de impor ordem no acampamento regressou ao seu posto. Marlon olhou para Priscila mais uma vez.
“Espero que esteja disposta a jogar a sua vida fora pela sua amiga. No estado em que está, ela é um peso morto. E aqui, neste lugar, esse tipo de peso tem que ser descartado para que o progresso continue.”
“Fale o que quiser. Seja para aterrorizar os meus amigos ou para mim. Mas eu não desistirei da Paige.” respondeu a Número 2 da Organização.
“Poupe-me do seu bravado.” respondeu ele, colocando sua mão direita no queixo dela. Priscila poderia mordê-la ou acertar com a sua mão para distanciá-la, mas isto seria entendido como uma afronta e poderia levá-la ou os outros a um destino pior. Marlon, por sua vez, se distanciou dela e prossegue em direção a espada de Priscila.
“Veja só para você. Uma guerreira sem a sua espada. Fico imaginando para onde foi a sua coragem de proteger os seus amigos. Você teve a oportunidade de defendê-los quando os meus homens a cercaram, mas jogou fora.” disse ele enquanto segurava a arma característica de Priscila, porém ainda cravada no chão.
Priscila e os outros mantiveram a atenção nele. Permaneciam quietos diante da fala dele. O chefe dos Predadores se distanciou da espada, dirigindo-se para o grupo.
“Isto indica que eu tenho autoridade sobre este lugar e vocês terão que fazer tudo o que eu mandar se quiserem sobreviver.”
Os guardas se aproximaram do grupo, com suas armas carregadas. Marlon ordenou eles para levarem os prisioneiros de volta para a cabana.
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Oito minutos se passaram após o grupo retornar a cabana. Raj, Priscila e Alice cuidavam da Paige enquanto a jovem atiradora recebia a sua tigela de arroz com um pouco de vegetais em forma de sopa. Mark e Andrew separavam os remédios que o médico solicitava para tratar Paige. Às vezes revezam com Daniel e Bernard nessa tarefa enquanto os dois rapazes mais velhos ficavam de olho pela janela no movimento dos Predadores da Selva ao redor do acampamento.
Paige ingeriu uma porção de vegetais e do arroz durante a sua refeição. Olhava para Priscila e para os outros durante a sua recuperação.
“Então, como está se sentindo agora?” perguntou a espadachim.
A atiradora tossia um pouco. “Um pouco melhor agora, mas ainda estou um pouco rouca.”
“Ao menos já é um sinal de que não estava bem ruim, a ponto de morrer.”
“É. E daqui a pouco você estará em boa forma para poder continuar a nossa jornada.” disse Alice, emitindo sua confiança na rápida recuperação de Paige.
“Sim. Mas, receio de que os Predadores vão nos deixar sair quando tudo isso acabar.”
“Nós sabemos disso, Paige. Por isso precisamos de uma forma para sairmos daqui.” disse Priscila.
Raj monitorava os batimentos cardíacos e a respiração de Paige. Não tinha sinais de secreção parada no pulmão ou de alguma irregularidade a ponto de desencadear pneumonia ou bronquite.
“Bom Paige, a boa notícia é que o seu resfriado não se desenvolveu em problemas respiratórios graves. Mas repouso é necessário para repor a sua saúde.”
“Fico feliz em saber disso. Obrigada Raj. Obrigada pessoal.” respondeu Paige sorrindo.
O grupo reunido a responderam de bom grado por terem ajudado ela. Antes de poderem continuar o tratamento, a porta abre novamente com dois guardas armados. Priscila e os outros esconderam a bolsa e os remédios a tempo.
“O tempo de descanso acabou. Hora de trabalhar.” chamou o guarda com a Skorpion.
Priscila e os outros se levantam enquanto Paige continuava no chão com o Raj e a Alice tratando ela com a sopa.
“Isso inclui vocês também!” exclamou o homem com a AK-47.
“Paige precisa de repouso.” disse Alice.
“E eu sou um médico. Tenho que acompanhar a recuperação física dela.” respondeu o médico indiano.
“Mesmo que seja um médico, a ordem de Marlon é soberana.”
“O chefe ordenou que qualquer pessoa, fisicamente capaz ou não, esteja de volta para o pátio e realize o trabalho.”
Bernard e Daniel tiveram que levantar Paige. Priscila olhou para a sua amiga sendo conduzida de volta ao trabalho à força. Pouco antes de dizer ou fazer qualquer coisa, um dos guardas a chamou.
“Nem tente usar a sua magia para nos intimidar, bruxa! Agora, mexam-se!”
A guerreira sabia que usar o seu Yoki para intimidá-los tinha funcionado antes quando salvou Alice de um desfecho cruel, porém na segunda tentativa poderia ser negado. Sem mais demoras, ela e os demais acompanharam os guardas até o campo de trabalho forçado.
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Novamente, Paige estava fazendo o trabalho sujo dos Predadores em instalar minas alemãs Teller da Segunda Guerra Mundial, postes para amarrar arame farpado e estacas de madeira podre. Ela fazia buracos com a ajuda de Priscila e Alice. As três mulheres estavam na região sudoeste do acampamento enquanto os rapazes e Raj estavam à leste. Paige tossia aos poucos, mas não estava tão ruim a ponto de impossibilitar de trabalhar ou ficar de pé.
Com mais um buraco aberto, Priscila depositou mais uma mina Teller. As três prosseguiram para outra região marcada pelos Predadores. Durante o percurso, Paige parou para tossir. Alice e Priscila recuaram para atendê-la.
“Paige!” chamou Alice.
“Priscila. Alice.”
As duas examinaram o local a fim de pararem para descansar fora do alcance dos guardas que patrulham.
“Paige, você não precisa se forçar.” disse Priscila.
“Eu sei. Mas não deveriam me socorrer enquanto eles ficam nos vigiando.”
“Raj disse que repouso é importante no estado em que você está. Os Predadores não deveriam impor qualquer ordem acima de outra. Até a de médico eles deveriam respeitar.” disse Alice preocupada.
“Sim, mas caso não tenha percebido, esses homens não querem saber da gente. Por isso precisamos sair daqui.” respondeu Priscila séria.
As duas concordaram com a guerreira. Antes de continuarem a conversa, ouviram os passos dos guardas se aproximando. A fim de não serem reprimidas, retornaram ao trabalho, andando em um ritmo acelerado. Virando para ver, os guardas andavam sem muita preocupação ou algo que pudesse chamar a atenção deles.
Porém, Priscila sentiu que o homem do M1 Garand estava de olho neles, mantendo a arma levantada em uma região distante. Ele continuava escondido por entre a vegetação do bosque, esperando pelo momento certo para atirar. Mas em que ele estaria apontando o seu fuzil? Nelas? Ou nos guardas de Marlon?
Priscila olhava para onde ele estaria, sendo chamada pela mãe dos garotos e da Paige.
“Priscila?”
“Priscila. Está tudo bem?”
Recobrando a sua atenção nas duas, respondeu que estava bem.
“Você parou por um segundo. De repente ficou que nem estátua.” disse Paige.
“Eu estou bem. Só isso.”
Alice e Paige ficaram com uma resposta vaga da guerreira. Mas acataram ela e continuaram a realizar o trabalho de cavar buracos e instalar minas.
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No outro lado, Mark e Andrew ajudavam Daniel e Bernard com mais uma leva de minas. Eles estavam numa região bem alta do terreno ao redor do acampamento. Podiam ver o lugar e as cabanas do chefe, dos prisioneiros, do aquartelamento e de Christine.
Os dois meninos olhavam para onde estaria a mãe deles, Paige e Priscila, pensando o que estaria acontecendo. Nesse tempo, Daniel os chama.
“Mark! Andrew!”
Ouvindo o chamado, os dois irmãos retornam ao trabalho. Entregam mais uma leva de minas Teller para os rapazes que cavaram mais buracos pela frente. Raj esfregava a sua testa encharcada de suor após instalar mais estacas de madeira. Com alguns artefatos explosivos instalados, eles cobrem com terra, folhas e gravetos. Concluído, eles prosseguem para a próxima região.
Como Bernard estava atrás dos meninos, ele auxiliou na tração de um carrinho cheio de explosivos e outras minas designadas para incapacitar soldados e veículos leves. Contudo, ao dar o próximo passo para frente, ele pisa num pedaço de pedra e terra que desmorona com o peso dele, fazendo-o cair no desfiladeiro. No ato, agarrou o carrinho, puxando-o para jogar todo o conteúdo junto dele. Raj, Mark, Andrew e Daniel tentaram socorrê-lo, mas era tarde demais. Bernard caiu inconsciente, batendo a sua cabeça contra uma mina armada abaixo do desfiladeiro. O que puderam ouvir depois foi o som da explosão ecoando do local onde estavam.
////
A meio tempo, Priscila, Paige e Alice ouviram o som da explosão. A mãe dos garotos ficou preocupada pela segurança de seus filhos. Se Mark ou Andrew, ou os dois forem atingidos pelas minas, com certeza ela entraria em profunda depressão pela perda deles.
“Andrew! Mark!” gritou ela assustada. Instintivamente queria correr para socorrê-los, mas foi detida pelas duas.
“Alice, espere!” chamou Paige, segurando Alice pelo braço.
“São meus filhos!”
“Nós não sabemos o que foi. Pode ter sido uma pequena falha ou outra coisa.” disse Priscila segurando Alice.
“Sim. E estamos torcendo para que o Mark e o Andrew não tenham se acidentado durante o trabalho.” completou Paige.
Alice estava aflita. Queria que não tenha sido nenhum dos dois que tenha se acidentado com as minas anti-tanque. Mas concordou com elas e se recompôs para continuar o trabalho. Os guardas que estavam patrulhando correram para atender o chamado de seu chefe. Isso aliviou as três mulheres para descansar.
“Os guardas correram para ver o que aconteceu. Isso já é um bom sinal.” disse Alice.
“Agora que foram, precisamos formular um plano de fuga.”
“Alguma ideia de como vamos fugir daqui?” perguntou Paige.
“Claro. Podemos escapar durante a noite onde os guardas não conseguiram nos apanhar a menos estejam equipados com lanternas, holofotes e veículos. É um pouco mais seguro do que fugir durante o dia.” disse Priscila.
“Sim. Mas podemos correr o risco de atravessar o campo minado sem equipamento necessário para detectar as minas.” disse Alice, destacando os explosivos que eles mesmo têm instalados.
“Eu não possuo habilidades em detectar metal, mas posso ver no escuro e auxiliar onde as minas foram instaladas para evitá-las.”
“Isso é bom. Agora precisamos informar os outros para organizar o horário e os itens que precisamos levar para a nossa fuga.”
As três mulheres discutiam sobre o plano de fuga e como colocarão em prática para sair daquele lugar. O que não esperavam é que a enfermeira dos Predadores estava nas proximidades, utilizando um conjunto de roupas civis e não um de enfermagem. Ao ouvir sobre o plano de fuga de Priscila, Paige e Alice, uma ideia passou em sua mente de ajudá-las mais uma vez.
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No local onde os rapazes estavam, os quatro olhavam fixamente para onde Bernard estava. Fumaça subia do local da explosão das minas. Os guardas de Marlon chegaram para averiguar a causa e decretar o óbito do prisioneiro. Alguns homens chegaram com equipamento de detecção de minas para entrarem sem acionarem as outras por acidente. Quando a fumaça se dissipou, havia um corpo de um rapaz repleto de sangue e estilhaços. A cabeça estava praticamente destruída.
O grupo de prisioneiros olhava para aquela cena até ser chamado pelos guardas. Foram puxados pela gola de suas camisetas.
“O que vocês estão fazendo?! Vocês têm um trabalho a fazer, portanto voltem a sua atenção para ele!” chamou o guarda equipado com um fuzil FAMAS. Os demais guardas deram um toque com a coronha de suas armas para fazer os três retornarem ao trabalho.
Mark, na sua curiosidade de menino, perguntou aflito. “O que vai acontecer com o Bernard?”
“Ele não estará mais com você, garoto. Está morto. Assim como você se não retornar ao serviço.” respondeu o guarda.
Andrew colocou sua mão no ombro do irmão caçula e pediu para continuar o trabalho sem se preocupar com mais nada. Dito aquilo, eles prosseguem adiante com as pás e enxadas na mão e um carrinho de minas e pontas de madeira podre para instalar. Mark virou seu olhar para o grupo de soldados levando o corpo de Bernard para um lugar na qual os corpos são descartados. Possivelmente venha acabar fazendo companhia para o corpo de Richard e de outros que tentaram escapar ou que morreram em acidentes similares.
“Mark, olhe para frente. Não podemos virar a atenção para aqueles que já foram.” chamou Raj.
O garoto prosseguiu um pouco aflito depois de mais uma experiência traumática. Andrew confortava o irmão caçula apesar de estar conturbado com aquilo. Embora Bernard tenha chegado depois de Daniel e do Raj, muitas vezes era descrito como um irmão para confortar os demais prisioneiros que foram trazidos pelos Predadores durante os saques. Daniel lembrou da vez que Bernard interveio ao resgatar uma garota de ser violentada pelos Predadores, porém foi acometido por várias torturas.
“Bernard, por mais que a sua partida nos doa, saiba que você está livre deste mundo cruel, repleto de zumbis, feras e desses bandidos.”
Os quatro sobreviventes regressaram ao campo de trabalho para instalar novas minas e pedaços de madeira a mando de Marlon e dos demais Predadores.
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Horas se passaram, Alice, Priscila e Paige estavam de volta à cabana dos prisioneiros. A jovem atiradora estava parcialmente curada enquanto se alimentava com mais arroz e um pouco de carne, mesmo com uma aparência meio crua. Priscila e Alice já se alimentaram com as rações fornecidas por eles. De repente, escutam a porta se abrir, com os filhos dela, Raj e Daniel sendo empurrados para dentro. A mãe dos meninos correu para abraçá-los. Estava aliviada por vê-los com vida e bem. Priscila se aproximou de Daniel, percebendo que o colega não estava com ele.
“Daniel, o que aconteceu? Onde está o Bernard?”
“Ele… ele morreu.” respondeu o moreno.
“Bernard caiu em cima de uma mina. Não havia mais nada a ser feito por ele.” completou o médico indiano.
Priscila e os outros ficaram arrasados pela morte de Bernard. A guerreira olhou pela janela onde foi o local da explosão. Seus olhos estavam parcialmente encharcados de lágrimas.
“Cada dia que passa é mais um dia perdido para aqueles desgraçados.” disse Daniel de forma amarga.
“Precisamos encontrar uma forma de sair daqui. No ritmo que estamos, ou morreremos pelos artefatos dos Predadores, pela fome ou pelo tempo.” disse Raj, sentado no chão, esfregando seus olhos com seus dedos.
“Nós podemos sair daqui, pessoal.” disse Paige.
“Como? As patrulhas rondam dia e noite. Sem falar das minas e dos muros que erguemos.” respondeu Daniel amargo.
“Alice, Priscila e eu pensamos numa forma de sairmos daqui. Podemos fugir daqui ao anoitecer e aproveitar que eles não terão mais a luz do sol para iluminar o terreno e usarmos a escuridão a nosso favor.”
“Sim. Eles podem contar com os holofotes, as lanternas e os quadriciclos deles, mas nós poderemos ir o mais longe do que eles.” completou Alice.
A Número 2 da Organização permanecia de costas para o grupo. Olhava de forma fixa pela janela, lembrando da morte de Richard e da Paige adoecendo. Sua mão direita cerrou com força.
“É arriscado.” disse Raj.
“É verdade. Mas nós podemos fugir daqui, hoje à noite.” respondeu ela decisiva.
Dito aquilo, Raj e Daniel ficaram surpresos.
Priscila virou seu rosto e corpo para eles. “Nós podemos escapar dos Predadores enquanto estiver de noite. Eles acham que podem nos controlar, nos fazer erguer muros de arame farpado, estacas de madeira podre e instalar minas para deter quem fosse invadir o acampamento deles ou sair daqui.”
Raj, Daniel, Alice e seus filhos se levantaram, encorajados pelas palavras da Priscila.
“Eu posso ter desistido no começo quando os Predadores nos capturaram. Evitei usar a minha espada contra eles para nos proteger. Mas desta vez. Desta vez… eu não fugirei!” respondeu ela com determinação e coragem.
Paige sorriu ao ver sua amiga naquele estado de puro incentivo moral.
“Não importa quem seja. Zumbi, Predadores da Selva ou quem quer que seja, ninguém vai nos privar de nossa liberdade e do nosso espírito de luta. Nós vamos sair deste lugar, ou morrer tentando! Vocês estão comigo?!”
O grupo respondeu que está do lado da Priscila. Ficou decidido que eles farão a sua grande fuga nesta noite. Contudo, eles precisam de suprimentos, armas, munições e qualquer coisa que puderem usufruir em meio ao exterior.
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