The Two Survivors - Chpt 4-1 [Portuguese - BR]
The Two Survivors [Portuguese - BR]
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Durante a viagem de ida até a fronteira com o México, Paige continuava olhando fixamente para trás, onde ficava o restaurante de Richard. A distância em que o caminhão estava, não dava para ver mais nada no horizonte. Nem mesmo a fumaça da explosão e das chamas. E quando nada parecia fazê-la olhar pra outra coisa, ela escutou um chamado.
“Paige.”
Ao atender o chamado, era a sua guardiã e colega Priscila. Paige continuava afetada pelo acontecido naquele lugar em que estiveram. Seu olhar expressava certo grau de medo e aflição por aqueles que ela mais importava de serem atacados pelos zumbis.
“Sim Priscila?” respondeu ela ao chamado da outra.
“Você parecia quieta, sem muita vontade de falar. Está tudo bem com você?”
“Eu… acho que sim. Eu só não consigo parar de pensar naquele dia.”
Priscila sabia do que se tratava. Foram quase duas noites mal-dormidas, pensando e lembrando da cena do Sullivan dando a sua vida por eles. Sacrificando-se para salvá-los dos zumbis ao incendiar o restaurante inteiro com os botijões de gás.
“Sabe Paige, nós duas sabemos que precisamos fazer de tudo para sobreviver neste mundo inóspito e desconhecido. Não precisa ficar aflita pela morte do Sullivan.”
“Não é por isso.” ao dizer isto, Paige virou seu olhar para seu lado esquerdo, com uma expressão de dúvida e tristeza. “É só… não sei por quanto tempo isso vai acabar.”
A guerreira da espada pesada olhava para sua amiga com certa preocupação a respeito do apocalipse zumbi. Como não era do mundo que a Paige, não tinha uma noção concreta de como e quando este pesadelo terminaria para trazer o que costumava ser antes disto ser como era. E pouco antes de continuarem conversando, ouviram o antigo dono do restaurante falar algo a respeito da fala inquieta de Paige.
“Eu também não faço a menor ideia. Mas sei que quero muito viver, da mesma forma que vocês.”
“Tudo bem Richard. Nós duas sabemos que você quer tanto viver como a gente. Mas lembre-se que você quase nos matou com sua espingarda e queria se ver livre da gente.” disse Paige ao fazê-lo lembrar da vez que ele quase tirou sua vida com aquela arma.
“É, eu sei.”
“Sabe, mas por que você fez aquilo?”
Richard suspirou de arrependimento. “Sei que comecei com o pé esquerdo com vocês duas e com aquela família. Sullivan estava certo sobre mim. O meu negócio não estava indo bem, assim como a minha família e a relação com as outras pessoas. Aquele lugar e ele foram as únicas coisas a me manterem acreditando que, mesmo em meio a um mundo sombrio, há pessoas precisando de ajuda.”
“E você acostumou a assustá-las.”
“Talvez. Mas… ver o Sullivan conhecendo vocês, despertou o interesse dele de sair de lá. Eu não o queria vê-lo sair pelo medo de que algo fosse acontecer com ele. E aconteceu. Ainda sim, eu costumava ouvir dele a respeito de sua filha e do quanto que ele queria vê-la.”
“Tá. Mesmo que vocês tenham conversado sobre a filha dele, não pensou melhor em ajudá-lo a procurar por ela com o que vocês tinham a dispor?” perguntou Priscila.
“Como os outros funcionários do restaurante deixaram o lugar e levaram boa parte dos veículos que aquele lugar tinha, não havia muito a ser feito para poder ajudar o Sullivan.”
“E agora que estamos no mesmo barco, o jeito mesmo é unir nossas forças e proteger um ao outro enquanto estamos neste mundo repleto de zumbis.” disse a jovem guerreira.
“Sim. E como era desejo do Sullivan de poder ajudar vocês depois que vocês ajudaram ele naquele lugar, darei o que eu tiver das minhas forças para ajudá-las.” respondeu ele estendendo sua mão a elas.
Mesmo que estavam com receio de poder confiá-lo após aquele incidente antes da morte do cozinheiro, Priscila e Paige sabiam que o Richard poderia ajudá-las, a Alice e seus filhos. Como resposta, elas estenderam suas mãos para ele, firmando um acordo com o ex-dono do restaurante.
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Durante a viagem, as duas garotas permaneciam sentadas, ouvindo aquele homem falando a respeito do Sullivan e de outras coisas relacionadas daquele restaurante antes do dia em que elas e a família da Alice terem posto seus pés e as desgraças terem acontecido no dia seguinte. A caminhonete percorreu noventa e oito milhas em direção à fronteira com o México. Estavam perto de deixarem o Estado da Geórgia para entrarem em Alabama.
A viagem continuava sendo extenuante para os sobreviventes por não encontrarem algum abrigo ou um ponto de parada adequado para reabastecer o veículo, se alimentarem com o que tinham ou descansarem. Neste tempo, Paige descansava na caçamba do veículo. As vibrações da caminhonete se movimentando eram pouco perceptíveis para ela durante o seu repouso. Mas na mente dela, as únicas coisas que passavam eram as lembranças de sua família ao se afastarem dela de forma afetiva. Seus pais não estavam por perto dela durante a transição de sua infância até a adolescência, marcando profundamente a jovem garota, se não fosse pelos Fairbanks e pela Samantha, a filha mais velha deles. Sempre que via o rosto de Samantha, Paige lembrava do tempo em que elas brigavam até se apaziguarem e se tornarem amigas.
“Ei Paige.” chamava Sam nas lembranças da jovem sobrevivente. “Meus pais vão organizar um passeio amanhã. Levaremos uma cesta para um piquenique e mais tarde poderemos ir nadar. Quer ir com a gente?”
Aquelas palavras encantaram a jovem moça. Ela aceitou o convite de sua amiga e no dia em que foram, foi um dia inesquecível de sua vida. Sophia e John Fairbanks aceitaram a Paige como mais do que uma amiga para Sam e seus irmãos nos dias que ela os visitava.
Agora com a eclosão do apocalipse zumbi e daquele evento que levou Paige ao hospital, o paradeiro dos Fairbanks continua incerto, e a jovem moça continuava pensando na sua amiga e neles, perguntando pelo bem-estar deles dia e noite.
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Pouco tempo depois, algo chamou a atenção dela a ponto de tirá-la de seu descanso.
“Uhh… o que houve?” disse ela ao acordar.
A caminhonete parou novamente. Desta vez não foi por problemas mecânicos. Mark e Andrew precisavam descer para urinar. Como não havia banheiro, tiveram que ficar encostados no veículo e desaguar depois de uma longa viagem. Alice ficou na cabine para descansar depois de horas com as mãos no volante e os pés nos pedais. Nesse tempo, Richard resolveu também desaguar, deixando as duas moças com a mãe dos meninos.
Quando ela viu a sua guardiã ainda acordada, ela ficou aliviada por não estar sozinha.
“Paige.”
“Ah, Priscila. Ainda bem que você está aqui.” Paige notou a ausência de Richard e o veículo estacionado no meio da estrada. “Por que paramos e para onde foi o Richard?”
“Mark e Andrew pediram para parar enquanto precisavam desaguar. E o Richard disse que precisava ir procurar uma moita pra tirar uma água do joelho. Eu não entendi muito o que ele quis dizer com aquilo.” respondeu a jovem guerreira.
Paige suspirou com um certo grau de desconforto. “Ele foi mijar, Priscila. É isso que significa ‘tirar uma água do joelho’.”
“Ah. Entendi.” respondeu a guerreira esclarecida.
“Aposto que no seu mundo as guerreiras também precisam fazer suas necessidades básicas. Não é?”
“Bem pouco eu diria.”
“Bem pouco? Priscila, como é que vocês costumam, bem… usar o banheiro para mijar, cagar e se banharem?” perguntou ela com um tom de vergonha por adotar termos pejorativos das quais são habituais por entre os homens.
“Costumamos nos banhar em certos momentos. Claro que precisamos tirar o mal-cheiro de sangue e impurezas além de descansarmos após as nossas tarefas. E por causa de nossa natureza como guerreiras, não é muito comum nós procurarmos um lugar reservado para… usar um banheiro da mesma forma que vocês humanos.”
A última parte dita pela guerreira soou um pouco desconfortável pela jovem atiradora. Claro que as duas eram garotas e podiam falar abertamente sobre certas coisas relacionadas ao gênero delas. Claro que alguns costumes do mundo da Paige eram novidades para a Priscila e apenas algumas pessoas podiam falar o significado de cada gíria ou expressão popular.
No momento em que se encontravam, elas precisavam esperar pelos outros voltarem para a caminhonete e retomarem a viagem.
“Agora, precisamos esperar pelo Richard voltar de sua moita.” respondeu Paige ao cruzar seus braços atrás de sua cabeça.
Priscila concordou com ela. Embora o lugar em que estavam era seguro e não havia indícios de zumbis nas redondezas, elas poderiam esperar sem a necessidade de levantarem sua guarda e proteger os demais de perigos iminentes.
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Do outro lado, Richard se encontrava no meio de várias árvores e plantas das quais podiam ser usadas para cobri-lo de quaisquer olhares curiosos. Ele observava o local sendo batizado pelo seu mijo a fim de descarregá-lo de seu desconforto por retê-lo durante a viagem para o México com as duas garotas, Alice e seus filhos. Havia levado com ele sua espingarda para caso seja surpreendido por alguma coisa assustadora, como os zumbis ou algo a mais. Por ora, nada de diferente para fazê-lo pegar sua arma e atirar.
“Ainda bem que aquelas crianças resolveram parar pra descansar. Eu não aguentava mais ficar segurando a minha bexiga.” dizia ele para si enquanto urinava no cantinho que montou no chão.
Contudo, algo se rastejava por entre as moitas atrás do homem. Não fazia o menor barulho enquanto abria os galhos para vê-lo de costas para o perigo. Notou a espingarda encostada na árvore do lado direito e depois em Richard.
Concluindo as suas necessidades, o ex-dono do restaurante sentiu algo estranho após puxar o zíper de suas calças. Sentiu que estava sendo observado. E quando ouviu alguma coisa, virou rapidamente para ver quem era. Sua resposta era apenas várias moitas e algumas árvores, mas nada de seu “observador”.
“Quem está aí?” perguntou ele quase assustado. Ainda estava sendo observado. Nenhum movimento ou resposta veio daquele que o observava exceto aquilo.
Perante este estranho e oculto observador, Richard pegou sua espingarda a fim de se armar. Fazendo isso, seu observador se afastou por um momento dele. O homem se sentiu seguro depois que aquilo se afastou dele.
Richard prosseguiu até o veículo com as mãos se esfregando nas calças para se limpar. Contudo, o observador que se encontrava no meio daquela vegetação atrás do homem retornou à posição original que estava por entre as folhas, revelou uma porção de um rosto humano, com um par de olhos azuis e sobrancelhas grisalhas. Por essas características e as rugas em torno das pálpebras e na testa, era um senhor de certa idade.
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Chegando na caminhonete, as duas garotas avistaram um homem parcialmente calmo. Quando ele subiu, Priscila pode sentir o coração dele ter batido um pouco mais rápido.
“Finalmente. Achei que você não fosse demorar muito.” disse Paige meio séria.
“Desta vez não. Mas, demorou só um pouquinho.”
“O que houve Richard? Você está bem?” perguntou Priscila.
“Nada demais. Só tive uma pequena sensação de que eu não estava sozinho.”
“Sozinho?” perguntou Alice ao abrir o vidro para ver os passageiros na caçamba e com um olhar de preocupada. “Quer dizer que… havia alguém lá atrás?”
“Não sei ao certo. Mas em todo caso precisamos ir.”
“Richard está certo. Se esperarmos mais, poderemos ser emboscados pelos zumbis.” disse Paige.
“Ou coisa pior.” completou Mark.
Sem demorar mais um segundo, Alice e os outros concordaram e continuaram a sua jornada em direção ao México. Com o veículo se encolhendo no horizonte, uma bota de soldado com uma espécie de perneiras surgiu da onde os sobreviventes estavam. A direção do pé indicava que ele observava não somente o antigo dono do restaurante, mas também o resto do grupo e sua caminhonete.
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Passaram-se duas horas e meia após a caminhonete entrar na estrada novamente. Paige observava para trás a fim de se certificar de que não estavam sendo seguidas após Richard ter falado de um “observador” no seu momento particular de batizar as plantas com sua urina. Alice conduziu o grupo no interior de uma região repleta de plantas, arbustos e árvores. Antes do apocalipse zumbi, não havia muito daquela vegetação quando os responsáveis do parque controlavam seu crescimento com certas ferramentas para a poda.
“Isto é… uma floresta?” perguntou Priscila olhando ao redor dela.
“Eu não sei. Não me recordava deste lugar ter tanta árvore.” respondeu Richard.
“Já esteve aqui antes Richard?” perguntou Paige.
“Uma vez quando fomos numa excursão turística. Isso foi há três anos antes de eu montar aquele restaurante.”
Priscila e Paige prestavam atenção no homem, sobre da vez que ele foi para este lugar.
“Lembro que tinha bastante pássaros, cervos e alguns esquilos.”
“Bom, vamos torcer para que este lugar tenha muita coisa legal para se descobrir.” disse Paige.
A caminhonete continuava no trajeto para a fronteira com o México, atravessando várias plantas e árvores que preenchiam o horizonte e o céu. Contudo, os passageiros sentiram outra chacoalhada de parada brusca, deixando as duas moças assustadas.
“O que foi isso?” perguntou Paige por causa da parada.
Para a resposta dela, Andrew e Mark abriram a janela para elas. “Tem um portão de grade na nossa frente.” respondeu o mais velho dos dois.
Descendo para ver, era uma cerca com dois metros e meio de altura, composto por grade com arame farpado. Além disso, havia várias placas escritas “PERIGO!”, “NÃO SE APROXIME!” e “MEIA VOLTA” e “VAI EMBORA!”. Isto deixou as moças espantadas, da mesma forma que a Alice e seus filhos.
“Isto não parece ser coisa boa.” dizia Paige para sua guardiã e aos outros. “Parece que chegamos numa espécie de rua sem saída.”
“O que você espera que a gente faça? Dar meia volta e pegar outro caminho para o México?” disse Richard sem muito receio e preocupação sobre aquilo.
A jovem espadachim virou-se para a mãe dos meninos. “Alice, há outras rotas para a fronteira?”
“Que eu saiba, este era o caminho principal para lá. Se formos pegar uma rota desconhecida, teremos mais galões de gasolina vazios e a fome vai bater à nossa porta.” respondeu ela para as moças.
“Então, parece que não temos muita opção. Ainda sim, não me sinto bem com esses avisos.”
“Eu por mim continuaria com o nosso trajeto.” decidiu o homem do grupo. “Moça da espada. Veja se você pode quebrar este portão para passarmos.”
“O meu nome é Priscila.” respondeu ela descontente. Ao retirar sua espada da transportadora, ela avançou com um golpe no cadeado, quebrando o objeto em duas partes e dando passe livre para o veículo passar.
Retornando para o veículo, Alice ligou novamente o veículo e foi dirigindo para o outro lado do muro. Mas o que não viram, foi que havia uma outra placa, escondida por entre a vegetação. Nela estava escrito: “TERRITÓRIO DOS PREDADORES DA SELVA.” Junto, tinha uma caveira pintada na cor branca, a mesma cor usada para as letras.
Os sobreviventes continuavam em seu trajeto para a fronteira. As coisas permaneciam tranquilas durante a viagem, e Paige olhava para onde estavam Alice e seus filhos. Ela se perguntava se no meio desta viagem surja alguma coisa do interior dessa mata e transforme isto em um desastre.
E foi o que aconteceu. No alto de algumas árvores, dois homens observavam a caminhonete passando por debaixo deles. Estes estavam usando roupas de civis, mas carregavam um rifle AK-47 e uma submetralhadora Tipo 64. Um dos homens retirou do bolso da calça um comunicador de longo alcance.
“O chefe. Temos companhia.” informou o homem com o aparelho de comunicação.
“Informe os outros para ligarem as motos. Vamos interceptar eles.”
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A caminhonete continuou em seu trajeto, sem saber do perigo que estavam correndo ao cruzarem o muro de grade. Priscila, Paige e os outros permaneciam desatentos por conta do cenário ao redor deles. E a jovem guerreira pressentiu algo se aproximando numa velocidade assustadora, chamou sua amiga e o homem.
“Cuidado!”
Ouvindo aquilo, os dois subitamente se abaixaram quando um quadriciclo passa por cima deles. Priscila também se abaixou ao proteger seus amigos. E quando o novo veículo aterrissou, ele tomou a esquerda ainda em curso de perseguição. Era composto por dois passageiros. O motorista e o atirador. Este estava armado com uma AK-47, abrindo fogo na caminhonete.
“Mas que droga!” chamou Richard assustado.
Os projéteis voavam em diversas direções, mas o alvo permanecia o mesmo. Alguns acertavam a estrutura externa do veículo, enquanto outros acertaram o conteúdo da caçamba, como um dos galões de gasolina.
“Mamãe!” chamou Mark.
“Mas o que eles querem da gente?!” chamou Andrew.
“Não sei Andrew! Tudo que sei é que eles não querem que a gente chegue à fronteira!” respondeu Alice. Como resposta, ela foi pisando no pedal do acelerador com força.
Paige e Richard pegaram suas armas para se defenderem. Abriram fogo no homem armado no quadriciclo enquanto estavam em movimento. Alguns disparos erravam para acertá-lo por conta do motorista manobrar seu veículo de forma evasiva, além de que era mais rápida e manobrável do que uma caminhonete Ford F-250.
Um dos disparos da espingarda de Richard atingiu o motorista do quadriciclo, derrubando o veículo de vez.
“Belo tiro, Richard.” elogiou Paige.
“Obrigado.”
Infelizmente este não era o único. Do nada, mais dois quadriciclos surgiram da direita, e em seguida mais dois da esquerda. Os atiradores agora contavam com submetralhadoras Scorpion vz. 61, Tipo 64 e Uzi. Estas deixaram a Paige e o Richard numa situação delicada. Priscila tentou rebater os projéteis para não acertar seus amigos ou na parte interna da caminhonete, mas nenhum deles atingiu os agressores.
Alice foi manobrando o veículo em direções diferentes a fim de despistá-los, mas nada surtiu efeito. Os motoqueiros continuavam na perseguição enquanto os atiradores permaneciam com seus dedos no gatilho. Paige tentou retribuir a ofensiva com seu rifle. Por causa da cadência de tiro e da superioridade numérica, ela não tinha muita chance de retornar ao fogo. A lataria do Ford F-250 agora parecia um queijo suíço pelos buracos de bala. E quando a situação não podia piorar, um novo quadriciclo surgiu da direita. O atirador portava uma RPG-7 nas mãos, armado para tirá-los da estrada. E quando ele puxou o gatilho, a ponta explosiva atingiu a roda dianteira, tirando a Alice do controle sobre ele e capotou.
A caminhonete se encontrava tombada pela esquerda. Paige, Richard e Priscila saíram com alguns machucados após a queda. Na saída, eles avistaram os galões tombados no chão com alguns quebrados e vazando gasolina. Uma faísca ou um objeto incandescente que tocasse na poça seria o suficiente para incendiá-la, junto do veículo e de quem estiver nele.
Os sobreviventes foram até a cabine para tirar Alice e seus filhos de lá. Felizmente, nenhum deles se acidentou de forma séria ou que tenham se machucado na capotagem. Entretanto, os motoqueiros cercaram o veículo caído e alguns atiradores se aproximaram com suas armas na direção do grupo.
“Fiquem onde estão!” ordenou um com uma Scorpion na mão.
“Larguem suas armas!” ordenou um com uma AK-47.
Paige e Richard olhavam à sua volta e perceberam que não havia muito a ser feito. Acreditando que a guerreira tinha as habilidades para protegê-los dos zumbis pudesse usá-las para protegê-los desses terroristas, a jovem virou-se para Priscila.
“Priscila, você tem habilidades sobre-humanas que nos salvou dos zumbis. Use para nos salvar dessa gente.” pediu ela.
Vendo aquela situação e ouvindo o pedido de sua protegida, Priscila estava com a mão bem próxima do cabo de sua espada. No entanto, ela não sacou sua arma. Ela tinha um código de não agredir, machucar ou matar um ser humano, conforme os senhores da Organização deixaram claro para as guerreiras ao realizarem suas tarefas de proteger vilarejos, aldeias e cidades dos Yoma. Esta regra não podia ser violada se uma aldeia fosse invadida por outros humanos.
“Eu… eu não posso, Paige. Eu não posso fazer isso.” respondeu ela abaixando sua mão do cabo.
A reação dos outros foi espantosa e desmoralizadora. Acreditavam que a Número 2 pudesse fazer algo com suas habilidades para salvá-los. Mas não foi o que aconteceu. Os terroristas se reuniram ao redor deles, e no deles surge uma mulher morena de cabelos pretos. Tinha cerca de 29 anos, usando uma calça jeans, camisa regata com um casaco marrom e botas. Em suas mãos estava um fuzil Heckler und Koch Gewehr 3 enquanto no coldre da perna direita havia uma Beretta M9.
“Muito bem, seus vermes!” gritava ela para os sobreviventes. “A viagem acabou para vocês. Entreguem suas armas e nos acompanhem ao acampamento. Se resistirem a nós, abriremos fogo no momento que estiverem aí!”
Os homens permaneciam com suas armas apontadas em Paige, Priscila, Richard, Alice e seus filhos. Como os menores e a mãe deles não portavam armas, a única coisa que fizeram foi levantar suas mãos na cabeça. Paige e Richard colocaram suas armas no chão para depois serem tomadas pelos terroristas. Quando a Priscila enfiou sua espada no chão, os homens tentaram retirá-la com força, mas perceberam que era pesada demais para carregar. Diante disso, a comandante deles ordenou ela para carregá-la até o acampamento de forma passiva. E pouco antes de prosseguirem, ela ordenou os atiradores a amarrarem as mãos e cobrirem as cabeças dos sobreviventes com sacos de pano velho.
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Foram dez minutos de caminhada em direção ao acampamento dos terroristas. Paige não via nada por causa do saco de pano em sua cabeça. Mas sentia as mãos dos atiradores em seu braço se movendo para fazê-la andar. Os meninos ainda estavam perto da Alice enquanto prosseguiam com os outros.
Mais adiante, eles se aproximavam de um muro feito de troncos de árvore trabalhados em forma de estacas com algumas torres de monitoramento. Na frente havia estacas menores para barrar a investida de invasores, embora diante de uma horda de zumbis a barricada se tornaria ineficaz. Ao atravessarem o portão, havia outros homens guardando o lugar, mantendo-o nas condições que estavam. Além das torres, havia algumas barracas e cabanas de madeira destinadas ao pessoal da gangue e aos prisioneiros.
Ao chegarem no pátio, eles colocaram os sobreviventes de joelhos, retirando os sacos da cabeça. Paige e os outros estavam um pouco ofegantes por causa do susto, e para o espanto deles foi que estavam num acampamento bem vigiado, mesmo sendo de pessoas más. No meio deles, três homens se aproximam deles. Dois pareciam ser guarda-costas, também armados com fuzil AK-47; e o do meio trajava uma camiseta aberta de várias cores quentes, com um shorts cinza e uma camisa branca. A pele dele era escura e o cabelo era curto de cor preta, assim como a sua pequena barbicha. Usava óculos escuros e uma pistola Walther P38.
“Vocês entraram no território dos Predadores da Selva. Eu os parabenizo pela coragem que tiveram.” disse ele com um falso sorriso. “Sou Marlon, mas todos me chamam de ‘Samael’.”
Paige olhava para ele com desgosto enquanto estava de joelhos pelos assaltantes. Priscila, Richard, Alice e seus filhos também estavam no chão sem poder fazer muito diante desta situação.
“Quando eu ouvi dos meus homens que vocês atravessaram o portão, imaginei que não houvesse alguém louco o bastante para ignorarem os avisos. No fim vocês se entregaram de boa vontade para os Predadores da Selva.”
“O que você quer de nós?” perguntou Alice.
“O que eu quero?” sorriu ele. “É simples, minha cara. Estamos com poucos homens para continuar montando o nosso acampamento e espero que vocês possam oferecer os seus serviços, se vocês querem tanto viver.”
“E se recusarmos? O que você vai fazer com a gente?” perguntou Paige séria.
“Se vocês optarem por não colaborarem com a nossa causa, receio que vocês sofrerão. Sofrerão seriamente que nunca mais desejariam ter dito um ‘não’ na minha cara. Mas acredito que vocês não dirão isso porque nós detemos o poder aqui, e vocês terão de nos obedecer.”
Após dizer aquilo, a mulher se aproximava de Marlon, colocando-se ao lado dele com o fuzil Gewehr 3 nas mãos.
“Esta é Celine Black, minha braço direito. Ela e meus homens manterão vocês sob observação enquanto trabalham. Por ora, ela vai lhes mostrar os seus aposentos.”
A mulher, agora introduzida como Celine, emitiu um gesto para os capangas de seu patrão para fazer os prisioneiros se levantarem.
“A sua espada, guerreira. Deixe ela aqui.” ordenou ela ao se aproximar da Priscila.
Sem hesitar ou fazer algo que pudesse arriscar as vidas de seus companheiros, a guerreira Número 2 retirou aquilo que ela usa para enfrentar os Yomas e zumbis da transportadora e enterrou a lâmina por completo no chão. Dessa forma, Paige ficou chocada por ver sua colega e guardiã se entregando facilmente aos assaltantes.
“Muito bem. Agora prossiga com os outros ao seu novo lar.” disse Celine ao ordenar seus comandados para levar Priscila, Paige e os outros para os alojamentos.
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Três homens armados arrastaram o grupo para uma cabana de madeira. Olhando para ela, parecia ser bem pobre, pequena e não ter muitas condições de abrigo para protegê-los da chuva, vento gelado ou de outros efeitos meteorológicos adversos à saúde humana. Paige olhava por um momento aquela edificação construída pelos Predadores da Selva, mas foi empurrada por um dos homens de Marlon e Celine.
“Mexa-se!” gritou o soldado ao empurrá-la com a coronha de seu fuzil AK-47.
Andrew e Mark a ajudaram a se levantar após aquele ato do homem bárbaro. Alice também ajudou Paige diante daquilo, e novamente o grupo retomou o caminho para a cabana de madeira.
Entrando, quatro prisioneiros se encolheram de susto ao ver o grupo de Paige e Priscila sendo arrastados pelos homens de Marlon. Consistiam em um senhor de 42 anos de origem indiana, um homem caucasiano de cabelo preto com 32 anos, um homem mulato de 36 anos e um rapaz caucasiano de cabelos castanhos-escuros com 24 anos. Esses prisioneiros sabiam que o grupo recém-chegado não era mau da mesma forma que seus senhores de escravos, mas estavam assustados para ajudar Paige, Priscila, Richard, Alice e seus filhos.
“Aproveitem a estadia, sua escória rebelde!” disse o homem com uma submetralhadora Skorpion para os prisioneiros. Em seguida, fechou a porta da cabana.
Paige olhou com desgosto para eles, em seguida voltou seu olhar para o chão. Priscila notou a expressão fechada e amarga de sua colega. Tentou conciliá-la a fim de acalmar diante desta captura humilhante.
“Paige. Você está bem?” perguntou a guerreira.
“Priscila, por que… por que você não nos defendeu naquele momento?”
Ouvindo aquilo, Alice, os filhos dela e Richard ficaram calados. Priscila ficou calada pela pergunta de sua protegida.
“Por que Priscila? Por que você não nos defendeu deles da mesma forma que os zumbis?” perguntou ela com os olhos encharcados de lágrimas.
“De onde eu vim, existe uma regra na Organização da qual eu não posso ferir ou matar humanos. O meu dever é o de protegê-los dos Yomas. Se eu violar essa regra, posso correr o risco de ser marcada como uma traidora e ser morta pelas minhas colegas.”
“Tá. Mas caso você tenha notado, você não está mais no seu mundo. Está no meu mundo! E no meu mundo, não existem Yomas e nem a Organização de que você tem tanto falado. Este mundo só tem desgraças e os humanos saqueiam e matam outros humanos, e agora ainda mais com os zumbis! Será que você não percebeu isso, Priscila?!” gritou Paige chorando.
Ouvindo aquilo, a Número 2 ficou espantada por aquilo, e movida pelas palavras de Paige a ponto de afastá-la da outra. Priscila foi andando até o canto direito da sala e se encolheu de frustração pela reação da Paige. Andrew e Mark se agarravam na Alice assustados.
“Mãe. Você acha que a Paige e a Priscila vão passar o dia inteiro brigando uma com a outra?” perguntou Mark baixinho.
“Não sei, Mark. Mas, vamos torcer para que elas não fiquem tão tristes. Tá bem, querido?” disse Alice abraçando seus filhos.
Richard e os outros prisioneiros viram que não podiam fazer pelas duas moças. Tudo o que podiam fazer era esperar por algum milagre para tirá-los daquele sofrimento.
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Duas horas se passaram depois que o grupo foi colocado naquela cabana de madeira. Priscila descansava com as costas encostadas na parede. Mark e Andrew dormiam no colo de Alice, Paige se encontrava deitada no chão e Richard olhava pela janela por alguma coisa diferente. Os outros prisioneiros estavam no outro quarto, jogando uma espécie de jogo com alguns pedaços de madeira.
Num instante, a porta se abre novamente, revelando os dois homens que arrastaram o grupo para a cabana. O som da porta se abrindo chamou a atenção de todos naquele lugar.
“Muito bem, seus vermes. O chefe quer todos vocês pra fora.” chamou o homem com a Skorpion.
“Se resistirem a nós, não teremos escolha, a não ser arrastá-los com as mãos atadas.” ameaçou o homem com a AK-47.
Diante daquela situação, Priscila, Paige e os outros tiveram que obedecê-los.
De volta no centro do acampamento, o grupo estava enfileirado com alguns assaltantes armados ao redor deles. Marlon e Celine se aproximavam dos prisioneiros com mais três homens. Estes carregavam enxadas, pás e outras ferramentas de trabalho.
Com os prisioneiros sendo enfileirados pelos homens armados de Marlon, os homens que estavam na frente deles passaram as ferramentas a Paige, Priscila e aos outros.
“Vocês foram chamados aqui para realizar uma série de tarefas. Elas envolvem em vocês escavarem várias fileiras de campos minados e arames farpados.” disse Marlon conforme seus homens passavam suas ferramentas para os prisioneiros.
“Minas e arame farpado? Para que?” perguntou Alice.
“Para garantir que os Predadores da Selva possam sobreviver diante de vários invasores.”
“Caso não tenha percebido, não representamos uma grave ameaça a vocês.” disse Paige.
“Mas vocês invadiram o nosso território. Neste caso vocês podem ser enquadrados como invasores.” respondeu Marlon com um olhar macabro.
Vendo aquele homem assustador com aquele olhar, Paige sentia que as coisas tinham uma tendência a piorar. Ela e os outros prisioneiros continuavam sob pressão de Marlon e de seus homens, mesmo que externamente pareciam calmos.
“Muito bem. Eu espero que vocês tenham entendido o recado de que vocês terão de colocar minas e arame farpado em torno do acampamento para protegê-lo de futuras invasões.”
“Mas e os zumbis?” perguntou Richard.
“Fala daquelas coisas que estão devorando os sobreviventes lá fora?” disse Marlon com um sorriso macabro. “Mesmo que tenhamos ouvido falar deles por relatórios via rádio, não tivemos problemas com eles antes de vocês chegarem. Mesmo assim, eles não terão a mínima chance com a gente.”
“Tá. Mas, caso você não tenha percebido, os zumbis podem sobrepujar vocês em números.” apontou Paige.
“E deveríamos estar trabalhando juntos para sobreviver deste apocalipse.” completou Priscila.
Ouvindo aquilo, Marlon riu. Deixou a Paige e os outros desconcertados. A forma de como ria era como se ele não se importasse com as vidas deles. Os homens de Marlon e Celine continuavam quietos, sem reagir perante aquele comentário da guerreira de cabelo dourado ou da risada de seu chefe.
“Trabalhar juntos?” riu o malfeitor dos Predadores da Selva. “Minha cara, a única forma de trabalharmos juntos seria vocês fazendo aquilo que eu ordeno. Eu detenho o poder aqui. Não vocês.”
Os filhos de Alice estavam preocupados com aquilo. Richard olhava com certo temor para ele. Paige e Priscila ficaram com certo receio diante daquilo.
“E agora, vão-se preparando para fazer os seus trabalhos.” ordenou ele.
Dito aquilo, os homens levantaram os prisioneiros e os mandaram andar para os seus campos de serviço forçado. E pouco antes de prosseguir, Priscila fez uma última pergunta.
“Espere. E se alguém recusasse ou não conseguisse continuar o serviço?”
Dito aquilo, Marlon ordenou a parada para respondê-la.
“Se alguém recusasse ou não conseguisse continuar o serviço?” sorriu ele. Emitiu um gesto aos seus homens trazerem um dos prisioneiros: o homem caucasiano de 32 anos.
Eles o trouxeram pelos braços para perto do chefe deles. Puxando uma pistola Walther P38 do coldre, ele apontou contra a cabeça do prisioneiro, puxando o gatilho em seguida. O pobre homem agora era um corpo morto. O som de tiro e o homem caindo assustou Alice, os filhos dela e a Paige. Marlon se aproximava da Priscila com a pistola na mão.
“Tá aqui a resposta para a sua pergunta. Trabalhem bem, e vocês serão bem tratados. Trabalhem mal ou demonstrem mal-comportamento, e vocês morrerão.”
Os dois soldados de Marlon arrastaram o prisioneiro morto para fora do pátio. O chefe deles guardou sua arma no coldre, mas mantendo seu olhar nos demais prisioneiros.
“Agora, vão aos seus campos de trabalho.”
Priscila, Paige e os outros foram andando com os homens armados e as ferramentas na mão. O chefe deles observava os sobreviventes marchando com os guardas escoltando-os para os campos de trabalho.
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Quinze minutos se passaram, os céus começaram a se fechar pelas nuvens carregadas de água. Priscila, Paige e os demais prisioneiros realizavam o trabalho forçado concebido por Marlon. Cavavam buracos no chão para instalar minas anti-tanques e anti-infantaria, estacas afiadas e postes de madeira pesados para uma pessoa poder carregá-los e preparar o arame farpado em volta do território dos Predadores da Selva. Paige andava para o próximo campo realizar a sua parte do trabalho. Poucos antes de avançar, viu o homem de pele parda se escorrendo no chão terroso, apenas para receber uma coronhada de um soldado armado com uma AK-47. E quando ela olhava para o homem sendo pressionado para continuar, ouviu um outro vigia de Marlon chamando ela.
“Mexa-se, seu verme!” gritou ele.
Sem negar ou dizer algo parecido para retrucar, ela continuou adiante. Priscila olhava para a sua colega diante daquela cena. Mesmo que tiveram uma discussão por causa da regra de não matar humanos, a guerreira da Organização ainda se preocupava pelo bem-estar da sua protegida. Mark e Andrew ajudavam a mãe deles quando ela não se encontrava em boas condições de trazer as minas ou de instalá-las no chão. Richard trazia mais uma caixa de arames farpado para o indiano e o rapaz caucasiano.
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Enquanto eles faziam o serviço forçado, um dos guardas se aproximava deles.
“O chefe me ordenou para chamá-los. É hora de vocês receberem o almoço.”
Ouvindo aquilo, Paige e os outros ficaram surpresos. Apenas o indiano, o moreno e o rapaz caucasiano sabiam o que era, mas o que puderam expressar era uma leve preocupação pelos recém-chegados ao acampamento.
“Almoço? E o que teremos de almoço?” perguntou Paige.
Com aquilo dito para ele, o grupo se encontrava novamente nas cabanas de madeira. Portavam uma tigela com uma colher, ambos de madeira empobrecida. E de almoço, teriam de comer uma porção de arroz com um pouco de água. Vendo aquilo, a jovem atiradora ficou frustrada.
“A gente vai comer só arroz e água?” perguntou ela ao guarda.
“Sim. Estamos na época de racionamento. Não temos muito, mas terão o suficiente para um dia.” respondeu o homem armado com uma submetralhadora Tipo 64.
“Caso não tenha notado, a gente não vive apenas de arroz e água.”
“Mas terão de viver com isto. A menos é claro, que vocês possam buscar um pouco de alimento na floresta. Ou aqui mesmo se um de vocês morrer.” disse o homem em meio aos risos.
Alice estava assustada com aquilo. Paige queira descontar sua raiva nele. Contudo, Priscila a segurou, dizendo que isto não valia a pena. E com ele voltando aos seus afazeres, os prisioneiros passaram a se alimentar com aquilo que forneceram a eles. Priscila comeu duas colheres de arroz com um pequeno gole de água. Devido a sua fisionomia, não precisava comer muito. Ela viu a sua colega quieta em seu canto, sem ingerir uma colher de arroz.
Ela foi se sentar do lado dela, mas para a reação da outra, virou seu rosto para o lado.
“Paige. Você precisa comer. Senão você não vai conseguir durar as próximas seções de trabalho.” tentou convencer ela a se alimentar.
“Não estou com fome. Eu só quero voltar para casa.” respondeu Paige de forma fria.
“Paige, eu sei que você quer ir para casa. Mas, caso não tenha notado, estamos numa situação muito delicada. E você não durará muito tempo se você negar as suas necessidades biológicas.”
“E por acaso eu não sei?!” respondeu ela séria, quase se entregando a tristeza e a desesperança. Em seguida, cobriu seu rosto. “Eu quero ficar sozinha, Priscila. Tá?”
Ouvindo aquilo, a Número 2 suspirou. “Tudo bem, Paige. Vou deixá-la então.”
A guerreira se levantou e prosseguiu até o outro quarto da cabana. Com os outros vendo aquilo, Richard foi até a jovem moça a fim de conversar com ela a respeito disso.
“Ei. Eu sei que está tentando bancar a durona, mas não percebe que está afugentando a sua amiga?”
“Eu não quero conversar sobre isto. E além disso, ela não é bem a minha amiga.”
“Eu sei que não quer, mas ouça o tenho a te dizer. Mesmo que vocês sejam completamente diferentes, não leve certas coisas para o nível pessoal.”
“E por que você acha que não quero falar com ela?! Ela não nos protegeu no momento que mais precisávamos.”
“Eu sei. E sei que ela tinha um motivo de ter recusado em usar sua espada contra aqueles homens. Mas, eu acredito que, no fundo, ela ainda se importa com a gente. Como se ela tivesse nos protegido de sermos mortos caso tenha reagido a eles.”
Ainda frustrada, Paige ficou quieta perante aquele último comentário feito pelo Richard. O ex-proprietário daquela pousada optou por voltar ao seu canto e terminar sua refeição.
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Horas passaram, o tempo virou de forma adversa aos sobreviventes. Uma forte chuva caiu sobre eles enquanto armavam as minas, as estacas afiadas e as cercas de arame farpado. Alguns dos guardas que os vigiavam usavam casacos enquanto outros os observavam nas torres e abrigos.
Paige cavava mais buracos para instalar novas minas e postes de arame farpado. À medida que o tempo virava contra eles e no ambiente que se encontravam, o ar frio com a chuva fazia o corpo dela ficar sensível. E pouco antes de prosseguir, escorregou no meio de uma poça de água e lama, caindo de peito ao chão em seguida. Priscila a viu e foi socorrê-la.
“Paige.” chamou ela ao ajudá-la.
Quando a guerreira levantava sua amiga, um dos guardas se aproximou das duas.
“Que fiquem avisadas que ninguém deve ajudar o outro a se levantar, caso esteja incapacitado, ferido ou perto de se encontrar com a morte.” avisou ele com uma Skorpion. Em seguida voltou ao seu posto.
Paige e Priscila retornaram aos seus afazeres em lados separados. Mark e Andrew olhavam para as duas enquanto eles amarravam o arame em torno da estaca. Mark espirrava devido à chuva que tomava. Alice tentou aquecê-lo, mas foi surpreendida antes por um guarda que passava ao lado.
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A noite caiu, e de volta para a cabana, os meninos estavam dormindo no colo da Alice. Richard dormia no chão de madeira. Priscila estava dormindo sentada com as costas apoiadas na parede. Sem sua espada, a sensação era um pouco desconcertante para uma guerreira da Organização. Já a Paige olhava pela janela enquanto se encontrava sentada no chão. Não estava muito disposta para pegar no sono, mas sentia o peso dele caindo em seus olhos.
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No dia seguinte, os prisioneiros estavam dormindo na cabana. Os três prisioneiros que estavam por mais tempo em um quarto, Richard, Alice e os filhos dela no chão do outro e a Priscila e Paige encostadas na parede. As coisas pareciam que nunca mudariam para melhor, mas tinham a tendência de piorar no primeiro instante. E foi assim que aconteceu. Os guardas abrem a porta da cabana, chamando os residentes no susto.
“Vamos acordando, seus vermes! Já amanheceu para trabalhar.” chamou o homem com a M45 na mão.
Ouvindo aquilo, o rapaz de pele morena pensava frustrado.
“Ah cara. Eu não gosto quando eles nos chamam de ‘vermes’.”
Quando os outros se levantavam para ficarem de pé, apenas Paige se mostrava um pouco debilitada perto deles. Seus olhos expressavam pura exaustão. Pálpebras estavam marcadas e tinha dificuldades de se concentrar. Ao se levantar, teve uma leve queda a ponto de se apoiar na parede enquanto seus joelhos ficavam pesados. Mark tentou ajudá-la, mas o homem o assustou com o puxar do receptor do ferrolho de seu fuzil Kalashnikov.
“Todo mundo, estejam reunidos no pátio para receberem suas novas tarefas.” disse o homem com a AK-47. Em seguida, ele e o outro prosseguem até o respectivo lugar na qual informou os sobreviventes.
Priscila olhava para eles se distanciando da porta. Em seguida, a jovem guerreira, Alice e seus filhos correram até a Paige após eles terem ido embora e da garota ter tossido.
“Paige.” chamou Mark e Andrew.
“Paige. Você está bem?” perguntou Priscila.
“Priscila. Alice. Mark. Andrew. Eu… eu estou bem.” disse ela meio fraca e tossindo.
“Pela cara, você não está bem.” disse Andrew.
“Você deve ter tomado uma friagem após aquela chuva.” disse Alice.
“Deveria descansar e evitar se esforçar demais.” disse o indiano que se aproximava dela.
Vendo o homem se aproximando deles, Alice e seus filhos ficaram surpresos. De relance ele deve ter sido um médico. Ele pediu para eles se afastarem um pouco enquanto media sua pulsação com seus dedos.
“Eu imagino que você é algum tipo de médico.” disse Priscila.
“Eu me chamo Raj e, antes do apocalipse, eu trabalhava numa clínica em Atlanta como médico e cirurgião. Contudo, os fiscais fecharam ela quando descobriram que um dos meus funcionários adquiria órgãos roubados.”
“Isso é horrível.” disse Richard.
“Eu sei, mas eu não imaginava que ele fosse fazer uma coisa dessas.” concluiu ele. E ao checar a pulsação de Paige, virou seu olhar aos outros. “A pulsação dela está normal, mas precisa de medicamentos para tratar seu resfriado.”
“Teria algum, Raj?” perguntou Priscila.
“Não. Acredito que os Predadores não deixaram que seus prisioneiros pudessem receber tratamento médico, já que querem poupar esforços para tratar os seus homens.”
“Mas que bando de malditos.” disse a guerreira com desgosto por eles.
“Infelizmente eles não aceitariam que ela pudesse descansar a fim de se recompor de seu resfriado.”
Antes que eles pudessem continuar conversando a respeito do estado de Paige, a tenente dos Predadores chega abrindo a porta, acompanhada de dois homens armados, assustando todos na cabana.
“As ordens de Marlon são claras. Ninguém deve dizer um não ou ficarem aqui até que o trabalho esteja terminado por vontade própria. Portanto, para o PÁTIO!” chamou ela com um grito no final.
Priscila se levantou diante do chamado daquela mulher rancorosa, e corajosamente se aproximou dela.
“Ouça. Minha amiga não está com boas condições para poder se esforçar no trabalho. Se puder dar um pouco de medicamentos para amenizar os efeitos, talvez ela possa voltar ao trabalho.”
“Você acha que daremos um pouco dos nossos remédios para aqueles que tentaram cruzar o nosso território a fim de voltarem ao trabalho?!”
Priscila balançou sua cabeça para frente, concordando com aquilo. Entretanto, a única coisa que recebeu da Celine foi um tapa na cara, deixando a região da bochecha e abaixo de seu olho esquerdo marcado. Paige tentou reagir mas foi impedida pela Alice, Richard e Raj.
“Não pense que vocês têm o mesmo direito de receber qualquer coisa da gente. Tudo o que podem fazer é cumprirem as nossas ordens e evitar de questioná-las. Caso um de vocês seja incapaz de realizá-las ou por algum motivo vocês se rebelarem, o único tratamento que receberão será uma bala nas suas cabeças ocas!”
A guerreira Número 2 se recompôs do tapa, mas seus olhos expressavam um certo desgosto por ela. Mesmo sabendo que era contra as regras da Organização de desferir um golpe nos humanos, optou por avisá-la.
“Tem sorte de que não estou em posição de colocar meus amigos em perigo se eu pudesse lhe retribuir na mesma moeda. Mas fique sabendo que no nosso próximo encontro talvez você não tenha a mesma sorte de poder bater em mim.”
“Ah, é mesmo? Mas eu aposto que uma hora você vai cair em desgraça depois que seus amigos tenham morrido.” encerrou Celine com um desviar de olhar e se distanciar da cabana. Os homens dela ainda aguardavam os prisioneiros saírem do lugar para voltarem ao trabalho. Priscila mantinha-se de pé e com aquele olhar de desgosto por ela.
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O grupo novamente se encontrava nos campos de trabalho. Paige cavava mais buracos com sua pá, tossindo e se mantendo de pé por meio dela. Colocava mais minas neles e tampava com terra. Mas no próximo canto ela abriria novos buracos para minas, sua tosse ficou frequente e evidente.
“Talvez o Raj tenha razão. Eu preciso descansar. Mas, eu não esperava que este seria o meu último momento aqui neste país.” pensava ela enquanto tentava se manter de pé.
Pouco antes de continuar, Priscila e Alice se aproximaram dela a fim de ajudá-la.
“Paige.” chamou Alice.
“Alice. Priscila. Eu… eu estou bem.” dizia ela em meio às tossidas.
“Paige. Você não está nada bem. Deveria parar um pouco.”
“Mas Priscila, você não ouviu… o que ela disse naquele instante? Se eu parar por algum motivo ou eu não puder… continuar mais, a minha vida já era.”
“Não diga essas besteiras, Paige. Você ainda é jovem para isso.” disse Alice.
Pouco antes de continuarem a conversa, Priscila escutou o som de passos se aproximando de suas posições. Quando eles passaram por perto delas, Priscila virou sua atenção para eles. Os homens se aproximaram com suas armas a fim de separar o pequeno grupo e fazê-las voltar ao trabalho. Priscila ficou na frente das duas a fim de se colocar no caminho dos homens de Marlon.
“Vocês aí! Retornem ao trabalho!” ordenou um deles.
“Ela precisa de ajuda!” gritou Alice.
“Ela morrerá se vocês não ajudarem ela!” disse Priscila.
“Quem precisa de ajuda é o nosso patrão se vocês voltarem ao trabalho.” disse o homem com a submetralhadora Tipo 64.
“São ordens do Marlon. Quem não puder fazer a sua parte é um peso morto.” disse o outro homem armado com uma AK-47.
Richard escavou para inserir a próxima mina anti-tanque Teller no chão ao lado de Raj e do rapaz moreno. Antes de inserir a próxima estancada com a pá, ele escutou o som de discussões e gritos vindo das moças perante os homens armados dos Predadores. Parou por um segundo e se dirigiu até o local.
“Ei! Para onde vai?” chamou o moreno para Richard.
Não obteve resposta dele. Em vez disso, o ex-dono da pousada prosseguiu adiante em direção ao tumulto e o moreno retornou a sua atenção ao trabalho.
Paige tentou se manter de pé para continuar o trabalho. Mas, por conta de sua saúde debilitada, não conseguiu se segurar no cabo da pá e caiu no chão. Alice tentou socorrê-la, mas um dos homens se aproximou dela.
“Eu disse para voltar ao trabalho!” gritou ele. Num segundo, puxou o cabelo de Alice para arrastá-la longe da jovem Paige.
“Não! Me solte!” gritava a mãe de Mark e Andrew enquanto estava sendo arrastada pelo seu cabelo. Tentou se debater para se libertar, mas não surtiu efeito a ponto de se soltar da mão dele.
“Marlon deu ordens para vocês voltarem ao trabalho e nenhum de vocês deve desobedecê-lo. Mas espero que tenhamos um tempo de sobra para dar um jeito em você.” dizia o agressor que puxava a Alice pelo cabelo em tom assustador.
Priscila viu toda aquela cena aterrorizadora para as duas mulheres. Uma sendo puxada por um homem armado e a outra sofrendo de fraqueza. A Organização não deixaria ela fazer algo perante este tipo de situação. De proteger humanos de outros humanos. Contudo, ela não ficou parada de ver a Alice sendo agredida daquela forma.
Num incrível ato de bravura, ela avançou com uma velocidade impressionante no homem que arrastava Alice pelo cabelo, agarrando a mão dele a ponto de perder força e levantar um olhar de assustadora para os olhos dele.
“Eu soltaria ela de vez se eu fosse você.” disse ela de forma intimidadora. Em seguida, lançou o guarda com força no chão. Priscila acalmou Alice do susto e a ajudou a se levantar.
O outro guarda correu para socorrê-lo.
“Minha mão… a minha mão!” gritava ele de dor enquanto segurava a mão aleijada.
O homem do Tipo 64 levantou-se perante a Número 2 da Organização com um olhar bravo. “Você vai se arrepender por este ato de rebeldia!”
“Vai em frente. Acabe comigo se for preciso.” dizia Priscila ao se aproximar dele. “Mas saiba que eu não deixaria meus amigos sofrerem nas suas mãos, mesmo que eu não esteja portando a minha espada.”
Próximo dele, os olhos dela mudaram de cor e de forma. Em vez de prateados, agora eram dourados e as pupilas se retraíram no formato de gato. Ela utilizou seu Yoki para aterrorizá-lo.
“Você… você… é algum tipo de bruxa?!”
“Eu sou uma guerreira da Organização, disposta a proteger humanos de perigos inimagináveis.”
O homem armado tentou levantar sua arma, mas a mão dela desceu no cano dela, fazendo-a abaixar. Agarrando na ponta, ela puxou com força a ponto de desarmar o homem e jogá-la para longe. Diante daquele ato, ele correu para longe da Priscila, gritando feito uma criança assustada para o colo de uma mãe.
A guerreira se manteve de pé enquanto via aquele homem correndo de medo e o outro se levantando e indo atrás do colega enquanto segurava sua mão. Com aquele episódio de terror se passando, Alice se aproximou da jovem guerreira. Os olhos de Priscila voltaram na cor prateada e com a pupila arredondada.
“Obrigada Priscila.” agradeceu ela aos prantos. “Eu… eu não sei o que eles teriam feito em mim se você não tivesse intervindo.”
“Bom, eu fico feliz por tê-la salvado deles. Mas agora precisamos ajudar a Paige.”
“Tem razão.” concordou a mãe dos garotos.
As duas correram para socorrer a Paige que ainda estava no chão. Ao se aproximarem dela, elas a levantaram. Mas a aparência dela não era das melhores. Seu rosto estava pálido, seus lábios parcialmente rachados, seus olhos estavam fechados e tinha olheiras escuras. Ela realmente precisava de ajuda médica.
“Paige, fique com a gente.” chamou Priscila.
Richard se aproximou delas. Vendo que a situação mudou para calmo e silencioso, acreditou que seria o momento perfeito para fugir.
“Priscila. Alice.” chamou ele ao se aproximar delas.
“Richard?” disse Alice.
“Eu ouvi que vocês estavam discutindo com os guardas. Pensei em poder ajudá-las, mas vejo que não precisou.”
“Paige está fraca, Richard. Precisamos encontrar algum tipo de remédio para ela se recuperar.” disse Priscila.
“Eu tenho uma ideia. Podemos utilizar este momento para fugir daqui.”
“Fugir? Mas e os meus filhos?” perguntou Alice assustada.
“Não temos tempo para apanhá-los. Agora que a Priscila afugentou os guardas, podemos utilizar este momento para escapar. Não haverá outro como este.”
“Richard, mesmo que pudéssemos escapar, aonde você acha que podemos ir se não temos um mapa nem uma ideia para onde irmos.” disse Priscila séria.
“Mas eu tenho. Eu sei muito bem para onde podemos ir se quiser sair deste lugar assustador.”
“Tudo o que percebi desde o dia que nos conhecemos, é que você sempre se importou com você mesmo. Até o Sullivan concordaria com a gente se ele estivesse aqui.”
“Mas infelizmente ele não está. Tudo graças a vocês. Eu não queria ter saído da minha pousada no dia que vocês estavam para levar o Sullivan pra fora de lá.” respondeu Richard de forma séria. “E se vocês não estiverem dispostas a aproveitar este momento pra fugir, então eu…”
Pouco antes de completar a sua fala, Richard e as moças avistaram dois quadriciclos se aproximando deles. Celine estava na garupa do segundo. O ex-dono da pousada ficou assustado ao ver aqueles números. Num segundo, tentou correr para longe deles, sem dizer um simples adeus a elas.
A tenente dos Predadores desceu com um fuzil Mauser nas mãos. Precisamente uma Karabiner 98k, o lendário fuzil de ferrolho manual alemão das antigas tropas da Wehrmacht, as Forças Armadas da Alemanha do Terceiro Reich. Ao empurrar o ferrolho para frente, ela levantou a arma na direção do fugitivo, apontando na cabeça de Richard. Num segundo, ela pressionou o dedo no gatilho, acionando Karabiner com um disparo certeiro.
Richard corria o mais longe o possível. Quando o som do disparo ecoou por meio das árvores, teve um leve segundo de sentir a bala atravessando seu crânio, perfurando seu cérebro, arregalando seus olhos de susto em seguida. Ao dar o próximo passo, perdeu o equilíbrio para sustentar seu corpo, dobrando seus joelhos para frente. Seu corpo inclinou-se para frente, caindo de rosto e barriga no chão.
Priscila e Alice ficaram assustadas ao assistirem aquilo. Richard foi baleado na cabeça por uma incrível precisão da Celine. E quando as duas sobreviventes voltaram a atenção para a tenente dos Predadores da Selva, ela puxou o ferrolho para trás, removendo o cartucho vazio do fuzil com a força da explosão com a rápida extração da atiradora de elite. Os olhos de Celine voltaram-se para as duas mulheres que estavam de pé, com a Paige nos braços.
“Esta é a punição para quem estiver disposto a uma tentativa de fuga.” disse ela com uma expressão assustadora. Moveu-se em direção a Priscila. “Caso tentem intervir nas punições daqueles que desobedecerem as ordens de Marlon, terão o mesmo destino que os fugitivos.”
Celine se encontrava diante da guerreira Número 2 da Organização com um olhar sério e com o cano da Karabiner no queixo dela.
“E espero que eu não tenha de ouvir novas implicâncias de vocês por meio dos nossos homens. Eu fui clara?”
Priscila encarava aquela arma em seu rosto e os olhos da tenente de Marlon. Aquelas palavras a deixaram um pouco nervosa, mas manteve a calma para poder responder e fazer aquilo que ela falava ou ordenava.
“Sim. Você foi clara.”
“Ótimo. Agora, retorne ao trabalho.”
Celine abaixou a sua arma, colocando-a nas suas costas por meio das alças. Seu olhar virou-se para Alice.
“Isto vale para você também. Retorne ao trabalho enquanto ainda está de dia. Quanto a garota que não está para continuar, ela voltará ao acampamento. Veremos se ela consegue repor suas forças para voltar ao serviço.” disse ela a respeito da Paige enquanto dois homens a levaram para o quadriciclo dela.
“Ela vai receber apoio médico?” perguntou Priscila.
Ouvindo aquilo, Celine fechou seus olhos num ato que indicaria uma negação. “Não temos medicamentos suficientes no momento. Ela está por conta própria. Da mesma forma que vocês se um de vocês adoecer.”
Encerrando a conversa, ela monta no seu veículo e retorna para o acampamento com a Paige nas mãos dela. Priscila e Alice olhavam para eles se distanciando no horizonte. Com Richard morto e a Paige doente a ponto de sucumbir de vez, mostrou a dura e cruel realidade do mundo que a jovem guerreira da Organização se encontrava.
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