Antony in Warhammer 40K - Chpt 5 [Portuguese - BR]

Antony in Warhammer 40K [Portuguese - BR]



Descrição:

 Antony em Warhammer 40K é uma pequena série fanfic, criada por Antony Bindilatti com inspiração em alguns crossovers de diversas séries de filmes, seriados e jogos com Warhammer 40K – criada por Rick Priestley e Andy Chambers da empresa Games Workshop.

 O foco da história aborda o jovem Antony – protagonista de Antony's Triviality; em mais um dia qualquer, até encontrar um portal dimensional com energias estranhas para o mundo dele. Contudo, algo chamou a atenção dele a ponto de investigar o outro lado. Para a surpresa do herói, ele embarca numa jornada em um universo completamente diferente, na qual a Terra era um planeta tomado por várias megacidades e tecnologia rudimentar, ao mesmo tempo avançado para a época; e a civilização humana – conhecida como o Império do Homem; seguia uma doutrina militar religiosa austera e que despreza tudo aquilo que não fizesse parte do Império, como alienígenas, mutantes e hereges, decretando guerra total com esses seres.

 E para completar a surpresa desagradável, Antony descobre que seus poderes e habilidades sumiram, na qual precisava lutar não somente pela sobrevivência como também para descobrir um meio de voltar para o universo dele e cortar a conexão com aquele mundo.

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Capítulo 5

Tudo parecia ter se transformado em um show de horrores com a chegada de Khozan, o careca do campo de trabalho Imperial de Dallos IV. O coração de Antony disparou pelo temor, olhos se arregalaram horrorizados pela presença do homem. O ambiente do quarto ficou mais gelado e sinistro.

“Lamento que não tivemos a oportunidade de conhecer um ao outro.” Disse o homem careca, estendendo a mão esquerda para Antony. “Eu sou o Khozan.”

“O que você quer de mim?” perguntou o rapaz assustado.

“Lamento que você esteja assustado. Estou aqui para estender o meu convite.”

“Con-convite?”

“Para fazer parte da nossa causa. Como você sabe, todos nós fomos resgatados para esta colônia em Dallos IV. Mas nós somos, em grande maioria, detentos aos olhos do Império do Homem e na maioria das vezes somos perseguidos. Este lugar é a nossa penitência, o curral para os imperiais nos prender.”

A expressão de Antony permanecia a mesma de antes. A fala de Khozan causava um certo temor com relação àquele universo, os seres que habitam nele, ao Império e aos oficiais que servem a ele.

“Tá. E aonde eu entro nisso?!” perguntou ele para Khozan, cruzando os braços e estendendo a mão esquerda, sem saber dos planos que os devotos do Caos tinham para Antony.

“A sua chegada foi algo repentino, mas os Deuses estão cientes sobre você.”

“Deuses?”

“Sim. Os Deuses do Caos, que habitam o Warp.” Respondeu Khozan.

Em resposta, o careca levantou o braço esquerdo dele, revelando o restante da tatuagem. Uma espécie de estrela de oito pontas.

“Este é o símbolo deles. A marca dos Poderes Ruinosos.”

O medo de Antony finalmente se concretizou. O homem era um cultista e um agente do Caos, vivendo entre os refugiados e os prisioneiros daquela colônia. Khozan sentiu que o rapaz ficou assustado com esta revelação.

“Não precisa ficar assustado. Afinal de contas, os Deuses te visitaram em seus pensamentos e sonhos. Eles te ofereceram as dádivas divinas caso você escolhesse fazer parte de um deles.” disse o careca, cobrindo a tatuagem dele com a manga da blusa.

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Ao mesmo tempo que Khozan visitava o jovem Antony no quarto hospitalar do acampamento, uma reunião foi realizada em uma área remota do planeta. Luzes vermelhas emanavam das chamas. Sangue escorria de poços em ebulição, borbulhando à medida que ele fervia. Corpos eram empalados e colocados em barras de aço negro. O símbolo de Khorne estava à mostra perante todos no pátio.

No centro daquele lugar, Björn, o líder da seita se dirige perante os demais cultistas, com tambores sendo tocados de forma estrondosa e violenta. Armas de haste batiam com o pomo no chão. A maioria dos cultistas gritavam pelo nome de Khorne, clamando “Sangue para o Deus do Sangue!”.

Em seguida, todos pararam quando o líder ergueu o braço direito dele para o alto.

“Meus irmãos, Khorne pronunciou! Os exércitos dele vão marchar para este mundo, trazendo morte e destruição para os servos do Falso Imperador!”

Os cultistas saudaram com gritos e sons altos perante a fala de Björn, sacudindo suas armas.

“Como muitos já sabem, temos um viajante de um mundo conhecido, porém que ainda não foi maculado pela influência do Imperador! Khorne está ciente dele, assim como Tzeentch, Nurgle e Slaanesh. E é de nosso dever trazê-lo para a nossa causa através de um dos nossos devotos que está no acampamento dos imperiais!”

Novamente, gritos soaram fortemente por entre o pátio de ritos sombrios dedicados ao Deus do Sangue.

“Com o garoto do nosso lado, podemos manifestar a nossa influência no mundo dele, mergulhando a Terra e a vários outros planetas com o sangue de todos aqueles que se opuserem a nós! Sangue para o Deus do Sangue!”

Todos os cultistas gritavam a mesma frase que Björn: “Sangue para o Deus do Sangue!”, com o som dos tambores soando forte como trovões. Armas batiam no chão com força, criando rachaduras e jogando poeira no ar. Os homens que se entregaram de bom grado ao Deus do Sangue, com rituais de assassinato sendo realizados na beirada de um poço repleto de sangue.

Cada homem encapuzado que cobria o rosto que andava seminu em fila até às extremidades, teve o pescoço ou as entranhas rasgadas com um punhal cerimonial, sendo jogado no poço sem vida pelos servos de Björn. Corpos subiam para a superfície, boiando sem se mexerem. Apenas flutuavam, com as vidas ceifadas. Os demais homens que vieram do acampamento celebravam com os sacrifícios para Khorne.

////

De volta pro acampamento, Antony e Khozan permaneciam parados, um encarando o outro. Antony, o garoto que veio da Terra por meio de um Portal do Warp, cujos poderes e habilidades do nada foram perdidos na viagem para este universo. Khozan, um detento envolvido em assassinatos, violações de propriedades imperiais e mais outras coisas desagradáveis já realizadas contra pessoas.

O olhar e a presença dele causavam um certo pânico no jovem herói da Terra. Entretanto, a declaração de fidelidade como um devoto agente do Caos e chegando com um convite para o Antony se juntar a eles já era um sinal de que precisava tomar cuidado com essa gente.

“Juntar a vocês?” perguntou Antony, ainda mantendo a postura reclusa.

“Sim, Antony. Fazer parte do nosso grupo. Como eu já disse a você, este lugar é a nossa penitência. Aqui, nós somos esquecidos.” respondeu Khozan, dando um passo adiante. E depois o outro. Antony o encarava, às vezes recuando um pouco.

“O que o Imperador fez por nós enquanto damos o nosso suor, sangue e sofrimento? Nada. Rezamos por ele, mas nenhuma resposta. Fomos esquecidos por ele.”

Em seguida, o careca parou de andar. Estava a três passos do garoto, com apenas a cama estando entre eles.

“Apenas os Deuses do Caos atenderam as nossas preces. E eles nos prometeram as dádivas deles se nós entregarmos as nossas vidas a eles.”

Gotas de suor escorriam da testa de Antony enquanto ouvia as palavras dele. Engolia seco quando as imagens mostradas por Khorne, Tzeentch, Nurgle e Slaanesh voltavam. Assim como as falas deles.

Armas de guerra e mundos conquistados.” lembrou-se da fala de Khorne, mostrando o jovem Antony a imagem dele como campeão da guerra, guiando exércitos em meio a um cenário devastado pelo fogo e pela matança.

Poder imensurável e conhecimento supremo.” lembrou-se da fala de Tzeentch, mostrando a imagem do herói como o mais poderoso feiticeiro sob as ordens dele.

Vida eterna e sem dor.” lembrou-se da fala de Nurgle, mostrando a imagem do herói como uma criatura imortal, porém pútrida e repleta de pragas, sobrevivendo até mesmo em ambientes extremamente cruéis.

Riquezas infindáveis e prazeres insaciáveis.” lembrou-se da fala de Slaanesh, mostrando o herói em um salão cercado de tesouros, mulheres seminuas e incenso que prendia ele numa espécie de transe e estupor, como se estivesse sob efeito de drogas.

Tudo isso tinha um preço a se pagar. Se entregando para um dos quatro Deuses do Caos significava vender a alma dele, recebendo todos poderes e dádivas de um deles, junto uma espécie de maldição e efeito colateral. No entanto, passaria a eternidade em total servidão.

Mesmo não tendo os poderes de paladino, Antony se recusou.

“Olha, Khozan. Eu aprecio muito o convite e tudo mais. Mas, não posso aceitá-lo.”

“E por que não? Pense bem na escolha que tomará! Os Deuses do Caos poderiam te dar os poderes que você tinha antes de vir parar neste lugar. E até levar você de volta para o seu mundo sem nenhum problema ou arrependimento.”

Ouvindo a parte de que ele poderia voltar pra casa se escolhesse aceitar o convite de Khozan para se juntar ao Caos, levantou as sobrancelhas, arregalando os olhos com uma fagulha de esperança. Porém, ainda tinha receio em aceitá-la.

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Um pouco longe do local em que os rituais eram realizados, Dolores, Rachel, Clara e Danúbia se dirigem escondidas, assistindo aquela carnificina com intenções profanas. Para a canonisa, aquilo era um claro sinal de afronta a tudo aquilo que foi criado em nome do Imperador da Humanidade.

“Traidores! Hereges!” Disse Dolores em tom baixo, assistindo aquele ritual dedicado a Khorne. “Quero ver todos eles na chama purificadora!”

Clara se apoiava encostada no morro com a Flamer nas mãos. Rachel segurava a Bolter pesada, estando um pouco longe. Danúbia estava do lado esquerdo de Dolores, mantendo a Bolter na mão.

“São muitos deles, minha senhora.” Disse Clara, espantada com aquele número de cultistas que eram do acampamento imperial. “Não acredito que a colônia inteira tenha se voltado para o Caos.”

“Seja de onde eles vieram, nossas ordens são claras. Devemos exterminar aqueles hereges antes que novas seitas do Chaos sejam formadas!” disse a canonisa para o esquadrão. Rachel, Clara e Danúbia balançaram a cabeça delas.

Sem nada a mais para falar, a canonisa soltou um grito, fazendo as companheiras saltarem com suas armas cuspindo fogo nos cultistas. Os projéteis de Bolter explodem no impacto, seja direto ou não. Pedaços de corpos voavam para diversas direções como resultado das detonações. Cabeças, braços, pernas, abdômen e costelas. Os cultistas eram desprovidos de alguma proteção física, sendo alvos fáceis das Irmãs de Batalha.

Björn assistia aquilo com escárnio e rancor. Estendeu a mão esquerda, portando um punhal ensanguentado na direção delas.

“Irmãs de Batalha! Matem elas, meus irmãos!”

Os cultistas levantaram suas armas, gritando moralizados para enfrentar o grupo de Dolores. Mesmo com poucas Lasguns, eles arriscaram suas vidas em nome de Khorne.

Clara pressionava o gatilho de sua Flamer, disparando um jato de fogo intenso em grupos de homens que vinham armados para abatê-la. Os gritos de dor enquanto eles queimavam ecoavam nos ouvidos dela, contorcendo em seus olhos. Mas ela não demonstrou piedade por eles.

Rachel, Danúbia e Dolores abriam fogo com suas Bolter, protegendo a retaguarda da colega. A velocidade dos projéteis da Bolter pesada colocava os cultistas em pânico, com a maioria tentando correr por suas vidas. Porém era inútil. Rachel atingia os infelizes, assistindo os corpos se desfazerem em pedaços de carne. Espoletas que saíam das armas vinham com a inscrição: “Morte aos traidores! Morte aos hereges!” caíam, pulando no chão com um pouco de cinética da pós-detonação pelo pino percursor.

“Vamos, irmãs! Estes impuros e hereges merecem a morte!” gritava Dolores enquanto segurava o gatilho da arma dela. Num instante, um cultista tentou emboscá-la, sendo dilacerado ao meio com uma espada-motosserra.

Os números de homens que se voltaram para o Caos diminuía. A maioria perecia diante do tremendo poder de fogo delas. Poucos tentaram reagir com Lasguns, mas se juntaram à pilha de corpos dos caídos para os sacrifícios. Um pequeno grupo correu em direção a uma metralhadora pesada a fim de contornar a situação.

Vendo aquilo se desenvolver, Dolores retirou de seu cinto uma granada de fósforo branco, uma arma com componentes altamente reativos e perigosos quando manuseado de forma inadequada, além de provocar ferimentos graves que levariam à morte. Acionou ela para detonar, jogando-a em direção a arma dos inimigos. Feito isso, os cultistas sentiram seus corpos ardendo em chamas, contorcendo por conta da dor. Em seguida, as caixas de munição da metralhadora explodiram, levando as vidas deles no processo.

O líder da seita assistia do pátio o resultado do confronto saindo do controle. Mais da metade dos devotos a Khorne morrem nas mãos das guerreiras do Império. Mesmo que mais sangue fosse oferecido ao Deus do Sangue, a situação estava virando contra Björn. E no meio do conflito, os cultistas começaram a fugir, largando suas armas no chão.

“Corram! É cada homem por si só!” Gritou um cultista moreno, correndo com as mãos para o alto.

“Elas são muito poderosas!” Gritou outro, portando cinturões repleto de espetos de metal. Este, infelizmente para ele, foi morto por um tiro de Bolter.

Björn rugiu de raiva, vendo que os poucos sobreviventes começaram a fugir, devido ao poder de fogo das Irmãs de Batalha, que os desmoralizaram, perdendo a capacidade de lutar.

“Não! Ignorem essa ordem! Fiquem onde estão!” Gritou Björn, sacando uma Laspistol, abrindo fogo nos sobreviventes da mesma forma que faria os comissários perante aos guardas desmoralizados.

Com as Irmãs avançando com suas armas, Dolores avistou o líder da seita de Khorne, cerrando os dentes com rancor por ele ter seduzido os homens do acampamento para a cauda dele. Correu na direção de Björn, brandindo a espada-motosserra na mão esquerda e apontando a Bolter com a mão direita. Os tiros atingiram os cultistas que restavam do grupo, com membros perdidos e pedaços de carne voando por todos os lados.

Björn mandou dois guardas da seita na direção de Dolores. Estes carregavam alabardas com dentes de motosserra na lâmina do machado, vestiam capuzes vermelhos com espigões de metal, ombreiras e botas de metal. Os braços, peitoral e pernas eram despidos de vestimenta, mostrando a pele parcialmente bronzeada. Diferente dos outros, tinham uma aparência de homens musculosos, cuja altura e força eram desumanas. Avançaram com suas armas pesadas para irem de encontro com a canonisa.

Dolores desviou do primeiro ataque de alabarda, virando-se para a direita dele, com a lâmina da espada-motosserra cravando no abdômen do guarda de Khorne, rasgando-o enquanto estava ligada. Em seguida, saltou por cima dele, abrindo um corte profundo no agressor até às costas. O outro guarda avançou com um golpe empalador, perdendo o alvo devido a incrível agilidade de Dolores e das táticas de combate amadurecidas por anos de guerra e inquisição. Ela desferiu vários golpes no braço e perna, cortando-a abaixo do joelho. Isto fez o monstro cair de joelho no chão, permitindo a canonisa apontar com a Bolter na cabeça, estourando-a ao pressionar o gatilho.

Com o caminho livre até Björn, Dolores correu com suas forças, saltando na direção dele, com a forma dele preenchendo a visão dela. Björn levantou a Laspistol, com o dedo prestes a pressionar o gatilho. Quando tinha a mulher na mira, o líder da seita sentiu algo percorrendo o braço esquerdo. Algo que causou dor imensurável. A mão esquerda dele foi destruída por um tiro de Bolter. Veio da arma de Danúbia.

Björn segurou o local da mão com força, tentando estancar o sangramento, gritando de dor combinado com a frenesia da batalha. E pra completar, a mulher que vinha na direção dele aterrissou com as duas botas no rosto dele, derrubando-o no chão rochoso, batendo a cabeça com força a ponto de ocasionar uma fratura.

O homem tentou se levantar, mas foi impedido com um pisão de Dolores no nariz. Tentou levantar a mão direita, sendo travada pela outra bota. A canonisa abaixou um pouco, estando agachada para poder interrogar Björn.

“Há mais de vocês aqui neste planeta que tenham se voltado para o Caos?!” Perguntou Dolores em tom áspero e frio.

Björn tentava se levantar, mas a força da perna direita de Dolores era exercida, fazendo ele ficar deitado no chão.

“Fale, herege!”

Björn teve dificuldades para falar. Tossia enquanto sentia o sangue escorrer pra fora por meio da mão esquerda e da cabeça.

“Vocês acham que ganharam ao acabar com este grupo. Mas estão enganadas.” Respondia Björn, tossindo enquanto encarava os olhos dela.

Dolores cerrava o olhar diante de seu prisioneiro. Expressava um desgosto misturado com uma espécie de rancor xenofóbico e religioso perante aqueles que não são humanos, muito ainda com aqueles que se desviaram do Império do Homem.

“Muitos de nós… estão espalhados neste planeta. E… tem aqueles que ainda residem naquele lugar.”

“Que lugar?!” perguntou Dolores, pressionando o rosto de Björn contra o chão. Danúbia e as outras se aproximavam da canonisa, mantendo as armas delas na mão.

“O acampamento.”

Ouvindo aquilo, a Irmã mais nova ficou assustada.

“Antony.” A fala dela chamou a atenção de Dolores, com uma expressão para ficar quieta. Em seguida, ouviram a fala de Björn.

“O garoto da Terra dele… está com boa companhia. Eu pedi ao meu… servo para convidá-lo para a nossa… causa.”

“Faça o que quiser, aquele garoto está sob a nossa supervisão!” disse Dolores, cerrando os olhos dela e pressionando com força, prendendo a respiração do líder.

“Não adianta, canonisa. Os Deuses do Caos sabem que ele está aqui. Cedo ou tarde, ele vai… ceder. Ele se juntará a nós. Assim como o mundo dele… vai ceder. E o seu Imperador… não NASCERÁ!” respondeu Björn, cuspindo sangue no rosto de Dolores, cegando-a momentaneamente enquanto ele ria.

Como resposta, a canonisa levantou-se, apontando a Bolter em direção ao rosto de Björn, pressionando o gatilho várias vezes. O corpo dele tremeu pelo choque dos tiros. As outras guerreiras assistiam a canonisa impondo a execução no homem devoto ao Caos. As espoletas da arma caiam no chão, saltitando até perderem cinética. O que restou foi apenas um corpo morto com a cabeça e a mão esquerda destruídas por tiros.

Dolores saiu de cima do corpo de Björn, limpando o rosto dela de sangue. Olhava para o corpo com escárnio, despejando o pente de munição pra fora do carregador, inserindo um novo para municiar novamente a arma.

“Maldito!” disse Dolores, terminando de se limpar. “Se eles pensam que podem fazer esse tipo de coisa, estão cometendo a heresia mais grave de todas.”

“Suas ordens, senhora?” Perguntou Rachel, portando a Bolter pesada.

“Informem o comissário Nikolos dessa traição! Avise-o para tomarem cuidado com os detentos e protejam o Antony a todo custo!” ordenou a canonisa, com a Clara tentando chamar o acampamento pelo comunicador Vox.

A guerreira da Flamer escutava apenas estática do canal principal. Tentava todos os outros canais conhecidos. Nenhuma resposta.

“Senhora, o comunicador Vox está com estática. Não estou conseguindo contato com o acampamento!”

“Maldito! Cortaram as comunicações com o acampamento! Esses hereges são mais organizados do que pensávamos.”

“O que faremos?”

“Danúbia, você e a Clara vão para o acampamento e auxiliar os guardas. Rachel e eu ficaremos aqui! Precisamos garantir que alguém estabeleça um sinalizador para a frota queimar este lugar!”

A mais jovem das guerreiras concordou com o plano da canonisa. Não havia mais nenhum servo de Khorne ou de outro Deus do Caos que precisava ser purificado, mas o local continuava sendo a mácula em Dallos IV.

“Sim senhora.” respondeu Clara e Danúbia. Se despediram de Dolores e Rachel, correndo em direção ao acampamento o mais rápido que podiam, apesar da grande distância da onde estavam.

Dolores via as duas correrem com as armas na mão. Estando apenas a Rachel com ela, chamou-a para tratar de um assunto em questão.

“Diga Dolores. O que houve?”

“Rachel, você sabe que a presença daquele garoto pode representar um mau presságio. A frota do inquisidor Val Merkutius chegaria a alguns instantes. Até lá, precisamos garantir a segurança e a integridade do Império.” respondeu Dolores, olhando para o chão manchado de sangue.

“No que é está sugerindo? Você acredita que o Antony tem a ver com isto tudo, mesmo sem o veredito para comprovar que ele é um herege?”

“Com o Antony ainda sob nossa supervisão, é nosso dever certificar que ele não saía do acampamento sob risco de ser morto pelas nossas mãos. Mas agora, com as forças do Caos sabendo da presença dele, o risco de segurança aumentou.”

Rachel manteve o olhar na canonisa enquanto segurava a Bolter pesada com as duas mãos.

“Se é para o Império prevalecer, Antony tem que morrer.” respondeu Dolores, olhando para a guerreira do armamento pesado. Aquilo arregalou os olhos da Rachel.

“Você tem as suas ordens, Rachel. Assim como as outras.”

Em resposta, a guerreira puxou o ferrolho para inserir um novo cartucho na câmara.

“Sim senhora.”

“Ótimo. Prepare o sinalizador. Eu vou contatar o inquisidor neste tempo. Vamos rezar pelo Imperador para que as nossas comunicações com a Eclesiarquia não estejam comprometidas pelos desgraçados.”

Rachel balançou a cabeça pra frente. Dirigiu-se para o centro do sítio caótico para instalar um sinalizador. Dolores moveu a mão direita em direção ao dispositivo auricular, acionando o comunicador Vox.

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De volta no acampamento, os dois homens permaneciam parados no quarto hospitalar. Khozan emitiu o convite dele para Antony, sendo recusado pelo receio que o garoto tinha. O careca expressava seriedade, com as sobrancelhas raspadas cerrando, exibindo várias marcas de descontentamento perante a resposta de Antony.

“Pense bem antes de fazer a sua escolha. Os Deuses do Caos são generosos com seus adoradores. Qualquer hesitação ou recusa de sua parte pode significar problemas.” disse Khozan, gesticulando com o olhar e as mãos quanto a resposta de Antony.

O garoto em questão permanecia quieto, encarando o homem à medida que a coragem crescia. O medo perdia intensidade, assim como os batimentos cardíacos de Antony diminuíram. A mão que tremia de forma descontrolada tornou-se a se prender com força, recolhendo os dedos para o centro da palma.

“Olha, Khozan. O seu convite até parece interessante em querer aceitar. Mas só tem uma coisa que está me deixando curioso com relação a ele.”

Os olhos de Antony se fecharam. O careca manteve o olhar fixo nele. O ar gelado do quarto percorria em seus corpos e braços, mesmo que eles não demonstrassem sinais de hipotermia a ponto de cruzar seus braços para aquecerem seus peitos. Em seguida, Antony tornou a abri-los outra vez.

“O que aconteceu com aqueles que se recusaram a se juntar às forças do Caos?”

A pergunta do herói da Terra deixou Khozan calado por um momento. Ele sabia que aquilo o pressionaria a ponto de adotar medidas desesperadas.

“Antony, como sempre, você é curioso. Imaginei que você seria do tipo que faz perguntas demais.” respondeu Khozan com um olhar sério e um falso sorriso. “Muito bem. Já que quer saber, eu digo o que acontece com os desinteressados deste acampamento.”

Antony prestava atenção naquele homem.

“Este acampamento abriga vários seguidores de Khorne, o Deus da Guerra e do Sangue. Muitos de nós realizamos as adorações a ele com oferendas de sangue. Aqueles que se recusaram a se unirem a nós, receberam uma função diferente. Nós sacrificamos eles, oferecendo o sangue deles para Khorne.”

Ouvindo aquilo, Antony arregalou os olhos de horror.

“E eu aposto que você sabe o que aconteceu com o seu amigo lá do campo de trabalho.”

O garoto não tinha amigos no mundo sombrio. Mas havia um homem que teve um momento de conversa durante a refeição no campo de trabalho, na qual convenceu Antony de não jogar fora aquele caldo grosso preparado pelos guardas. A imagem e o nome dele percorreram a mente dele como se fosse uma lâmina de baioneta perfurando o cérebro pela lateral. Vendo a expressão de assustado de Antony, Khozan emitiu um sorriso maligno.

“Geran? O… o que vocês fizeram com ele?!”

“Eu não. Björn. Ele convidou o seu amigo para fazer parte da nossa causa. Mas Geran se mostrou como sendo uma pessoa teimosa para aceitá-la. Em vez disso, aceitou se tornar uma oferenda para Khorne.”

“Quando você fala em ‘oferenda para Khorne’, você quis dizer sacrificá-lo. Não é isso mesmo?!” Perguntou Antony, arrasado com a notícia.

“De certo modo.”

Antony virou o rosto dele, tentando criar força de vontade para não demonstrar sentimentos. Novamente, Khozan tornou a convidá-lo.

“Eu venho te fazer o mesmo convite, outra vez. Você vai se juntar a nós como devoto à Khorne ou como oferenda por meio do sangue?”

Ouvindo aquilo, Antony pensou muito nos amigos e na família dele, na casa e no juramento dele como paladino da luz e da justiça.

“Eu jurei que eu nunca entregaria a minha vida para o mal por qualquer coisa. Eu nunca entregaria a vida de meus amigos ou de tudo que eu já conheci para propósitos nefastos. Pois eu sou um paladino. Um defensor da luz e da justiça.”

O rosto de Antony se levantou, com as lágrimas escorrendo de seus olhos e com a coragem se vitalizando.

“Por esta razão que eu manterei com a minha decisão, Khozan. Eu nunca vou me entregar para o Caos! Nunca!”

A resposta definitiva do herói calou o devoto de Khorne. O convite para Antony se juntar ao grupo falhou. Foi neste instante que a expressão dele se mudou, levantou a mão direita dele até às costas.

“Eu imaginei que isso chegaria até este ponto.” disse o careca, retirando um punhal de lâmina negra.

“O que você vai fazer?!” perguntou Antony, assustado em ver o homem se preparar para assassiná-lo.

“Você não me deu outra escolha. Vou acabar com você e entregar o seu sangue e sua cabeça para Khorne!”

Khozan avançava de um lado para o outro da cama, com Antony tentando ir nas direções opostas. O homem sorria de forma doentia enquanto se aproximava de seu alvo. Em seguida, os dois se colidem, um tentando derrubar o outro. Antony empurrou Khozan pra trás, mantendo a distância dele. O careca, sorrindo enquanto segurava o punhal, desferiu vários golpes no Antony, com um deles fazendo um corte no braço esquerdo. Antony gritou de dor, segurando o local para segurar o sangramento.

Khozan riu da dor que infligiu em Antony. Abriu a boca, expondo a língua dele pra saborear aquele líquido vermelho que escorria da lâmina. Novamente, saltou na direção do rapaz, desferindo novos golpes. Antony se recompôs do ferimento, avançando com socos, chutes e defesas de Karatê, desarmando o agressor e desferindo um chute circular a ponto de derrubá-lo no chão.

Antony assumiu uma postura defensiva com o joelho esquerdo flexionado pra frente e a perna direita estendida para trás, com a guarda levantada até a linha do peito. Observava o homem careca se levantar gradualmente. O nariz dele estava sangrando um pouco, com a mão fechada dele passando no local pra limpá-lo. Já revigorado, ele correu pra cima de Antony, recuando para depois desferir vários golpes em Khozan. A cabeça e o corpo chacoalharam-se por cada soco e chute recebido. O último deles foi um chute traseiro seguido de um salto, derrubando-o no chão gelado.

O herói da Terra permanecia de pé, com parte das roupas manchadas de sangue, sujeira e suor. Assistia o agressor se recuperar do chute mesmo com dificuldade. Khozan nutria um sentimento amargo por Antony. Os olhos vermelhos, boca e nariz cobertos de sangue, hematomas e projeções no rosto eram evidentes na visão do garoto. Antony assumiu uma postura defensiva, preparando-se para uma nova agressão. Tudo isso mudou quando ouviram a porta do quarto se abrindo. E do nada, a cabeça de Khozan explodiu por de trás. O corpo dele perdeu o equilíbrio após a onda de choque da detonação, caindo sem vida no chão do quarto hospitalar da instalação.

Antony se assustou com tudo aquilo, mas viu que atrás dele emergiram as duas guerreiras Sororitas. Danúbia segurava a Bolter com a mão esquerda, mantendo-a erguida até a linha do ombro. Ela e Clara entraram, com a garota de cabelo prateado e curto correndo na direção de Antony e a de cabelo pajem e castanho ficando na porta.

“Antony, você está bem?” Perguntou Danúbia, auxiliando Antony a se recompor depois do confronto.

Antony recebeu os cuidados dela, com uma espécie de spray medicinal sendo aplicado no corte do braço.

“Eu estou bem. Obrigado por me salvarem.” Respondeu ele, sorrindo para elas. “Onde estão as outras?”

“Rachel e Dolores ficaram para queimar um pátio que estava sendo usado pelos cultistas do Caos.”

“A sorte que viemos o mais rápido para te resgatar.” Disse Clara, olhando para o garoto enquanto ficava na porta.

Antony e Danúbia acompanharam a outra guerreira até a saída do quarto, vendo o guarda imperial morto no chão. Não havia muito a ser feito por ele, exceto por recuperar uma Laspistol do coldre.

“Khozan era bem esperto em querer ir atrás de você.” disse Clara, segurando a Bolter dela.

“Pelo jeito eu fiquei famoso por aqui.” Respondeu Antony, rindo em seguida pela brincadeira dele.

“Antony, isto aqui é muito sério. Os agentes do Caos se manifestaram por entre os homens que resgatamos.”

“É como um câncer. Quando menos se espera, ele se multiplica por todos os lados e dificilmente será removido, mesmo com todas nós reunidas.” Completou Danúbia, retirando a arma de mão do corpo.

“Já entendi.” Respondeu o garoto da Terra.

Danúbia levou a Laspistol para Antony, entregando-a na mão. “Sabe como atirar, certo?” perguntou ela.

“Sim. E muito.” respondeu ele, segurando a arma. Devido a familiaridade com o aparelho, ele apontava para frente.

“Ótimo. Pra carregar, você pressiona este botão, ejetando o pente de munição da empunhadura e depois insere um novo pente.” Danúbia passou as instruções de como carregar a pistola Laser. Antony balançou a cabeça pra frente, segurando a nova arma.

“Mais uma coisa: Dolores pediu pra gente ficar perto de você.”

“Você ainda está sob supervisão Imperial. Não está autorizado a ir para qualquer lugar, independente do que for.” Completou Clara.

Ouvindo aquilo, o rapaz suspirou de descontentamento. “Certo.”

“Muito bem. Vamos indo.” Disse Danúbia, guiando o pequeno grupo na frente.

Dito aquilo, o rapaz se preparava para ir com elas. Segurava a Laspistol na mão enquanto elas andavam com Bolters, mais destrutivas do que a arma Laser.

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No caminho para a saída, Danúbia seguia na frente, com a Clara protegendo a retaguarda e o Antony no meio. Tudo parecia quieto, sem sinais de vida nas proximidades, seja dos guardas ou dos cultistas. Ou até pior. Antony e as guerreiras olhavam ao redor dos corredores atentos por possíveis espreitadores.

A situação começou a ficar sinistra quando avistaram sangue no hall da instalação, além de corpos de guardas dilacerados. E próximo da saída, ouviram o som de gritos e tiroteio. Danúbia e Clara correram na frente, com o garoto seguindo elas.

Para o horror deles, o acampamento estava em chamas. As instalações de comunicação destruídas, as tendas usadas para os refugiados queimadas, depósitos saqueados e contingências de soldados imperiais lutavam para proteger o que restou do lugar. Mas era uma batalha perdida, especialmente quando havia mais homens devotos ao Caos do que guardas imperiais.

A caminho delas chegou um guarda Kasrkin. Correu com uma Hellgun na mão, com o cano parcialmente aceso e o uniforme apresentando sinais de desgaste pelo combate.

“Irmãs de Batalha, o acampamento está perdido! Os refugiados e os detentos se voltaram contra nós!” informou o soldado de elite do Império.

“Sabemos disso!” respondeu Danúbia, chacoalhando a Bolter dela.

“As forças do Caos instigaram essas pessoas a se voltarem contra nós, e é nosso dever queimá-los!” respondeu Clara, retirando a Flamer dela das costas.

“Sim, senhora. Mas receio que as nossas forças não sejam suficientes para detê-los. Há relatos de que os cultistas receberam reforços do Warp.”

“Pera um pouco. Você disse ‘reforços’?” perguntou Antony, se aproximando delas. “Que tipo de reforços?”

“Antony!” chamou a guerreira de cabelo prateado com uma expressão séria, pedindo para Antony ficar quieto.

Vendo que era o garoto humano que estava sob custódia, o guarda virou levemente a cabeça pra esquerda. “Este não é o garoto que está sob seus cuidados?”

“Ele mesmo. A canonisa Dolores nos ordenou de retornar para o acampamento e garantir a segurança dele até a chegada do transporte da Eclesiarquia.”

Antony não entendeu após ouvir a última fala de Danúbia. Do que é que elas estavam falando? Será que a Dolores tinha já arranjado um transporte para ele no início?

“Desculpe, mas, do que é estão falando?” perguntou ele confuso.

“Antony, não temos tempo pra te explicar!” respondeu Danúbia com uma expressão séria.

“Precisamos te tirar daqui! É o mínimo que podemos fazer!” completou Clara, mantendo a calma apesar da destruição.

“Bom, de ambas as formas, a baía de aterrissagem está do outro lado deste local. A passagem está bloqueada por escombros e chamas. Sem falar nos cultistas que vão impedir vocês de passar.”

“Se aqueles infelizes pensam que podem nos impedir, eles serão recebidos com a chama purificadora do Imperador!” respondeu Clara.

“Muito bem. Eu vou acompanhá-las até a baía. Há alguns guardas espalhados no acampamento que talvez venham ajudar vocês.” completou o soldado de elite do Império.

“Obrigada, guarda Kasrkin. Seus serviços ao Império serão lembrados por toda vida.” agradeceu Danúbia, saudando o guarda. “Pelo Imperador!”

O grupo formado correu em direção ao local designado pelo soldado do Império. Antony acompanhou as duas guerreiras e o guarda Kasrkin, mantendo a Laspistol na mão. Olhou para o cenário ao redor dele, só existia morte e destruição. Guardas imperiais mantinham suas Lasgun nas mãos, atirando para vários cultistas e rebeldes armados. No entanto, as baixas por entre os imperiais crescia. Um guarda caiu no chão, sendo substituído por cinco novos soldados.

Do outro lado, um projétil de morteiro caiu no chão, atingindo sete soldados. Três estavam mortos, um gritava de dor após perder a perna pela detonação, dois ficaram feridos no peitoral e um estava de pé com machucados leves. E no meio do conflito, Antony avistou um homem que não tinha ânimos em revê-lo. Era o comissário Nikolos, guiando os guardas para a linha de frente com o sabre imperial na mão apontada para frente e a Laspistol na outra mão.

“Vamos, seus infelizes! Fiquem e lutem! Em nome do Imperador, vocês não vão cair!” clamava Nikolos, atirando nos cultistas enquanto alimentava o fervor dos soldados.

Antony assistia aquela cena. Vários guardas e rebeldes caíram sob intenso tiroteio. Reservas de soldados imperiais correram para repor as baixas, com poucos feridos sendo resgatados e a grande maioria era deixada para morrer. E do nada, projéteis de morteiros desceram dos céus, matando aqueles que estavam no campo de batalha, não importando de qual lado.

Os guardas ficaram apavorados. A chuva de explosões dos morteiros destruiu a vontade de lutar, forçando-os a correr pelas vidas deles.

“Não podemos aguentar mais! Corram!” gritou um dos guardas, deixando para trás sua Lasgun.

“Salvem-se quem puder!” gritou o outro guarda.

O comissário viu os homens fugindo dos morteiros. Aquilo para ele era um ato de deserção em pleno combate, uma covardia para um oficial de alta patente a serviço do Império. Nikolos rangeu os dentes, erguendo a Laspistol nos guardas que fugiam, pressionando o gatilho em rápida sequência. Raios Laser vermelhos emergiram do cano, atingindo os soldados na cabeça, no braço e nas costas. O que restaram foram corpos desanimados, caindo sem vida em meio aquela cacofonia da destruição.

“Covardes! Não deem mais um passo para trás ou eu atiro em vocês!”

Um dos guardas atirava com a Lasgun desenfreadamente. Os olhos dele expressavam terror enquanto tentava manter a coragem em continuar lutando sob a ordem do comissário. “Comissário, eles… eles são muitos! Não podemos aguentar!”

“Temos que recuar para uma posição segura!” gritou outro soldado, atirando com uma Hellgun.

“Não! Ignorem esta ordem! Fiquem e lutem!” gritou Nikolos.

Antony assistia aquela cena. Via os soldados imperiais darem suas vidas para impedir o avanço do inimigo, mesmo diante das adversidades. E do nada, um projétil de morteiro caiu na frente deles, explodindo durante o impacto. Nikolos e os guardas foram lançados para trás devido a onda de choque e a liberação de estilhaços que atravessaram seus corpos. O corpo do comissário aterrissou a dois metros da posição anterior. Parte do uniforme preto, vermelho e dourado estava arruinado, com sangue manchando o tecido e escorrendo pela boca. Os olhos dele estavam arregalados, expressando os últimos momentos de horror, agonia e fúria. Um dos guardas atingidos pelo morteiro se levantou com muita dificuldade e dor, mas tentou seguir com o restante de seus companheiros para uma posição segura.

Os horrores da guerra percorriam o corpo do herói. Ele testemunhou vários episódios similares em vidas passadas. Vendo pessoas lutarem por líderes, reinos e ideais, só para morrerem pelos mesmos, independente de quais formas. Soldados imperiais travando uma luta até o último ficar de pé, outros recuaram com feridos, outros se contorcendo de dor pelos ferimentos de batalha. E no meio do conflito, avistou um soldado encolhido de medo. Pela feição do rosto, tinha uns 17 anos. Muito jovem para ser mandado para a guerra. Como ato de bravura, Antony correu para salvá-lo.

Danúbia e Clara viram o ato de bravura do jovem Antony, mesmo que ele não pudesse fugir do alcance delas.

“Antony!” chamou Danúbia.

Antony ignorou por um momento. Correu em direção ao soldado assustado, arriscando a vida dele com algumas explosões e tiros de Lasgun. Cultistas se aproximavam, abrindo fogo em Antony. Por sua vez, o garoto se esquivava, pressionando o gatilho como resposta ao fogo inimigo.

“Imperador! Por favor, não me abandone!” Implorava o jovem soldado. Estava encolhido, com as mãos segurando as pernas dele e mantendo a cabeça para baixo.

O garoto implorava pela proteção do Imperador várias vezes. Nenhuma resposta. Quando parecia tudo terminar de forma cruel, uma luz de esperança surgiu na forma do herói da Terra. O guarda via uma espécie de grandes asas angelicais, irradiando luz e uma espécie de espada dourada na mão. Crescia em tamanho à medida que se aproximava dele. Em seguida, Antony alcançou o garoto, estendendo a mão para ele.

“Venha comigo! Eu te tiro daqui!” gritou Antony, mantendo a mão estendida para ele.

O jovem guarda se assustou no começo, mas respondeu afirmativamente ao balançar a cabeça pra frente. Estendeu a mão dele para segurar o braço de Antony, sendo puxado para fora da zona de perigo. O guarda Kasrkin, Danúbia e Clara correram para ajudá-lo, abrindo fogo nos cultistas e rebeldes para suprimi-los de avançar. Em seguida, recuaram para um local seguro, escoltando Antony e o jovem guarda no processo.

O jovem guarda viu em Antony uma espécie de auréola, uma armadura dourada e capa azulada enquanto corriam. Mesmo que as roupas do homem de um universo diferente sejam as mesmas que os demais, sentiu que ele era uma espécie de anjo enviado pelo Imperador.

Os projéteis passaram de raspão pelo grupo, sendo respondidos com o fogo das Bolter das Irmãs de Batalha. Clara arremessou uma granada de fósforo em um pelotão de rebeldes, mergulhando-os em chama dourada após a detonação. Um deles tentava correr para frente enquanto sentia a chama de fósforo queimar a carne dele. A intensidade o fez cair sem vida no chão.

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Fora do perigo, o grupo alcança o pátio utilizado para transportar os refugiados e os detentos para os campos de trabalho. Estava repleto de guardas imperiais que socorreram os feridos e os desalojados. Antony, Danúbia, Clara e os dois imperiais pararam, com o jovem guarda sendo socorrido pelos demais soldados.

“Você… você me salvou. Obrigado.” agradeceu o garoto para Antony, com rosto desmanchado de alívio por estar vivo.

“Sem problema. É o mínimo que eu podia fazer.” respondeu o jovem herói da Terra. Viu o rapaz sendo acompanhado pelos dois guardas armados com Lasgun até os demais.

No meio daquela cena, Antony sentiu o braço dele sendo golpeado com um soco pela guerreira de cabelo prateado. A reação foi mais de susto do que de dor.

“Ei! Pra que foi isso?!”

“O mínimo que você poderia fazer era ter morrido por estupidez!” respondeu Danúbia com um olhar sério.

“Você está sob os nossos cuidados. Qualquer ato que fosse fazer é o suficiente para nós atirarmos em você!” completou Clara.

“Ah, qualé! Eu por mim eu não arriscaria pessoas boas pra morrer em uma guerra. Especialmente jovens e crianças! Além do mais, eu ainda posso lutar!” respondeu Antony com a Laspistol na mão.

Danúbia recuou por um momento. “Você tem uns costumes estranhos! Mas de todo caso nós vamos te tirar daqui!”

“A nave da Eclesiarquia não vai demorar muito pra chegar e sairmos de Dallos IV.”

“Certo. Depois disso, eu quero voltar pra casa: No planeta Terra. No MEU planeta Terra de onde eu vim!”

“Antony, caso tenha esquecido, você está sob supervisão Imperial! Não poderá voltar pra casa, mesmo que ela não exista na Sacra Terra.”

“E ainda, como você poderá voltar pra sua Terra? Não temos meios de levar você de um universo ao outro.” completou Clara.

“E você só poderá estar livre da supervisão se a Eclesiarquia decidir sobre o seu estado, se você não está maculado pelo Warp a ponto de ser condenado um herege.” disse Danúbia.

“Mas eu não sou um herege!” respondeu Antony.

“Herege ou não, você terá que vir conosco até a Eclesiarquia.” encerrou Danúbia.

“Querendo ou não.” encerrou Clara.

Antony suspirou com as duas falando da presente situação dele, onde que ele deveria ir com elas até a Eclesiarquia para aguardar julgamento até ele poder voltar pra casa. No entanto, como Danúbia e Clara falaram da inexistência de meios conhecidos e legalizados pelo Império para abrir um portal deste universo para o universo de Antony, estava claro que ele terá de passar o resto da vida dele preso neste mundo distópico e cruel.

“Tá legal. Eu vou com vocês, já que não tenho outras opções.”

As duas Irmãs de Batalha seguiram adiante, com as Bolter nas mãos para qualquer emboscada. Antony acompanhou elas até a baía de naves. Contudo, uma voz chamou ele por um momento. Danúbia e Clara ouviram a chamada do guarda Kasrkin, permitindo ao rapaz ir conversar.

“Tem alguma que queria me falar?” perguntou Antony, estendendo a mão direita para o guarda.

“Antes de ir, só gostaria de agradecê-lo por ter salvado um dos nossos. Não é um ato comum entre um forasteiro perante a um soldado do Império.” disse o guarda Kasrkin.

“Sabe, eu nunca tive uma boa impressão sobre vocês. Mas, aquele garoto, de alguma forma me lembrou um rapaz que eu conheci em vida. E pra dizer a verdade, eu não queria que ele morresse enquanto ainda tem muito pela frente.”

“Você é estranho, Antony. Desconhece os nossos costumes, da mesma forma que desconhecemos os seus. Eu o respeito isso.” disse o guarda.

Num instante, ele colocou as duas mãos no capacete, removendo-o. Antony, Danúbia e Clara assistiam o soldado de elite fazendo aquilo. Por debaixo daquilo, viram um rosto de um homem com cerca de 32 anos, cabelo preto do tipo curto, barba feita, um olho de cor âmbar e um outro branco devido aos ferimentos de batalha, junto uma cicatriz vermelha na linha do nariz até a orelha esquerda. Os olhos do rapaz da Terra permaneceram fixos naquele homem.

“Assim como aquele garoto, eu também fiquei assustado no começo, com medo de morrer. Mas depois de muitas batalhas, passei a enxergar as guerras como algo natural. Claro, tive amigos que não foram sortudos, de serem resgatados por alguém tão nobre quanto você. Muitos até foram deixados pra morrer.”

“Também conheci pessoas que também não tiveram a mesma sorte que eu. Pelo jeito, nós dois somos iguais.” respondeu Antony.

“Sim Antony. E você tem muito pela frente, assim como ele.”

Os dois permaneceram quietos naquele lugar. As duas Irmãs observavam enquanto esperavam pacientemente. Mas a paciência não podia ser estendida por muito tempo, pois uma enorme explosão surgiu da onde seria a baía de naves. Danúbia e Clara voltaram suas atenções para aquele lugar, retornando para o garoto.

“Antony, detestamos apressar as coisas, mas temos que ir!” chamou Danúbia.

Antony balançou a cabeça pra frente. “Eu já estou indo.” respondeu ele, virando a atenção dele para o guarda.

“Antony, independente do seu veredito na Eclesiarquia, eu quero que leve isto com você.” disse o guarda, entregando uma arma. E não era apenas uma arma qualquer, era a Lasgun dele do tempo que começou como um guarda regular. Antony aceitou o presente, embora com receio pelo gesto.

“Mas essa é a sua arma.” disse Antony curioso, com a resposta do guarda sendo a cabeça balançando pra frente. “Por quê está me dando ela pra mim?”

“Vamos dizer que é o meu presente de despedida. Não tenho a certeza se vamos nos encontrar novamente, mas ela vai te ajudar a enfrentar os perigos que surgirem no seu caminho.”

“Bom, eu… nem sei como agradecer.”

“Não precisa. Lembre-se: O Imperador o protegerá sempre.” concluiu o guarda Kasrkin, reinserindo o capacete dele para proteger a cabeça dele.

“Obrigado. Até o nosso próximo encontro.” agradeceu Antony, distanciando-se do homem ao se reunir com as guerreiras.

O guarda viu o grupo se dirigindo ao local onde as chamas subiam. A situação ficava difícil à medida que os rebeldes e os cultistas avançavam no acampamento. Uma nova fileira deles se aproximavam do pátio. A maioria deles portava armas Laser e armas brancas, sendo recebidos por uma chuva de tiros das Lasgun imperiais. O guarda Kasrkin e os demais soldados imperiais lutaram com suas vidas corajosas contra aquela crescente horda. Mesmo sabendo que eram infindáveis, eles dariam o último suspiro de vida pelo Imperador da Humanidade.

“Vamos homens! Pelo Imperador!” gritou o guarda Kasrkin, levantando a Hellgun dele, abrindo fogo nos assaltantes. Em seguida, os outros guardas formaram uma fileira, disparando com suas Lasgun nas ondas que chegavam.

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