The Two Survivors - Chpt 8 [Portuguese - BR]
The Two Survivors [Portuguese - BR]
Descrição:
As Duas Sobreviventes é uma série de fãs de quadrinhos e histórias, criada por Antony Bindilatti e em parceria de Priscilla2Warrior, também conhecida por Priscilla McGee. A série tem a junção diferentes histórias dos personagens das séries famosas como Claymore (marca registrada de Norihiro Yagi e Madhouse Studio) e The Walking Dead (Robert Kirkman e Telltales Games por The Walking Dead: Michonne), todos focalizando em algumas jornadas, alguma ação e alguma diversão com os personagens favoritos (e alguns menos).
O foco da história aborda duas jovens garotas: Priscila e Paige. Priscila é uma recém-formada guerreira da Organização após receber seu lugar como Número 2, e Paige é uma das sobreviventes após um apocalipse zumbi ter devastado Geórgia e transformado as vítimas em Walkers.
E quando as duas sobreviventes se encontram, uma longa e incansável viagem começa e elas terão de lutar para sobreviver.
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Capítulo 8
Minutos se passaram desde a partida dos remanescentes dos Predadores do acampamento em chamas. Tony estava escondido no meio da vegetação local enquanto via a última motocicleta deixar o local.
Com as armas em mãos, ele toma distância, com a cor laranja das chamas perdendo intensidade enquanto se dirigia na escuridão. Depois disso, a silhueta dele desapareceu.
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Na cabana no meio da plena noite, os sobreviventes se encontravam nas camas e nos sofás dormindo. Alice e seus filhos estavam em um dos quartos dormindo na mesma cama, enquanto que Christine dormia em outro quarto. Paige dormia no sofá da sala com a Priscila apoiada em sua espada enfiada no chão de madeira. Raj contabilizava os remédios e os suprimentos médicos que conseguiram dos Predadores durante a fuga. Os olhos dele estavam ficando pesados pelo sono. Por uma breve pausa, ele bocejava e voltava para os afazeres dele. Ademais, sentiu que era o suficiente por ora, optando para ir na cama.
Tudo parecia normal. Os sobreviventes dormiam tranquilamente em um lugar que podia chamá-lo de lar. Não era muito, mas era o suficiente pra poder passar a noite.
Contudo, essa paz duraria pouco. Pois neste momento, podia-se ouvir o som das motocicletas e dos triciclos ficando alto. As sobrancelhas de Priscila cerraram-se, sentindo que algo não estava certo.
Algumas motocicletas pararam perto da cabana. Os condutores delas desceram com guidões de gasolina e querosene, despejando o conteúdo na porta, no chão, no telhado e nas paredes. Priscila cerrava as sobrancelhas com força, sentindo o cheiro daqueles recipientes despejando todo o conteúdo inflamável ao redor da casa.
E no último instante, alguns motoqueiros chegaram com garrafas de vidro em direção da cabana. Elas continham querosene com lenços de pano encharcados com óleo e gasolina. E na ponta, elas foram ateadas com fogo, transformando as garrafas em coquetéis Molotov. Os motoqueiros, rindo com aquelas armas caseiras nas mãos, arremessaram elas contra a cabana. Algumas delas quebraram pelo impacto ao atingirem no chão, no telhado e nas paredes, enquanto outras atingiram as janelas de vidro e outras caíram intactas, derramando o querosene que em seguida espalhou as chamas de forma violenta.
A cabeça de Priscila virou-se de um lado para o outro, cerrando as sobrancelhas com força. O cheiro da fumaça começou a incomodar os sobreviventes, com Paige, Christine, Mark, Andrew e Raj acordando gradualmente.
“Ugh. Que cheiro horrível é esse?” perguntou Paige, levantando-se do sofá.
Para a surpresa desagradável, ela escuta o som da janela quebrada por um objeto sendo arremessado com força. E ao cair, a garrafa se partiu no chão, expandindo a querosene banhada em fogo ao redor do local. Paige se espantou. Priscila se levantou já com sua espada e uniforme. Ela se dirigiu em direção a jovem atiradora para ajudá-la.
“Paige, você está bem?” perguntou a guerreira Número 2.
“Eu… eu estou bem.” respondeu a atiradora. Mas pelo cheiro de fumaça que está comprometendo a respiração e do fogo se alastrando por toda casa, estava claro que não estava bem.
“O que aconteceu?!”
“Eu não sei! Alguém deve ter feito o serviço de querer nos tirar da jogada!” respondeu Priscila.
Durante a breve conversa, elas escutam o som de um objeto caindo próximo delas. Era um pedaço do piso de madeira para o andar de cima. A guerreira rebateu com a espada dela, salvando ela e Paige.
“Temos que achar os outros e sairmos daqui! Não é mais seguro ficarmos aqui com este incêndio criminoso pra nos devorar com fogo e fumaça!”
“Concordo, Priscila!”
As duas sobreviventes encerraram a conversa delas e prosseguiram para o andar de cima. Parte da cabana começou a ser devorada pelas chamas. Alguns quadros e pinturas foram perdendo as cores das tintas em um preto carvão. As paredes retorcem, com pedaços do chão e do telhado cedendo-se e os vidros se partiram em cacos. Priscila foi na frente para desobstruir o caminho até os quartos do andar superior.
Chegando no alto, as garotas se espantaram com as chamas se alastrando violentamente. Paige tossia pela fumaça. Como medida para amenizar a inalação, cobriu o nariz dela com a gola de sua blusa.
“Alice! Mark! Andrew! Raj! Christine!” Chamaram Priscila e Paige pelos nomes dos colegas. Nenhuma resposta. O som do fogo se intensificando ficava difícil de escutar alguém. Novamente, voltaram a chamar.
Na segunda tentativa, as duas ouviram a voz de um homem em meio às chamas. Era o Raj.
“Priscila! Paige! Por aqui!”
As duas garotas correram para um dos quartos. O acesso estava obstruído com vários pedaços de madeira em chamas. Podia-se ver Raj ajoelhado, com a Alice desmaiada, sendo apoiada nos braços dele. Andrew e Mark estavam perto de Christine enquanto ela tentava reanimar a mãe dos meninos.
Quando o incêndio iniciou, Raj e Christine tentaram socorrer a mãe e os filhos e fugirem, porém a mulher adulta foi atingida na cabeça por um pedaço de viga. Os meninos estavam assustados e Christine se esforçava para reviver Alice, porém, não surtiu efeito. A fumaça inalada estava aos poucos derrubando os sobreviventes.
“Christine! Raj!” chamou Paige.
“Paige! Priscila! Rápido, tirem a gente daqui!”
“Aguente firme! Ajuda já está chegando!” exclamou Priscila.
Estava quente demais para mexer com as mãos. Em vez disso, a guerreira utilizou sua espada, desferindo vários golpes nos escombros. Como eram vários, ela precisou maximizar o Yoki dela, quebrando os pedaços de madeira numa velocidade impressionante. E no último movimento, Paige correu para socorrê-los.
“Vamos! Venham logo antes que seja tarde!” chamou a jovem atiradora.
Paige, Raj e Christine se levantam para carregar Alice nos ombros. Andrew e Mark correram em direção à saída. Como estava muito quente e claro, não dava para ver os dois meninos correndo na frente. Priscila ajudou os adultos a saírem com maior cuidado. Paige estava quase desmaiando, sendo auxiliada pela sua guardiã e pelo médico.
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Fora da cabana, os dois filhos de Alice saíram parcialmente marcados com fuligem e tossindo. O perigo maior de serem mortos na cabana incendiada já passou, e agora precisavam esperar pelos outros.
Porém, infelizmente eles escutam o som das motos se aproximando. A luz dos faróis ficava mais intensa, assustando Mark e Andrew. Uma delas veio em alta velocidade, com o motoqueiro estendendo a mão na linha do menino mais novo, agarrando-o pela blusa e puxando-o com força. Em seguida, foi a vez do mais velho. Os dois gritaram de medo, sendo separados durante o caos da noite.
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Minutos depois, os sobreviventes estavam no lado de fora da cabana, destruída pelo fogo. Alice recobrava sua consciência gradualmente. Os olhos dela se abriram, notando um teto escuro com várias estrelas e um pouco de faíscas laranjas emergindo para o alto. A respiração dela estava um pouco comprometida após inalar fumaça. Podia-se ouvir algumas tossidas enquanto tentava expelir o que ficou nos pulmões dela.
A recuperação da consciência dela foi logo percebida por Raj, Christine, Priscila e Paige.
“Huh? Priscila. Paige. Raj. Christine.” dizia Alice enquanto tentava se levantar.
Raj pediu para ela não se esforçar. “Devagar, Alice. Não precisa se esforçar demais para se levantar.”
Alice apoiou a mão esquerda dela na testa, esfregando-a. “O que houve?”
“Você foi atingida por um pedaço da viga da cabana. Por pouco não teria acertado com força na sua cabeça a ponto de quebrar a caixa craniana ou o pescoço.”
“A sorte é que o pior não aconteceu.” completou Christine, sorrindo para ela.
Alice se levantou devagar. Vendo apenas os quatro sobreviventes, porém dois estavam desaparecidos, começou a ficar preocupada.
“Mark? Andrew?” chamou a mãe dos meninos. O olhar dela começou a ficar aflito. “Onde estão os meus filhos?!”
Priscila e Paige olharam uma para a outra e depois para Alice. Elas estavam preocupadas.
“Estavam com a gente no momento que fomos te tirar do andar de cima.” respondeu Paige com um ar de preocupada.
“Porém, saíram na frente, antes que pudéssemos ter a certeza de que era seguro.” respondeu Christine.
“E depois disso, saímos da cabana mas sem sinal de Mark e de Andrew.” respondeu Priscila.
Ouvindo aquilo, os olhos de Alice estavam encharcados de lágrimas.
“Mark… Andrew… onde vocês foram?” perguntou ela aflita. As mãos delas cobriram os olhos dela, desmanchando-se de tristeza. “Eu quero os meus filhos. Eu quero os meus filhos de volta.”
Paige, Christine, Raj e Priscila se olharam e depois para a mãe dos garotos chorando. Fizeram de tudo para confortá-la. Abraçaram ela e acariciaram o cabelo dela.
“Nós não vamos desistir dos seus filhos, Alice. Nós vamos procurá-los.” disse Priscila, determinada em procurar Andrew e Mark.
“E nós vamos trazê-los sãos e salvos.” completou Paige.
“Eu sei que vocês vão, meninas.” respondeu Alice, recompondo-se do choro. “Nenhuma mãe quer ver seus filhos sofrerem nas mãos de qualquer pessoa pérfida que existir neste mundo.”
“Venha conosco. Nós teremos maiores chances de encontrá-los.”
Alice balançou a cabeça para frente. Determinada e com a força vital recuperada, ela se levantou com a ajuda das meninas. De repente, elas escutam o som de Christine chamando as três e Raj.
“Ei gente, dê uma olhada aqui!” chamou a jovem enfermeira.
Ouvindo aquilo, o grupo se aproximou dela. Christine aponta marcas de pneus no chão de terroso, com algumas plantas esmagadas. Haviam alguns pedaços de garrafas, as mesmas usadas para destruir a cabana que residiam.
Priscila se agachou para ver. Passando os dedos nelas, podia sentir que eram recentes.
“Estas marcas de pneus são recentes. Alguém passou aqui e em grande quantidade.”
“Sabemos que os Predadores contaram com várias motocicletas e triciclos.” disse Paige, lembrando da vez que eles estiveram naquele lugar. “Mas, destruímos elas durante a nossa fuga do acampamento.”
“Eu lembro que eles tem um pequeno destacamento de motociclistas que operavam fora do alcance de Marlon.” respondeu Christine. Ela lembrou deles após a experiência difícil que teve ao ser parada por eles quando Jackson e César estavam vivos.
“Sim. Foram eles também que me capturaram e me levaram para o acampamento dos Predadores quando eu estava na clínica.” respondeu Raj, completando a fala da enfermeira.
“E pelo que eu ouvi falar, o comandante deles chegou perto de ser nomeado pelos Predadores. Creio que houve algum conflito entre ele e o Marlon.”
Paige ficou assustada ao ouvir aquilo. “Está sugerindo que estamos lidando com os sobreviventes dos Predadores da Selva?”
“Ou com um grupo de exilados por Marlon por alguma disputa de poder?” perguntou Priscila com um olhar neutro.
“Talvez. Mas o fato é: esses homens sabem que fizemos parte da mão de obra escrava de Marlon e que descobriram que o acampamento foi destruído.” disse Christine.
“Sim. Pouco antes de termos ido dormir, eu notei que surgiu uma fumaça no meio daquele lugar.” disse a garota espadachim.
“Mas nós não tacamos fogo no acampamento deles!” respondeu Paige nervosa.
“Eu sei que não, Paige. Mas sei que teve alguém que ficou na floresta e deve ter incendiado o acampamento dos Predadores. Dessa forma, provocou a raiva dos sobreviventes para irem atrás da gente.”
As duas garotas estavam para continuar a conversa no meio da noite. Porém, escutaram a voz da mãe dos meninos raptados, chamando a atenção de Priscila e Paige.
“Ei gente, não gosto de interromper a conversa de vocês, mas eu não quero ficar parada esperando o dia nascer. Precisamos achar o Mark e o Andrew e resgatá-los.” disse Alice, se levantando com um fuzil AK-47 na mão. Raj, Paige, Priscila e Christine concordaram com ela.
“Eu vou na frente. Posso seguir a trilha e guiá-los até onde os Predadores esconderam os dois meninos.”
Com a conversa concluída, o grupo prossegue seguindo Priscila por meio das marcas de pneus no chão terroso e na vegetação. Paige olhava para a cabana ainda queimando enquanto andava para frente. O lugar que uma vez esteve para dormir ficava menor à medida que ela se distanciava dele. E em seguida, voltou a olhar adiante.
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Passaram-se três horas desde que os motoqueiros incendiaram a cabana onde dormiam Paige, Priscila e os outros; e sequestraram Mark e Andrew no meio do caos. Os sobreviventes andaram bastante, seguindo Priscila guiando o grupo por meio das marcas de pneus. Parte de seus rostos e roupas estava marcada com cinzas e fuligem. Não tiveram tempo de se lavarem nem suas roupas. E o que ficou na cabana que não pode ser recuperado foi perdido por entre os escombros. Comida, água, remédios, munição e outros suprimentos.
Os olhos dos sobreviventes estavam marcados com olheiras e exaustão. Por viajarem sem um minuto para descansar regularmente, dificultava para o grupo prosseguir com a viagem para encontrar os remanescentes dos Predadores e resgatar os filhos de Alice.
Priscila parou para ver os colegas dela se aproximando. As marcas continuavam em direção à floresta. A mesma da qual saíram após derrotarem os bandidos e os malfeitores. O coração dela disparou no momento que lembrou do momento que usou o Yoki dela para matar Marlon e os homens dele a fim de salvar seus colegas e amigas. Colocou a mão esquerda dela no peito, agarrando-o com força.
“Priscila?” chamou Paige.
Ouvindo aquilo, a Número 2 virou-se para atendê-la. O grupo estava reunido.
“A trilha segue em direção à floresta.”
Paige e os outros concordaram e foram adiante. Ao entrarem na floresta, podiam ver alguns raios de sol tocando em algumas rochas, arbustos e árvores. Podiam ouvir o som dos pássaros cantarem uns aos outros. A cachoeira e o riacho ecoando. E podiam sentir a brisa tocando os rostos deles, balançando os cabelos longos de Christine e da Alice.
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A viagem continuava exaustiva para o grupo. Os sobreviventes olhavam ao redor deles e não havia nada de diferente, exceto por árvores, arbustos, rochas e algumas raízes.
Tudo ficou mais difícil por conta do sono, da fome e da exaustão de tanto andar. Quando daria mais um passo, Raj caiu. Estava cansado. Priscila, Paige e as duas mulheres pararam para socorrê-lo.
“Raj.” chamou Alice.
“Raj, você está bem?” perguntou Priscila, tentando ajudar o médico indiano a se levantar.
As demais mulheres se aproximaram para ajudá-lo. Porém, Raj estava exausto. Não queria mais continuar com a missão de procurar pelos Predadores e resgatar Mark e Andrew. Mantinha o fuzil AK na mão e a bolsa de suprimentos médicos nas costas.
“Vão. Vão sem mim. Vou ser um fardo para vocês no estado que eu estou.” disse o médico, querendo ser deixado para trás.
“Não, Raj. Não vamos te deixar para continuarmos com a nossa busca.” disse Paige séria.
“Preciso descansar depois dessa viagem toda. Não adianta continuar no estado que eu estou.”
“Raj, não podemos parar para descansar. Cada minuto que passar dormindo é mais um passo para os Predadores levarem os meus filhos para longe. E eu não vou permitir isso!” exclamou Alice. O sono também afetava os sentidos dela.
“Será que não está percebendo?! O sono e a exaustão estão mexendo com os nossos sentidos e as nossas emoções. Na presente situação, nossa coordenação como equipe estará comprometida!”
“Eu não permitirei isso!” exclamou Alice, quase levantando a mão dela para desferir um tapa no rosto do médico. Os olhos dela estavam vermelhos de raiva e dor. Porém, Priscila a segurou. “Me solta, Priscila!”
“Alice, Raj está certo. Não podemos continuar assim desse jeito.” disse a jovem guerreira, segurando a mão de Alice.
“Eu… eu não vou abandonar os meus filhos.” dizia a mãe dos garotos, chorando.
“Eu sei que faria de tudo para salvá-los e protegê-los dos perigos do mundo. Eu sei disso.”
“Então me ajude! Ajude… a… a encontrar eles!”
Num instante, Alice caiu em prantos. Ficou de joelhos enquanto Paige e Christine a confortaram. Priscila manteve-se de pé, com um olhar quase vazio, porém, uma lágrima escorria do rosto dela. Ela se lembrou de quando era pequena e a mãe dela a confortava, afugentando os pesadelos da pequena menina.
Priscila se ajoelhou para confortar Alice. Colocou a mão direita no rosto dela, acalmando-a no processo.
“Nós vamos encontrar Mark e Andrew. Mas para isso, precisamos estar com as nossas forças recuperadas. Se um de nós ficar para trás, não teremos chances de enfrentar aqueles caras e trazer seus filhos de volta. Precisamos estar unidos. Todos nós.” dizia a Número 2 para Alice, confortando-a.
Alice olhava para o rosto de Priscila. A guerreira podia ver as lágrimas escorrendo no rosto da mãe aflita.
“Mas, Priscila…”
“Eu sei que faria de tudo pelos seus filhos. Assim como os meus pais fizeram por mim e pelas minhas irmãs.”
Alice abraçou Priscila com força. Paige, Christine e Raj observavam as duas sobreviventes em um momento de comoção e superação. A mão da guerreira deslizava por entre os fios de cabelo da mulher adulta, acariciando o escalpo.
“Você está certa, Priscila.” concordou a mãe dos meninos. “Me desculpe.”
“Tá tudo bem, Alice. É pra isso que estamos aqui. Pra ajudar uns aos outros.”
Priscila e Alice voltaram a ficar de pé. Reunidas com Paige, Christine e Raj, o grupo prosseguiu até uma clareira para descansar. A viagem até a floresta foi extenuante para os sobreviventes. Com um pouco de comida e água, puderam se alimentar para repor suas forças. Como não havia camas, se acomodaram com as árvores e o chão gramado para dormir.
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Nesse mesmo momento, o filho mais novo de Alice abria seus olhos. Para a surpresa dele, notou vários homens andando de um lugar para o outro. Alguns portavam armas de fogo, outros estavam sentados, examinando seus veículos e outros conversando uns aos outros, rindo e bebendo garrafas de cerveja ou uísque.
Mark estava assustado. Ver essas pessoas armadas é um sinal de que querem mantê-lo em cativeiro. Ao tentar se levantar, notou que os pés e as mãos dele estavam amarrados com corda. Não podia ficar de pé nem pegar qualquer coisa. Só podia arrastar de um lugar para o outro.
E pra completar, escutou o som de dois bandidos se aproximando. E levaram consigo o irmão mais velho, jogando-o no chão de forma bruta. Um deles até riu no processo. Mark se arrastou para ver o irmão.
“Andrew. Andrew.” chamou o irmão caçula.
Andrew o ouviu. Levantando o rosto, podia ver as marcas de tapa na bochecha, no olho esquerdo e um corte no lado direito da testa e nos lábios, escorrendo sangue. Mark ficou horrorizado, porém o mais velho o acalmou.
“Ei. Não ligue pra isso. Já tive momentos mais difíceis do que isso.”
O irmão mais novo riu da fala de Andrew. Apesar da tentativa, os dois sabiam que estavam em um ambiente bem sofrível.
“Acho que não foi ideia de termos saído da cabana sozinhos naquela noite.”
“Eu sei, Mark. Mas não precisa se culpar por isso.”
“Como não? Saímos na frente quando poderíamos ter ajudado a Priscila e a Paige em tirar a mamãe da cabana em chamas?” dizia Mark chorando.
“Ei Mark. Ouça, mamãe vai vir para nos tirar daqui. Ela virá com a Priscila, a Paige, a Christine e o Raj. Eles vão nos…” disse Andrew, tentando acalmar o irmão caçula. No entanto, quando ele estava para completar a fala, ouviu a voz de um homem chegando na sala. Era o Rudolf, o novo chefe dos Predadores.
Vendo ele chegando, Andrew arregalou os olhos de medo.
“Espero que não esteja planejando virar um saco de pancada, garotinho. Do contrário, terá o mesmo destino que o seu irmão.” disse o homem com um olhar cruel enquanto esfregava os dedos de sua mão.
Dito aquilo, Andrew e Mark ficaram quietos. O garoto mais velho teve lapsos de memória por ficar sozinho em uma sala escura, com uma lâmpada incandescente acesa. Ele estava amarrado em uma cadeira, recebendo vários tipos de socos, chutes e tapas de Rudolf. Passou por vários episódios de tortura e de pura humilhação. Em um dos momentos, jogaram os óculos dele no chão para ser pisoteado pelo chefe deles.
Rudolf se aproximou dos meninos, mantendo sua postura e paciência. Andrew e Mark tentaram se distanciar dele, porém, amarrados pelas mãos e pés dificultava de poderem escapar dele. Em um instante, o chefe dos Predadores veio com um olhar intimidador.
“Vocês sabem o porquê estão sendo mantidos aqui?”
Os dois meninos estavam quietos. Olhavam para o homem cruel com certo descontentamento depois de terem sido raptados pelos capangas dele. Rudolf entendeu como uma resposta negativa.
“Muito bem. Tentei fazer o garoto abrir o bico pra me dizer quem foi o responsável pelo incêndio do nosso acampamento. Mas vi que é forte o bastante.”
Rudolf colocou a mão esquerda no ombro esquerdo de Mark. Os olhos do irmão mais novo se arregalaram de medo.
“O que você vai fazer?!” perguntou o pobre menino.
“Pelo jeito vou ter que fazer você abrir o bico.”
“Não!” exclamou Andrew, tentando se levantar. “Deixe o meu irmão em paz!”
Num instante, o chefe dos Predadores desferiu outro tapa, derrubando Andrew no chão.
“Andrew!” gritou Mark.
“Venha garoto! Agora não é a hora pra choradeiras!” gritou Rudolf, puxando Mark para cima do ombro dele.
Andrew se recuperava aos poucos. Sentiu o gosto de sangue na boca a ponto de cuspi-lo. Ouvia os sons de grito e choro do irmão mais novo sendo arrastado para longe dele.
“Me solta, seu grandalhão!”
Mark se debatia para tentar se soltar das garras de Rudolf. Porém era inútil. O homem era forte o bastante para aguentar as chacoalhadas do menino no ombro dele.
“Eu odeio crianças birrentas!” exclamava o homem em seus pensamentos.
Andrew fechou os olhos, chorando por não ter feito nada para proteger seu amado irmão caçula daquele homem pérfido e cruel. Com os dois se distanciando no horizonte, um dos guardas passa na frente em direção dos veículos. Depois disso, não se via mais eles.
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Passou-se uma hora desde que Priscila, Paige, Alice, Raj e Christine pararam para descansar. O grupo estava novamente na trilha em direção ao lugar onde os remanescentes dos Predadores estavam escondidos, mantendo Mark e Andrew sob custódia. Priscila manteve-se na frente para guiar os colegas dela. Alice estava um pouco quieta após ser acalmada pela espadachim. Olhava em diversas direções, demonstrando um certo grau de preocupação pelos filhos dela. Não sabia dos horrores que Rudolf e de seus homens estavam praticando neles.
A paisagem permanecia a mesma. Árvores e a vegetação local cobria um pedaço do horizonte. Paige, Christine e Raj estavam com suas armas carregadas e prontas para uma eventual emboscada.
No meio da jornada, algo fez com que eles parassem. A guerreira Número 2 sacou a espada dela da transportadora. A atiradora de elite prosseguiu em direção a Priscila.
“Priscila? O que houve?”
A guerreira estendeu a lâmina no chão, indicando que havia mais marcas de pneus. Com algumas divergindo do trajeto original a ponto de terem dificuldades de traçar uma rota precisa. Os outros ficaram espantados ao verem aquilo.
“Está vendo? Vários veículos mudaram de direção. Isto indica que estes homens são mais espertos do que imaginamos.”
“O que faremos?” perguntou a mãe dos garotos.
“É perigoso se formos nos separar para procurar por Mark e Andrew.” respondeu Raj.
“Sim. Mas, se pegarmos a outra trilha, corremos o risco de levarmos mais tempo até encontrá-los.”
“Mesmo assim, perderíamos mais tempo procurando em direções opostas.” disse Paige.
“Sim.” concordou Priscila. “Por essa razão que vamos precisar voltar ao acampamento deles.”
“Priscila, detesto cortar a sua fala.” disse Alice, interrompendo a guerreira da Organização. “No que adiantaria voltarmos para o acampamento dos Predadores sendo que não restou mais nada lá?”
“Porque eu esperaria encontrar o Mark e o Andrew por lá. Ou ao menos um dos homens que tenha servido o Marlon para nos falar dos antigos membros da trupe cruel dele.”
“Priscila tem razão, Alice.” respondeu Christine. “Talvez tenhamos alguma chance seguindo este caminho.”
A mãe dos garotos suspirou preocupada. Não queria voltar para aquele lugar, mesmo que fosse para ter alguma pista dos filhos dela. As lembranças que teve de lá eram os filhos sendo colocados em campos separados para trabalho forçado e ela quase teve um destino cruel nas mãos dos guardas ao tentar socorrer uma Paige adoecida. Ouvindo as palavras de Priscila e da Christine, optou por segui-las com o plano da guerreira.
“Muito bem. Vamos prosseguir com o plano principal.”
Os sobreviventes e a mãe dos garotos raptados prosseguiram com o caminho até as ruínas do acampamento dos Predadores. Tudo parecia normal durante o percurso até aquele lugar. O olhar dos sobreviventes expressava um pouco de preocupação pela segurança e pelo bem-estar dos meninos.
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Nesse mesmo tempo, Mark foi levado por Rudolf para uma cadeira de metal presa com parafusos e porcas. Os homens armados o amarraram nos braços daquele objeto da sala escura do acampamento. Ainda estava chorando, o que um dos homens o desferiu um tapa no rosto, fazendo o calar.
“Se continuar com esse choro, farei com que fique calado com um tiro na cabeça!” gritou o homem de pele morena.
O menino tentou ficar quieto ao máximo. A atenção dele mudava de um canto para o outro. E ao virar para a esquerda, ele nota um homem de barba preta se aproximando de Rudolf com uma bandeja metálica. A mão do líder estendeu para apanhar um dos itens. Consistia em uma serra de cortar osso, uma seringa equipada com uma agulha e uma ampola contendo algum tipo de veneno, soro ou outro componente líquido, um alicate de cortar arame farpado e um martelo.
“O… o que você vai fazer?” perguntou o jovem Mark.
“Eu pretendia utilizar uma dessas ferramentas no seu irmão, para extrair a verdade sobre quem foi o infeliz que destruiu o acampamento dos Predadores. Mas, pensei melhor em te escolher para este experimento.”
Rudolf levantou com a mão direita a seringa, carregada com o soro. Ele observava o conteúdo misturado com bolhinhas de ar. Dando umas batidas com a ponta do dedo.
“Este soro da verdade fará com que você fale qualquer coisa que eu perguntar.” respondeu o homem, empurrando o êmbolo da seringa para dentro, expelindo o que tinha de ar junto de uma pequena porção do soro.
Os olhos do pobre garoto se arregalaram de medo. Vendo aquele artefato carregado para ser injetado na veia dela, o fez lembrar de poucos episódios de quando era pequeno. Mark tinha medo de vacinas e injeção de soro com medicamentos, tanto que chorava de medo a ponto de não querer tomá-las. Até que os pais dele o confortaram, tranquilizando o menino agitado e assustado.
Rudolf se aproximou de Mark. Com o braço sendo exposto e segurado pela amarra e pelas mãos dos outros guardas, o menino sentiu o pedaço de algodão embebido em álcool se deslizando na pele dele. Num instante, a agulha entrou com tudo no braço, causando dor no processo com a substância química percorrendo o sistema circulatório. As lágrimas do menino escorreram de dor. Tentou segurar de chorar para não receber um tiro dos guardas ou do próprio homem cruel que empurrava o êmbolo mais fundo, inoculando o soro vagarosamente.
O conteúdo na seringa passou da metade. Quando o líder dos Predadores continuava com a aplicação, um dos guardas se aproximou dele. Um homem caucasiano com uma tatuagem de cachorros Pit Bull no braço direito.
“Rudolf. Nossos homens avistaram os sobreviventes da cabana se dirigindo para as ruínas do acampamento.” informou o atirador.
Ouvindo aquilo, o líder deles virou-se enquanto mantinha a injeção em Mark. “Quantos são, Thomas?”
“Uma mulher adulta, um homem adulto e três garotas. Uma delas carrega uma espada grande.” respondeu o homem de nome Thomas.
Ouvindo a respeito do grupo de sobreviventes com as respectivas descrições, Mark arregalou os olhos de felicidade, sentindo que a mãe dele, Raj, Christine, Priscila e Paige estavam a caminho de encontrá-lo e o Andrew e resgatá-los. Porém, para os olhos de Rudolf, podia-se notar o descontentamento dele ao saber que o grupo sobreviveu ao incêndio da cabana.
“Preparem as motos! Vão atrás deles antes que nos encontrem.”
“Sim senhor.” respondeu Thomas. Em seguida, ele e os demais guardas deixaram Rudolf a sós com o Mark. A porta, feita em aço maciço, se fechou com o último homem saindo daquele quarto escuro. O som dela se trancando criou uma atmosfera sombria e densa.
“Agora que estamos a sós, eu tenho várias perguntas e eu quero que você as responda sem nenhuma resistência.” disse Rudolf, se aproximando de forma cruel do garoto para o interrogatório.
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