The Two Survivors - Chpt 1 [Portuguese - BR]
The Two Survivors [Portuguese - BR]
Descrição:
As Duas Sobreviventes é uma série de fãs de quadrinhos e histórias, criada por Antony Bindilatti e em parceria de Priscilla2Warrior, também conhecida por Priscilla McGee. A série tem a junção diferentes histórias dos personagens das séries famosas como Claymore (marca registrada de Norihiro Yagi e Madhouse Studio) e The Walking Dead (Robert Kirkman e Telltales Games por The Walking Dead: Michonne), todos focalizando em algumas jornadas, alguma ação e alguma diversão com os personagens favoritos (e alguns menos).
O foco da história aborda duas jovens garotas: Priscila e Paige. Priscila é uma recém-formada guerreira da Organização após receber seu lugar como Número 2, e Paige é uma das sobreviventes após um apocalipse zumbi ter devastado Geórgia e transformado as vítimas em Walkers.
E quando as duas sobreviventes se encontram, uma longa e incansável viagem começa e elas terão de lutar para sobreviver.
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Capítulo 1
Ninguém ao certo sabe de onde os Walkers surgiram. Ou de como eles surgiram. Mas muitos já sabem que eles surgiram do momento em que suas vítimas são infectadas através de ferimentos feitos pelas suas garras ou de mordidas, tornando sua ida ao esquecimento irreversível. Aqueles que conseguiram escapar desse fim, ou estão desaparecidos ou então fugiram para muito longe. E não se sabe para onde eles possam ter ido. E com quem estavam com eles no momento de sua fuga.
Tudo começou numa cidade próxima à Atlanta, na Geórgia. Duas ambulâncias chegaram com várias pessoas, a maioria delas eram médicos e enfermeiros. Traziam algumas outras em macas para atendê-las. E uma delas era uma jovem de cabelos loiros escuros. Tinha uma atadura fechada em seu peito. Ao que parecia, ela foi baleada e estava sendo levada às pressas, mas a causa daquele evento infeliz era incerta. Os médicos aplicavam oxigênio para ela respirar até ser atendida e poder ficar de pé outra vez.
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Tudo começou numa cidade próxima à Atlanta, na Geórgia. Duas ambulâncias chegaram com várias pessoas, a maioria delas eram médicos e enfermeiros. Traziam algumas outras em macas para atendê-las. E uma delas era uma jovem de cabelos loiros escuros. Tinha uma atadura fechada em seu peito. Ao que parecia, ela foi baleada e estava sendo levada às pressas, mas a causa daquele evento infeliz era incerta. Os médicos aplicavam oxigênio para ela respirar até ser atendida e poder ficar de pé outra vez.
“Os sinais vitais dela estão diminuindo!” chamou uma jovem enfermeira enquanto ajudava sua equipe a transportar a garota ferida.
“Vamos logo! Senão vamos perdê-la!” apressou o médico.
Eles se apressaram com o transporte dela até a sala de operações. A garota lutava pela sobrevivência na maca enquanto a máscara fornece oxigênio para manter suas funções vitais ativas.
Com as portas abertas, eles entraram com a garota na maca e rumavam sem tempo a perder até a mesa, realocando-a para a cirurgia.
Na sala de operações, os médicos abriram a ferida para extrair a bala de seu peito e depois fechá-la com suturas. Os sinais vitais dela estabilizaram durante a cirurgia, mas a atividade nervosa estava sedada pelos efeitos da anestesia geral. Dessa forma, ela ficará inconsciente por um tempo.
Um dos enfermeiros passou ao cirurgião um recipiente para depositar a bala extraída. Em seguida, ele a coloca na mesa do lado de fora. Agora, eles se preparavam para fechar o ferimento. Com a agulha entrando e saindo da pele para fechá-la, eles concluiriam a cirurgia. No último passe com o instrumento cirúrgico, ele corta para fechar a sutura.
“Pronto. Ela poderá viver bem agora que a bala foi removida de seu corpo.” informou o cirurgião. Ao se dirigir até a equipe, todos se preparavam para colocá-la numa outra sala na qual repousaria até receber alta.
“Coitada.” disse a enfermeira da direita. “O que será que aconteceu com ela para ser baleada desse jeito?”
“Ao que parece, alguém deve ter perdido o controle sobre a sua sanidade e deve ter atirado nela.”
“E a família dela? Precisamos entrar em contato com ela para informá-la de seu estado.” perguntou uma das enfermeiras.
“Faça.” ordenou o cirurgião médico.
“Certo. E alguém sabe o nome dela?”
“Paige.” respondeu ele.
A enfermeira que perguntou da família de Paige prosseguia ao telefonista para requisitar uma ligação e informar alguém que é parente ou conhecido da garota sobre o estado que ela se encontrava. Enquanto isso, outro médico corria até a equipe. Pelo estado, estava ofegante e assustado.
“Senhor, temos uma emergência no quarto número 45 e é uma das bem sérias.”
Ouvindo aquilo, o cirurgião e a equipe foram para o lugar dito pelo médico assustado e para atender quem estava lá como paciente. Eles correram com seu equipamento preparado para atender aqueles pacientes. E para o espanto dos outros, a situação começou a mudar para pior.
“Mas o que é isso?”
Dois pacientes que foram trazidos com condições de saúde severas demonstravam sinais estranhos de doença. Um deles tinha a boca coberta de sangue, e o outro estava pálido e ao redor dos olhos estavam escuros.
Sem demoras, a equipe médica foi atendê-los. O chefe foi verificar os olhos de cada enfermo em suas camas. Um após o outro, ele espantava por ver que um deles adquiriu uma cor pálida. O outro tinha um tom amarelado.
“O que aconteceu com eles?”
“Eles… eles chegaram aqui desse jeito. Fizemos alguns exames, mas, depois disso eles… eles começaram a perder a consciência.” respondeu o médico que chamou a equipe, descrevendo a situação em que os dois foram trazidos.
“A consciência? Em que sentido?”
“Eles… eles começaram a se debater, contorcer, agir de forma estranha. Como se eles não fossem mais humanos.”
“Senhor, eu ouvi falar de um caso que teve em um hospital de que algumas pessoas começaram a agir de forma estranha, igual ao que ele disse.” disse a enfermeira que atendia o doente da primeira cama.
“Está me dizendo que essas pessoas, foram infectadas com algum tipo de vírus na qual não conhecemos?”
“É o que parece ser.”
O cirurgião olhava para o lado diante da situação e depois retomava a sua atenção nos enfermos.
“Isole a maioria dessas pessoas das demais em salas específicas. Veremos o que podemos fazer para tentar amenizar esta situação.”
Ouvindo a ordem dele, a equipe médica se preparava para isolar todos os pacientes e distinguir os infectados daqueles que estão sadios. Quando ela estava para se mexer, o doente espirra sangue no rosto dela, cegando-a por um momento. O cirurgião e o médico foram socorrê-la da reação súbita do enfermo e num instante, o show de horrores estava para começar. Ele foi mordido pelo mesmo e uma das médicas gritava de terror.
Após aquele evento, as coisas começaram a mudar sinistramente no hospital onde a Paige se encontrava. O cirurgião que atendeu ela e a enfermeira infectada com sangue sucumbiram ao mesmo vírus dos dois e misteriosamente faleceram por falência vital. Outros médicos tentaram socorrê-los, da mesma forma que os infectados trazidos de outros cantos de Geórgia, mas sumiram aos poucos. E aqueles que foram deixados no necrotério do hospital após a morte, tiveram seus corpos reanimados e passaram a vagar de forma aleatória na instalação e nas ruas.
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Dias se passaram. Tudo o que sobrou do lugar foram apenas ecos criados pelos gritos de terror dos pacientes, médicos e dos funcionários. Nada restava a não ser destroços, pisos fora do lugar, corpos e janelas, algumas abertas, outras fechadas e quebradas.
E no único quarto que permanecia fechado, os aparelhos continuavam em operação para manter uma única sobrevivente no hospital. Ela abria os olhos devagar, recuperando-se do longo sono pela anestesia.
“Uh… o que… o que aconteceu?” dizia Paige enquanto se recuperava.
Ao olhar a sua volta, não tinha ninguém que pudesse atendê-la.
“Olá. Tem alguém aqui?” chamou ela. Nenhuma resposta de quem pudesse estar ali. E do lado esquerdo, havia um cano de soro ligado em sua veia. Vestia um vestido hospitalar e não carregava outra roupa por debaixo, exceto algumas ataduras que cobriam as suturas.
Levantando, deixou a cama do quarto para procurar ajuda. No caminho, ela retirou a agulha do seu braço e tampou-o no caso de remoção repentina e provocar um sangramento.
“O que aconteceu por aqui? Por que os médicos não vieram aqui para me acordar? Eu preciso sair daqui.”
Andando até a porta, notou que estava trancada do lado de fora. Vendo que a chave estava na maçaneta, porém no lado de fora, ela precisou quebrar o vidro com o penico que tinha no quarto e destravar a porta para sair.
Saindo, ela observa os corredores vazios do hospital. Isso deixava a jovem garota assustada. Tornou a andar outra vez à procura de alguém. Olhando pelos vidros nos outros quartos, Paige nota que algumas cortinas estavam rasgadas, arranhões na parede e até sangue espalhado.
“Ou o atendimento daqui foi um tanto caótico, ou aconteceu alguma coisa ruim enquanto eu estava desacordada.” pensava Paige a respeito dos quartos arruinados.
Atravessando o lugar em que dava até as outras salas, como a de cirurgia, radiografia e outras, Paige encontra incontáveis coisas no chão a ponto de deixá-la horrorizada. Como resposta para as suas perguntas de o porquê os médicos não foram atendê-la, seus olhos arregalaram e tampou a sua boca ao ver corpos de pessoas mortas no chão. Algumas intactas, outras com regiões expostas ou dilaceradas.
“Mas o que caralho aconteceu por aqui?! Isto foi algum tipo de chacina?!”
Médicos, enfermeiras, pacientes, visitantes, qualquer pessoa que estava naquele corredor, foram cruelmente atacadas por infectados. Ela quase se cedia ao seu choque e horror de vê-los no chão daquele jeito. Mas como precisava sair do hospital, seu único jeito era atravessá-los.
Ela andava por entre os corpos, um passo atrás do outro, para chegar ao outro lado e alcançar o próximo corredor que avistava. Paige sentia calafrios à medida que pisava no chão e esbarrou em algumas partes dos corpos. Seu coração palpitava para tentar passar e não sofrer alguma infelicidade que fosse acontecer a ela. E quando conseguiu atravessar aquele corredor, ela suspirou de alívio.
“Ainda bem que nada aconteceu ao atravessar aquilo. Céus, eu preciso sair daqui.” disse ela ao mudar sua atenção para frente.
Novamente, ela prossegue em direção à saída. Este lugar não podia oferecer mais nada a não ser corpos de médicos e de pacientes. A primeira coisa que vinha em sua mente era saber se existe alguém que esteja vivo para perguntar o que aconteceu neste tempo em que esteve desacordada e poder contar com ajuda para sair.
Paige se dirige a uma sala do hospital que tinha duas portas de elevador. Um dos principais meios de escapar. Entretanto, havia uma coisa que bloqueava a sua passagem até os elevadores. Uma coisa que não dava para ser descrita como viva ou morta.
“Mas o que é aquilo?!” pensou ela.
Era um dos atendentes do hospital pelo uniforme. Mas parte de suas roupas estavam manchadas de sangue, suas mãos estavam vermelhas e a cor de sua pele era pálida. Para o horror de Paige, a criatura morta-viva estava agachada, se alimentando de um corpo ao lado. Era uma das enfermeiras que participou da operação que extraiu a bala de seu corpo. A criatura estava quase próxima do elevador, o que dificultaria a sua fuga.
Ela virava seu olhar para fora devido ao desconforto e medo de ficar vendo aquilo, ainda mais se alimentando do corpo morto daquela pobre mulher. De repente, ela nota uma placa de escada do lado direito. Isso daria a Paige uma chance de escapar. Porém, estava um pouco longe da sala principal em que estava.
Retomou seu olhar no zumbi carniceiro a fim de garantir que ele não tivesse sentido a presença dela, e em seguida, achou melhor andar de fininho até a escadaria. Sempre mantendo seu olhar no zumbi para ter certeza de que não viria pra cima dela.
Devagar, um passo atrás do outro, Paige foi andando com cuidado para não atrair a atenção dele. Por ora, o zumbi continua se alimentando daquele corpo, sem saber da presença de Paige e poder atacá-la. A garota humana andava em passos leves a fim de chegar na escadaria a salvo.
No entanto, para a sua má notícia, a criatura pressentiu ela através de seu cheiro. Quando Paige percebeu que foi detectada, sua única opção era correr no caso dos olhos do zumbi mirarem fixos nela. E foi o que aconteceu.
“Merda!” gritou ela quando começou a correr, fugindo do zumbi que vinha atrás dela.
Paige correu para a porta da escadaria. Agora que a manobra furtiva foi desfeita pelo olfato do zumbi e não havia algo que pudesse ajudá-la a atrasar seu perseguidor, sua única opção é alcançar as escadas e escapar deste lugar.
O zumbi corria atrás de Paige. Sua locomoção era boa, porém desajeitada a ponto de escorregar no chão e se levantar de forma lenta. Isso deu a Paige uma chance de escapar e alcançar a porta.
Com as mãos na maçaneta, ela foi abrir a porta. Contudo, parecia que não abria de acordo. Não se sabe se era o medo que dificultava a Paige de abrir a porta ou se a maçaneta era dura demais para abrir. Em todo caso, Paige estava tendo dificuldades em puxá-la.
“Anda logo! Abra essa porta!” exclamava ela enquanto tentava abrir a porta.
Quando pressente que o morto-vivo se aproximava dela, forçou a maçaneta a abrir e escapar deste pesadelo.
“Abra logo essa porta! Eu não quero morrer!”
Num instante, Paige escutou um som de “Clack” vindo daquele objeto. Finalmente, a porta se abriu, dando uma chance para ela entrar e se abrigar. Ao ver o zumbi avançando com suas mãos pra frente, imediatamente fechou e acertou os dedos da mão esquerda dele. O impacto arrancou eles, deixando o zumbi temporariamente incapacitado.
Paige manteve a porta fechada por bastante tempo. Tempo suficiente para o zumbi desistir dela. A garota se sentou no chão assustada e aflita. Não imaginava que algumas pessoas deste hospital pudessem se tornar zumbis e atacar as outras. Aquela pergunta que passava em sua mente: O que aconteceu por aqui enquanto estive inconsciente? O que era aquela criatura? Será que eu estou sozinha neste mundo despedaçado? E a minha família? Será que alguém sobreviveu a este apocalipse? Estes eram os tipos de perguntas que apenas desbravando o mundo desconhecido para ela descobrir.
Levantando outra vez, Paige prossegue até a saída do andar de baixo. Com medo de que haja outros iguais àquele, foi andando devagar e com maior cautela. Mesmo estando descalça e o chão parecia estar frio, ela prosseguia até a saída.
“Eu tenho que sair daqui. É o único jeito de sobreviver a este mundo.” pensava ela enquanto descia as escadas.
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Chegando na porta da saída, Paige colocou sua mão na maçaneta e abriu-a devagarinho. Era para evitar sair com tudo e chamar a atenção de qualquer zumbi que estivesse na sala a seguir. A garota teve a sensação de ouvir os mecanismos da trava se abrindo, podendo empurrar a porta para abrir. Num instante, ela prossegue.
Com um leve passo adiante, a sobrevivente entra na sala de espera do andar abaixo daquele. Diferente do outro, não havia sinais de zumbi que pudesse emboscá-la. Entretanto, tinha uma aparência menos assustadora por conta dos corpos e do sangue espalhado por toda sala. Paige olhava para os lados da sala a fim de verificar se estava seguro. Certificado que não havia zumbis por perto, ela resolve ir para frente.
Numa das portas em que passava, ela avistava vários fogões, geladeiras, algumas panelas tombadas e armários abertos. Isso dava para entender que era uma cozinha hospitalar e que podia ter alguma coisa para se alimentar.
Entrando, ela vasculhou os móveis à procura de alimento. A maioria dos alimentos encontrados eram enlatados ou congelados, o que para o consumo de imediato seria desaconselhável. E devido aos poucos geradores de eletricidade em funcionamento na cidade, o único jeito seria com métodos tradicionais de cozinha.
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Alguns segundos se passaram desde que a Paige entrou na cozinha. Comia um frango frito que pode encontrar. Carne, vegetais e cereais eram escassos, mas os industrializados tinham em maior quantidade, o suficiente para sobreviver. Água também era um recurso essencial para sobreviver, mas para encontrar fontes potáveis também é um desafio neste mundo inóspito.
Quando ingeria o próximo pedaço do frango, se lembrava da vez que a sua família a negligenciava. Seus rostos estavam virados para o lado, ignorando a presença dela como se fosse um ‘nada’. Isso fez com que sua autoestima decaísse a ponto de carregar por toda sua vida. Do tempo em que tudo aquilo não havia acontecido, do apocalipse zumbi, Paige passou a conviver com os pais de Samantha Fairbanks, o que aos poucos foi se tornando parte da família.
Não se sabe se os Fairbanks ainda estão vivos, mas como ela estava num hospital em algum ponto distante da casa deles, precisava achar um meio de atravessar as ruas desta cidade e enfrentar qualquer perigo.
“Sam, eu imagino que você ainda está aqui, nesta cidade. Aguente firme, eu vou te encontrar. E juntas, vamos sair daqui.” pensava ela enquanto mastigava o último pedaço de frango.
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Com as forças recuperadas, Paige se levanta do chão e resolve sair pela mesma porta que usou para entrar na cozinha. As coisas pareciam pacíficas depois daquele primeiro zumbi no andar de cima que quase a alcançou. Entretanto, tinha uma certa tendência de piorar caso cometesse um desvio.
Saindo pela porta, ela sente algo agarrando sua boca e a puxa para o corredor. Antes que ela pudesse reagir, o assaltante pediu para ela ficar quieta ao apontar uma pistola TT-33 em seu rosto.
“Calminha aí, gracinha. Eu só vim pegar um pouco de comida.” disse o homem que mantinha a Paige sob custódia. “Além disso, eu não tenho planos de ficar aqui, neste lugar amaldiçoado, infestado de zumbis.”
Ela poderia gritar por ajuda, mas nada adiantaria caso atraísse outros zumbis como aquele homem havia dito, além de que não há alguém que a Paige conheça ou não pudesse ajudá-la a se libertar dele. O jeito mesmo era obedecê-lo.
Enquanto ele mantinha Paige como refém, ele olhava para os lados, na esperança de que pudesse avançar para a cozinha. Tanto os lados esquerdo e direito estavam quietos e vazios. Nenhum sinal de zumbi. Aliviado com aquilo, ele soltou a boca da garota, mas manteve a arma apontada na cabeça.
“Quem é você?!” demandou Paige ao perguntar seu nome.
“Meu nome pouco me importa agora. Afinal, você só terá visto o meu rosto uma vez.”
“Tá. Se você não quer me dizer o seu nome, ao menos, posso saber o que está acontecendo?”
“Eu só sei que uma estranha doença começou a se alastrar por este lugar e todo mundo enlouqueceu. Algumas pessoas morreram e, do nada, elas voltaram à vida. Bem, ‘à vida’ como cadáveres ambulantes, se alimentando de outras pessoas.”
“Cadáveres ambulantes? Igual aquele que…” dizia Paige ao ser interrompida por ele.
Sentindo que algo estava para mudar a situação deste andar, começou a arrastá-la para a cozinha. Abrindo as portas, o homem empurrou sua refém pro chão.
Paige sentiu seu peito doer um pouco pelo impacto no chão. Virando, notou que o assaltante fechava as portas com a chave a fim de isolá-los de algum perigo iminente, e depois tirá-la da maçaneta.
“Ei! Cuidado! Eu mal estou curada depois de uma cirurgia!” exclamou Paige ao manter seu olhar no seu emboscador.
“Ouça, pouco me importaria com a sua situação. O que eu quero é sair daqui. Nem a pau eu penso ficar aqui com esses zumbis.”
“Caso não saiba, eu também quero sair daqui. Minha família está lá fora e eu preciso encontrá-la.”
“A essas alturas, ela deve estar morta. Ou viraram comida, ou um deles.”
Aquelas palavras a deixaram à beira da aflição. Por mais que seus pais a tenham negligenciado, Paige ainda se importava com eles. Ela queria descontar na cara dele por ter dito aquilo, mas nada traria benefício. Ainda que, ele carregava a Tokarev TT-33, uma pistola de fabricação soviética, isso dava desvantagem caso ele puxe o gatilho contra a cabeça dela. Como sua única resposta, precisou adotar uma postura passiva.
Enquanto isso, o homem se dirigia com sua bolsa para a geladeira e armários para pegar a comida guardada neste hospital. A maioria dos alimentos coletados consistia em enlatados e garrafas de água que foram colocados na bolsa, com um pouco do que sobrou do frango frito.
Paige olhava para ele com certo desgosto. No momento que ele retirou o frango da geladeira, acabou por chamá-lo.
“O que foi?!” perguntou ele.
“O frango. Ao menos, eu posso ficar com ele?”
“O quê, isto? Nem pensar. Eu quero aproveitar o máximo que tiver de variedades.”
“Acontece que ele está vencido.” chantageou ela a fim de provocá-lo.
Ouvindo aquilo que ela disse sobre o frango estar vencido, fez com ele ficasse bravo com a refém. Olhando para ele, não parecia ter sinais de bolor ou de algo que não pudesse estar consumível.
“Você acha que eu sou trouxa ou o quê?!”
“Eu só quero sair daqui. Como você disse, será a única vez em que nós nos veremos assim que formos para os nossos caminhos.”
O assaltante se aproximou dela após deixar o frango na mesa. Com a pistola na mão, a situação para Paige poderia ficar pior do que já estava.
“Pensando bem, você está certa nisso. Mas acontece que você partirá bem antes de mim.” respondeu ele num tom agressivo ao erguer sua arma.
Os olhos de Paige se arregalaram de medo. O cano da pistola estava direcionado em seu rosto, pronto para lançar a primeira bala e atravessar seu crânio.
“E eu não estou interessado em aproveitar do que você tiver antes que eu esteja saciado. A sua morte será o suficiente antes de eu sair desta merda de hospital.”
Mal acordou após a cirurgia de remoção da bala em seu peito e já está para receber uma outra. Uma na qual fará ela dormir para sempre. No entanto, antes que ele pudesse puxar o gatilho, eles escutam o som de arrastões em superfície metálica. Olhando ao redor da cozinha, o som ficava mais estridente, até ficar evidente pela tubulação.
E quando viram a grade de ventilação, ela foi arremessada pra fora, revelando um outro zumbi. Isso deixou o assaltante assustado.
“Ah, merda!” exclamou ele vendo aquela criatura morta-viva andando na direção deles.
Paige ficou apavorada diante desta situação. Correu para abrir a porta a fim de escapar, podendo perceber em seguida que estava trancada. Enquanto estava para destravá-la, chamou o assaltante que cuidava do zumbi.
“Por favor, eu preciso da sua chave!”
“Não até que eu cuide desse bicho!” respondeu ele apontando para o zumbi, pressionando seu dedo no gatilho. Feito isso, a bala atravessou o crânio dele.
Ele acreditava que uma bala seria o suficiente, mas a criatura demonstrou que era resistente a um disparo da TT-33. Tornou a atirar novamente, mas nada surtiu efeito. Só deixou o zumbi atiçado para avançar nele.
“Como essa porra não morre?!”
“Ei! Eu espero que não esteja ocupado demais para matar esse zumbi!” chamou Paige enquanto tentava destravar a porta.
O homem que atirava no zumbi parou por um momento e correu para ajudá-la. Retirou a chave do bolso e inseriu na fechadura para destravar a porta. Ele girava a chave depressa enquanto olhava para o zumbi que se aproximava deles.
“Rápido!” pensava ele.
Num instante, ouviram o som de “Clack” vindo da fechadura. Isso foi o suficiente para conseguirem sair da cozinha. Abrindo as portas, Paige e o bandido escaparam do zumbi. Entretanto, antes que ele pudesse sair da cozinha, o homem notou a sua bolsa estando ainda em cima da mesa na cozinha. A bolsa que usava para guardar sua comida.
O zumbi não se movia tão rápido para alcançá-los, o que para o assaltante dava uma certa vantagem para uma atitude perigosa. E como ato, foi atrás para recuperá-la e sair de vez. Paige viu o que ele estava para fazer e tentou chamá-lo.
“Ei! O que está fazendo?!”
“Eu preciso da minha bolsa. Sem ela, eu não sobreviveria.” respondeu ele ao atirar várias vezes no zumbi para incapacitá-lo.
“Esqueça ela! Vamos sair daqui!” insistiu a jovem Paige.
“Nem ferrando!”
Paige olhava para ele se dirigindo até a bolsa e atirando no zumbi. No último disparo, a criatura caiu no chão. Como precaução, o bandido apertava no gatilho para ver se restava alguma bala no pente, e pelo som de cliques, sua TT-33 estava descarregada. O que restava era pegar sua bolsa e sair da cozinha.
Entretanto, quando a situação parecia sob controle, ele escuta vários sons surgindo do mesmo lugar que aquele apareceu. Sons de grunhidos e passos rastejantes no duto de ventilação. E para o espanto de Paige e do homem, eram incontáveis zumbis surgindo.
“Porra! Porra! Porra!” gritava o homem após recarregar sua arma de fogo e atirar nos zumbis que vinham.
Eram muitos para uma pessoa armada dar conta. E à medida que ele atirava, o pente de sua arma esvaziava depressa a ponto de deixá-lo indefeso contra aquela horda.
Ao pegar sua bolsa, ele correu para a porta a fim de escapar de vez. Em sua fuga, o homem tinha esperanças de poder sair do hospital infestado e achar um abrigo longe daqui. Entretanto, sentiu algo pegando na sua perna e o puxou a ponto de derrubá-lo.
“Não! Me soltem, seus filhos da puta!” gritava ele enquanto estava sendo puxado pelos zumbis.
Uma coisa estava certa que ele havia dito para Paige. Esta seria a única vez que ela viu seu rosto. E vendo aquela cena em que os zumbis devoravam a carne do assaltante, isso a deixaria aterrorizada pelo resto da vida.
“Não! Não! NÃÃÃÃOOOOO!!!” gritava ele ao ser devorado pelos zumbis.
Paige ficou assustada de ver tudo, e sem poder ajudá-lo, saiu correndo para fora do alcance da porta. Sozinha como antes, ela teria de achar um meio de escapar deste lugar. Sua mão retirava as lágrimas que caíam de seus olhos pelo susto que tomou da cena do homem sendo devorado vivo pelos zumbis.
“Eu tenho que sair daqui!”
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Ao sair correndo para uma outra sala, Paige estava desatenta com as outras direções de seu olhar, que em meio a fuga tropeçou num piso solto do corredor. Ela caiu no chão com força, o que tornava difícil para se levantar e poder continuar em sua fuga. Felizmente, não havia sinal de zumbis que estejam em sua perseguição, onde que era um certo sinal de alívio.
A garota tentava se recuperar da queda, e em meio a recuperação escutou o som de passos, vindos do lado esquerdo dela. Entretanto, o som desses passos era provocado por um objeto de metal tocando o piso vinílico do hospital. Precisamente, botas de metal como a de um cavaleiro medieval. Não podia ser de zumbis onde não há um que utilize esse tipo de calçado, mas também poderia alguém altamente perigoso de se confiar. Para Paige, era melhor se afastar à medida que puder. E para a sua surpresa, ela escuta o som de uma voz feminina, vindo daquela pessoa com botas metálicas.
“Olá! Tem alguém aqui?! Estou aqui para ajudar.” chamava essa pessoa.
Paige ficou espantada. Ela chamava alguém que estivesse vivo neste andar, ainda mais que tivesse intenções de ajudar. Mas diante daquele momento com o assaltante, poderia ser uma outra pessoa armada, usando disso como uma forma de mentira, esperando para enganá-la e despachar sua vida.
Aquela pessoa voltava a chamar por sobreviventes. E como não tinha muita opção, resolveu checar.
“Oi! Tem uma pessoa aqui, precisando de ajuda!” chamou Paige.
A resposta foi atendida. E quando aquela pessoa chegou para socorrê-la, Paige ficou surpresa por vê-la. Era uma jovem menina de quase a mesma idade que ela. Tinha um cabelo loiro, olhos prateados e pele meio branca. Seu uniforme consistia em uma camisa, capa e calça de fibra, e algumas peças de armadura, como um par de ombreiras, braceletes, botas, uma espécie da caixa de metal em suas costas na qual a capa está anexada, uma fivela de metal na frente de seu pescoço e várias placas em torno de sua cintura. E em sua mão direita estava uma longa e pesada espada.
Apesar do olhar dela apresentar uma certa surpresa, a guerreira de olhos prateados se aproximava da Paige para socorrê-la.
“Você está bem? Me deixe ajudá-la.” perguntou ela, estendendo sua mão para ajudar Paige.
“Eu… eu estou bem. Sim, eu aceito a sua ajuda.” respondeu Paige ao aceitar a ajuda da outra.
A jovem sobrevivente olhava para a guerreira de espada. Como uma jovem menina poderia carregar algo tão pesado como uma espada que requeira o manejo de duas mãos? Quem é ela? De onde veio e como foi parar aqui?
Diante dessas perguntas, Paige tornou a perguntá-las.
“Com licença…” chamou ela.
Aquele chamado atraiu a atenção da menina de espada grande.
“… quem é você?”
“Eu sou Priscila. Sou a nova guerreira da Organização que recebeu seu símbolo e posto de Número 2.” respondeu a menina chamada Priscila.
“Número 2? Por acaso você serve a um tipo de forças especiais?” perguntou Paige.
“Eu, não faço ideia do que está falando, mas imagino que esteja relacionado ao papel que nós desempenhamos.”
“Entendi.”
“E você? Como chama?”
“Paige.”
“Prazer em conhecê-la, Paige.” cumprimentou Priscila.
“Fico feliz em te conhecer também, Priscila.”
A jovem Priscila andava para um canto da sala com a espada na mão. Paige a acompanhou até onde estavam indo.
“Há outros sobreviventes por aqui?” perguntou Priscila enquanto vasculhava os outros cantos deste andar.
Aquela pergunta levava a Paige se lembrar daquele assaltante que a arrastou até a cozinha e depois foi atacado pelos zumbis. E como não havia mais ninguém que ela conheça ou tenha encontrado com vida neste hospital, respondeu que não.
“Não.”
“Nem nos demais andares deste hospital?”
“Não. Não havia mais alguém que eu tenha encontrado.”
“Entendo. Pelo visto, somos nós duas neste lugar.”
Ouvindo aquilo, Paige imaginava que este hospital estava deserto. Sem ninguém exceto elas. E como o apocalipse zumbi tomou conta do lugar, Paige e Priscila precisavam achar um meio de sobreviverem neste mundo desconhecido. Os corredores e as salas permaneciam arruinadas. Janelas quebradas, lâmpadas piscando, paredes arranhadas, chão e teto quebrados.
Enquanto andavam mais um pouco, Paige parou por um momento para descansar. Toda correria para escapar dos zumbis a deixava um pouco exausta. Percebeu que sua colega não acompanhava mais seus passos, Priscila resolveu atendê-la a fim de ficar perto dela no caso de algum perigo iminente.
“Paige, você está bem?” perguntou ela para sua protegida.
“Só estou um pouco cansada. Correr de um lado pro outro neste hospital não foi nada fácil. Especialmente quando está cheio de zumbis e mal ter acordado de uma cirurgia.”
“Cirurgia?”
Paige abriu uma porção da sua camisola para mostrar a atadura em seu peito para Priscila. Aos olhos dela, a faixa continuava firme no corpo, com poucas manchas de sangue.
“O que aconteceu com você?” perguntou Priscila enquanto olhava para a atadura e depois para a garota.
“Eu… eu não me lembro ao certo. Lembro de ter estado em algum tumulto e do nada, senti algo perfurando o meu peito. Uma bala.”
“Uma bala?”
“É um projétil de arma. Imagino que você é de um mundo com espadas, lanças e flechas.”
“A respeito do que você disse, faria sentido já que não conheço esse tipo de arma que você está falando.”
“Priscila, uma coisa que não consigo entender. Como foi que você veio parar aqui?”
“Eu? É uma longa história complicada.”
“Complicada? Como assim?”
“Eu estava numa missão de contenção de Yomas…” interrompida quando Paige virou a sua cabeça para trás.
“Você… você ouviu isso?!” perguntou a jovem moça assustada.
Priscila avançava um passo ao lado de Paige. Com o olhar fixo para onde elas tinham saído, avistam as sombras ganhando forma e tamanho à medida que se aproximavam da posição delas. Para o espanto delas, os zumbis chegaram e em hordas de porte médio, em torno de vinte e cinco a trinta e quatro. Para aqueles que não possuíssem meios de enfrentá-los seria o jeito perfeito para irem de encontro com a morte.
A guerreira desembainhou sua espada ao se colocar entre Paige e a horda.
“Priscila, são muitos deles!”
“Não se preocupe comigo, Paige. Vou protegê-la, não importa as adversidades.”
Foi neste momento que ela avançava neles com sua espada e dilacerava seus corpos. Paige ficou espantada ao ver a velocidade de combate da Priscila. Num segundo ela estaria atrás de um zumbi, erguendo sua espada da virilha até a cabeça, depois “desapareceria”. E no próximo segundo, ela estaria ao lado do outro zumbi, dilacerando a cabeça na linha dos olhos.
Em seguida, Paige virou seu olhar para a sua esquerda, e para o medo dela outra pequena horda de zumbis chegava do térreo e do estacionamento subterrâneo.
“Priscila!” chamou Paige assustada.
Quando ouviu a voz dela, Priscila ficou espantada pela nova horda. E ao finalizar a primeira onda, correu com toda sua força na direção deles. E novamente, balançava sua espada neles, golpeando-os em seus corpos.
Paige assistia aquela cena heroica de sua nova guardiã e acompanhante enfrentando os zumbis. Pedaços seus membros e corpos eram dilacerados pela pesada espada da Claymore, sangue pintava o chão e paredes de vermelho e apenas as duas moças eram as únicas coisas de pé naquele lugar aterrorizante.
Num único movimento, três zumbis foram decapitados pela espada de Priscila à medida que aquela horda sucumbia para a incrível força, agilidade e técnica de combate vindo daquela guerreira. Outros eram esmagados e trucidados de forma assustadora. E com o último zumbi dilacerado em duas partes, aquilo que Paige pode ver era um corredor vermelho repleto de carne partida e arruinada, e no meio daquilo era aquela garota loira de olhos prateados em sua postura triunfante, portando uma espada ensanguentada e com partes de seu uniforme manchado de sangue.
“Incrível. Eu… eu nunca tinha visto alguém tão bom quanto ela.” pensava Paige ainda olhando para Priscila.
A jovem guerreira balançava sua espada em direção aos corpos para tirar o sangue que restava na lâmina. Em seguida, guardava na transportadora em suas costas. Ao retomar seu olhar em Paige, Priscila se aproximava dela para certificar se estava bem.
“Paige, você está bem?” perguntou ela.
“Eu… eu estou bem. Obrigada Priscila.” respondeu Paige, sorrindo pela coragem da outra.
“Fico feliz em saber. Venha, vamos sair daqui.”
Priscila ajudou Paige a se levantar e ambas partem em direção à saída do hospital. Não perdiam tempo por nada quando as hordas naquele lugar foram contidas por uma força imbatível que a guerreira possuía para proteger sua aliada. E ao chegarem na recepção do térreo, as portas estavam abertas para Paige e Priscila atravessarem e se aventurarem no desconhecido.
Por mais que o mundo tenha mudado devido ao apocalipse zumbi e o que tiver de sobreviventes esteja espalhado em grupos menores ou maiores, as duas garotas estão determinadas em enfrentar os obstáculos que surgirem no caminho delas pela sobrevivência. Pois elas são as duas sobreviventes, e lutarão lado a lado até encontrarem um abrigo.
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